Mesmo vazando um dia antes de ser revelado, Hi-Fi Rush foi mais rápido do que as pessoas inclinadas a criticar a esmo nas redes sociais.
A primeira resposta das pessoas para este jogo pode ser morna por causa da semelhança artística com Sunset Overdrive, aquele jogo que correu para Spider Man poder voar. Esse jogo deveria ter uma edição física em sua estante ( não vai acontecer tão cedo para nós brasileiros, desculpe).
O jogo de maneira alguma refresca pelas suas mecânicas, que no máximo lembram o polimento dos jogos Platinum (quando ela acerta).
Isso poderia soar negativo, mas dentro do contexto de tanta qualidade geral que Hi-Fi Rush possui, todo artifício de gameplay que está extremamente bem acertado, utiliza o brilho reluzente da parte artística para ser a base que move a obra através de suas 8 ou 10 horas de duração.
Sendo um jogo sobre plataformas e coletáveis no momento A e arenas fechadas para batalha em momento B, seu tom sempre pra cima literalmente colore a experiência. Vamos quebrar bastante caixas e outros equipamentos de fábrica para coletar peças que servem de moeda na compra de novos golpes, especiais e itens consumíveis.
O grande diferencial de jogabilidade porém, se dará pelo fato de Hi-Fi Rush ser um brawler rítmico. E olha, isso não é a ideia mas original do mundo, pois tivemos bons jogos como o No Straight Roads recentemente, porém com certeza Hi-Fi Rush eleva a ideia e aperfeiçoa.
O pulsante mundo que sempre está ao ritmo de canções originais de rock e pop rock, se mostrará no ritmo em seus detalhes, como marquises e peças acompanhando a batida. Seu inimigos, seu andar, suas mãos, tudo no corpo de Chai e tudo o que ele enxerga estará em união com um ritmo. Se isso já o distancia como jogador, caso você ache que você não é bom de ritmo, não se preocupe.
Embora o jogo respire a música como atividade, é possível normalmente bater nos inimigos fora do ritmo, e esse fato automaticamente já retira as comparações feitas de Crypt of the Necrodancer com este jogo de imediato. O que acontece é que em termo de aproveitamento, Chai usará mais dano ao inimigos se os golpes forem executados no ritmo da música que estiver sendo tocada no momento.
No repertório de ações de seu personagem, estão coisas como o pulo duplo, e todos nós sabemos que um jogo que possui pulo duplo, já tem 50% de probabilidade de ser um jogo no mínimo decente.
Mas além disso, temos ataques fortes e fracos, combinações diferentes que podem ser compradas, e para uma execução perfeita, às vezes temos que respeitar a pausa no compasso antes de finalizar o combo. Também temos um botão de esquiva em forma de “rush”, além da possibilidade de dar um “rush” em pleno ar. Mecânicas vão sendo ativadas gradativamente ao longo do jogo, e isso vai preenchendo o seu controle até que esteja utilizando praticamente todos os botões. Uma das minhas adições favoritas é esse gancho que o leva até um inimigo mais distante, afim de manter o flow do ritmo e conseguir scores supremos (sim, teremos avaliações de sua performance – perceba o padrão Devl May Cry ou Bayonetta).
Mas você pode usar isto também para se safar com graciosidade de algum ataque carregado de algum inimigo espertinho. Claro, todas essas opções de ações do personagem poderão ser pedidas pelo jogo nas partes de travessia, em plataformas, etc. Além disso, está à sua disposição uma companion em forma de gato robô, que pode atirarem locais pontuais ou atrasar inimigos aéreos como parte da tática de batalha, por exemplo.
Onde eu quero direcionar meus comentários seria na movimentação utilizada através dos belos gráficos Cel Shading. É aí que temos um frescor técnico do qual eu sentia saudades. Do começo ao fim o jogo proporciona espanto na forma com que é animado, com a retirada artificial dos quadros de movimento, fazendo lembrar uma animação feita em papel, mais especificamente algo que lembra um anime premium ou um filme clássico 2D da Walt Disney. A beleza do jogo também está na linguagem corporal do protagonista, assim com a cascata de carisma nas feições faciais, pois pouco valeria se tivéssemos muitas expertise técnica e pouco conteúdo neste frasco.
O ponto máximo da reunião de jogabilidade, carisma e parte artística pode ser conferida durante as batalhas contra os bosses. A excitação aumenta por serem sessões recheadas de ação no limite, música licenciada (que pode ser removida para quem quer fazer streaming, substituindo por canções originais do jogo) e uma pitada de humor bobo que não deixa a peteca cair.
O que eu poderia reclamar desse jogo diz respeito a variedade de inimigos, que já são similares entre si, além da ambientação, que certamente poderia ser expandida para a cidade, e veja bem, eu não quero que seja um jogo de mundo aberto, mas sim que haja variedade além de espaços de uma grande corporação, embora Hi-Fi Rush oferecer uma das melhores ambientações de fábrica e linha de montagem em jogos de videogame.
Felizmente, com certeza o sucesso do jogo inspirará sequências e quase sem querer, o Xbox ganhou uma franquia com potencial de peso para navegar pelo mercado com orgulho e manter o equilíbrio de competidores das fatias.