É normal que jogos como Salt and Sacrifice, afaste os jogadores mais casuais logo de cara, poucos retornam para dar uma segunda chance, jogamos a sequência de um jogo que podemos dizer ser de um nicho específico. Salt adn Sacrifice é um soulslike em 2d, que vai dividir os fãs do primeiro jogo.
O afobado início do game
Geralmente ao sermos apresentados aos jogos que não contam muito a história de seus mundos, somos levados por grandes narrativas em suas intros, algo que explique o mínimo que você precisa saber para não ficar flutuando durante todo o jogo, aqui a gente tem uma apresentação rápida e que deixa mais perguntas do que respostas, tão cedo já estamos na seleção de personagem, que semelhante ao Dark Souls, é dividida por classes, gênero, podemos escolher qual item vamos começar, nome, cabelo etc.
De todas essas opções, as únicas que vão de fato atrapalhar em sua gameplay, são os itens iniciais e a classe, que poderá ser moldada de acordo com seu gosto.
Ao chegar no que seria nosso santuário, lá estão os principais NPC’s, que vão nos ajudar com a forja de armas, produção de itens, e onde vamos viajar para os demais mapas, para realizarmos as missões e prosseguirmos no jogo, o visual do jogo não mudou muito, as animações são simples e o design dos personagens também, nada muito rebuscado, ainda assim é um jogo que tem sua marca, mas em termos de evolução, não houve um grande avenço, é quase imperceptível as mudanças.
Logo de cara o que mais agrada é o combate, os comandos respondem bem e as variações de combos dão um tom a mais ao jogo, é possível coletar itens que serão usados na convecção de itens novos, esses usados para atacar inimigos, são machados, poções mágicas e flechas, muitos tiram muita vida e são úteis contra os chefes.
Algo similar com Bloodborne foi feito aqui, as frutas coletadas no cenário, serão transformadas remédio toda vez que você descansar nas pedras de nascimentos, e caso não haja suficiente, um número limitado de frascos, mas elas estão espalhadas por todo o mapa e sempre voltam quando morremos ou viajamos para de um mapa ao outro.
Um dos pontos negativos desse início de jogo, é o fato de que a viagem é muito problemática, já que o jogo conta com uma dificuldade elevada, ao voltarmos para o santuário, não é possível escolher a pedra de nascimento do mapa que escolhemos ir, sempre vamos para a primeira pedra, isso impede que seja rápida a transição em áreas importantes, obrigando o jogador percorrer o caminho já explorado, por mais que haja atalhos, isso gera uma frustração desnecessária.
O objetivo principal do jogo é derrotar os grandes magos, é necessária uma certa quantidade de magos caídos para prosseguir por portas que só são abertas dessa forma, cada grande mago deixa um coração e cada porta pede que o jogador tenha consumido um número específico de corações. A luta contra esses inimigos, são bastante divertidas, começam com uma caçada e em determinado ponto a luta terá seu ápice.
Outros chefes são os que estão espalhados pelo mapa, esses beiram o ridículo em níveis de dificuldade, são altamente resistentes e os golpes praticamente fatais tornam a luta desbalanceada. Não sei se a ideia dos desenvolvedores foi forçar o farm de level ou se realmente pesaram a mão no abismo entre os chefes, há um na segunda fase, que o dano que ele dá em você é três vezes maior do que o que podemos infligir nele.
As fases são curtas, mas repletas de caminhos secretos, e armadilhas, o soulslike aqui está presente em massa, porém as maiores influências vêm dos metrodivania, além do jogo ser plataforma, alguns inimigos nos dão itens que servem para ajudar na progressão pelo cenário, e eles vem bem no começo da jornada, facilitando de certa forma algumas partes.
Melhorando o que já era bom
Para pontuar as melhores coisas, devo dizer que é impressionante a capacidade que esses jogos têm de trazerem trilhas sonoras épicas para os jogos desse gênero, as batalhas de chefes perderiam metade de seu brilho com a ausência delas, aqui as composições estão impecáveis. Outro aspecto positivo é a possibilidade de jogar com outro jogador, o que facilita a exploração e a luta com inimigos mais apelões. De certo modo, Salt and Sacrifice não manchou seu antecessor, mas faltou polimento em outros fatores já citados.
Além disso, os designs dos chefes está de cair o queixo, são personagens bem-feitos e que não destoam do universo, os magos ou os demônios que perambulam por ali, tem seu “charme”, o primeiro que nos ataca lembra um monstro da mitologia nórdica, que era tido como filho de Loki, já usado em alguns filmes de terror.
Uma sequência decepcionante
Mesmo sendo um jogo excelente (para os meus gostos), Salt And Sacrifice decepciona no que ele mais deveria ter acertado, é normal que algumas continuações reciclem algumas mecânicas de seus antecessores, um dos melhores exemplos disso é Elden Ring que está repleto de outras coisas da saga souls, o problema é quando ele não consegue evoluir o mínimo que seja para que se diferencie do outro jogo, quando olhamos para Sacrifice e pensamos em Sanctuary, é estranho pensar que algumas coisas eram melhores primeiro jogo do que nesse segundo, a começar pelos cenário, alguns são mais impressionantes no anterior, até mesmo a direção de arte fica para trás e pensar que foram anos até a sequência sair.
Comparar os dois não é algo desonesto, mas sim necessário, vamos pensar que o primeiro jogo foi elogiado por muitos, e esse dividiu opiniões, até mesmo eu que adorei Salt and Sacrifice, tenho que concordar que faltou um tempero a mais, em uma piadoca com o jogo, faltou sal.
E é triste ver algo que começou com uma proposta de criar o Dark Souls and 2d, se perder em um mar de ideias mal executadas, ainda mais quando nesse meio tempo, tivemos jogos como Hollow Knight, que deixam claro que esse estilo de jogo tem seu espaço, e se feito de maneira correta, marca os jogadores.
É necessário gostar muito do estilo para terminar a campanha, além dos aspectos técnicos e sua dificuldade inicial, essa falta de evolução é algo crucial para o jogo ter afastados os elogios que haviam sido dados anteriormente à franquia.
Quando o jogo parece que vai engrenar, a maioria pode se sentir cansado ou até mesmo nem perceber que ele engrenou de vez e já largar por ali mesmo, se ao menos houvessem momentos marcantes e se o level design tivesse sido trabalhado melhor, seria um atrativo, mas longe disso, a proposta de um jogo desafiador foi deixada apenas para a disparidade dos chefes.
E é ainda mais decepcionante, quando lembramos que as classes são muito diferentes entre si, assim como quase todos os soulslikes, cada uma tem suas particularidades, e as batalhas tomas rumos e estratégias diferentes com cada uma delas.
E mesmo com isso, a repetição das fases e as poucas inovações arrastam o jogo para a leva de jogos que serão esquecidos ou que será cultuado por uma parcela de gamers.
E por falar em classes, a progressão de personagem é um dos piores aspectos desse título, a árvore de habilidade poderia ser simplificada em aumentar atributos com seu sal, assim como no anterior, mas aqui devemos comprar pontos, e esses pontos serão distribuídos em uma das árvores de habilidades mais problemáticas que eu já vi, é uma confusão de informações, que facilmente você pode achar que está distribuindo para seu guerreiro, mas na verdade o caminho vai dar em habilidades de arqueiro.
Deixaram de lado a simplicidade, por algo complicado e sem sentido, ver aquelas linhas embaralhadas foi o começo da minha tristeza com o jogo.
É necessário lembrar que o game é uma obra indie, e que isso em nenhum momento tira a culpa de ter saído sem o sabor de tantos outros títulos indies que nos fazem tecer elogios, é apenas para lembrar que as vezes o amor pela obra esbarra em um momento não tão propicio, vale ressaltar que o criador da série, já trabalhou em outros jogos, em que ele eleva o nível de combate, deixando desafiador e extremamente divertido, talvez ele devesse ter esperado ainda mais para lançar o game, por mais polido que ele esteja, a falta de uma verdadeira novidade, ou superação ao Sanctuary, deixa um sabor amargo.
Por fim, a obra exerce um bom papel para os amentes de jogos desafiadores, com combates de chefes para arrancar os cabelos, mas para aqueles que esperam evoluções técnicas, visuais mais lapidados é melhor baixar as expectativas, seria bom testar outros jogos que serão lançados nos próximos meses, ou o que já estão entre os títulos desse ano, é quase que certo que algo lhe será mais divertido, principalmente no grupo dos indies.
– Essa análise foi feita com base em uma cópia cedida pela Ska Studios, agradecemos pela confiança em nossa equipe.