Ao longo da última década, a AMD tem cativado muitos fãs ao redor do Brasil. Muito se deve à popularização dos seus processadores Ryzen, que aos poucos, foi se tornando peça corriqueira nos setups de muitos usuários que tem como objetivo, montar um PC Gamer.
Com a popularidade dos CPU’s da marca, consequentemente acontece a grande procura por placas-mãe com chipsets que dão suporte ao ecossistema da AMD. Já sendo uma marca muito forte e competitiva em diversos outros mercados, a cada ano que passa a AMD tem mostrado força dentro do Brasil, principalmente trazendo seus principais lançamentos para terras tupiniquins quase que simultaneamente com os lançamentos de forma global.
Outro ponto a ser citado sobre essa popularidade da AMD no Brasil, deve-se ao fato de a empresa ofertar componentes com um bom custo x benefício. Levando em consideração a situação econômica e social do Brasil, é normal que a maioria dos componentes de PC que são vendidos em nosso território, sejam peças de entrada ou intermediárias.
E foi aí onde a AMD se mostrou forte em relação ao seu principal concorrente, que são também tradicionais processadores da Intel, que por sua vez, não costumavam entregar o mesmo desempenho pelo mesmo custo de processadores AMD.
Aproveitando essa cordialidade dos fãs com a marca, a AMD já está trazendo para o Brasil os novos processadores Ryzen 9, Ryzen 7 e Ryzen 5, anunciados na CES 2023, em janeiro. Em 2022, a empresa já havia anunciado o seu mais novo chipset, o AM5, que já conta com placas-mãe disponíveis também no Brasil.
CPU | Núcleos/Threads | Cache total | Clock de aumento máximo | Clock Básico | TDP |
AMD Ryzen 9 7950X | 16/32 | 80 MB | 5,7 GHz | 4,5 GHz | 170 W |
AMD Ryzen 9 7900X | 12/24 | 76 MB | 5,6 GHz | 4,7 GHz | 170 W |
AMD Ryzen 7 7700X | 8/16 | 40 MB | 5,4 GHz | 4,5 GHz | 105 W |
AMD Ryzen 5 7600X | 6/12 | 38 MB | 5,3 GHz | 4,7 GHz | 105 W |
O Gamer Point teve a oportunidade de conversar com Artur de Oliveira e Alfredo Heiss, que fazem parte do time da AMD Brasil, para saber um pouco mais sobre esses lançamentos que a AMD está trazendo para o Brasil.
Confira abaixo alguns trechos da entrevista:
Qual é o grande salto que um usuário que está com placas-mãe AM4 terá quando fizer o upgrade para o AM5?
Resposta: Quando a gente lançou o AM4 lá em 2017, teve essa mesma questão. “Ah, por que eu vou migrar o AM4?” A maioria dos processadores era M3 Plus na época e teve todo esse diferencial. Por que migrar? Quando você fala em AM5, estamos falando da plataforma que vai liderar desempenho pelos próximos anos. Eu não estou falando apenas em 2023, estou falando em 2024, 2025 e mais. Por quê? Ela é uma plataforma que dá suporte a tecnologias que ou existem agora, mas não são usufruídas em pleno proveito ou ainda nem existem ainda, por assim falar. Então a gente está falando em plataformas DDR5, hoje o custo da memória DDR5 é maior. Para a gente ter um desempenho maior real, é recomendado DDR5 6000mhz para cima. A gente não vê essas frequências no dia a dia. E a gente tem suporte a PCI Express 5. Então, são tecnologias que a gente está mirando lá pra frente.
Como você enxerga que vai chegar esse chipset no mercado brasileiro e de que forma vai estar no varejo? Porque hoje, eu vejo também muita gente importando alguns componentes devido à falta de alguns modelos disponíveis no Brasil.
Resposta: Uma coisa até que é um ponto de orgulho para a AMD é que em todos os lançamentos desde 2019, a AMD já tinha clientes oferecendo o produto para o usuário final. Então hoje 100% dos processadores são importados, não importa o lançamento, o fabricante, 100% são importados por alguém. E no caso da série 7000 qual que é a nossa estratégia? Nós fizemos o lançamento, o ano passado da série 7000X, então são processadores com uma performance boa, então nós fizemos do Ryzen 5 ao Ryzen 9, nós lançamos quatro modelos, depois nós fizemos o lançamento da série 7000 sem o X e essa semana a gente fez o lançamento do 7000X 3D. E todos esses processadores no dia do lançamento já estavam disponíveis para o usuário final. Qual tem sido a nossa estratégia? A gente sabe da importância do custo da plataforma. Então hoje, um processador da série 7000 não é muito mais caro que um processador da série 5000. Mas ele esbarra na placa mãe, a memória e todos os agregados dessas novas tecnologias. Então o custo da plataforma é maior. A gente tem trabalhado muito forte com os fabricantes de motherboard, com os fabricantes de memória e a gente sabe que no segundo semestre nós já seremos muito mais competitivos com essa plataforma. Ela é uma transição lenta, nós continuamos dando suporte para a série 5000 e para a série 4000, suporte integral, seja de fornecimento, seja de correção, atualização de BIOS, seja de suporte com os fabricantes de placa mãe. Então, a transição da plataforma M4 para a plataforma M5, ela é muito lenta em função da longevidade que a gente prevê com a série 5000. Com a AM5. Então a gente não está fazendo um processador, uma plataforma que em um ano eu vou matar para trazer uma nova. Então, essa transição está sendo bem tranquila, mas hoje o usuário do Brasil tem acesso a todo e qualquer modelo da série 7000.
A AMD anunciou na CES os processadores com 3D V-Cache, eu gostaria que você explicasse um pouco mais sobre essa novidade na indústria da tecnologia como um todo e qual o real uso que o usuário final terá na prática?
Resposta: Quando nós fizemos o lançamento do 5800X 3D, foi uma revolução no mercado, porque todo mundo falava no empilhamento do cache. Mas ninguém conseguiu fazer isso com a capacidade que a AMD teve. Então, o que a gente faz? A gente consegue colocar mais memória cache no processador sem mudar a altura dele. E sem gerar um consumo alto de energia. Por quê? Porque quando você trabalha com uma tecnologia que o contato desse novo cache adicional com o processador ele é muito eficiente, eu não perco em performance, eu não perco em performance e eu não tenho geração de calor. Então essa tecnologia é totalmente inovadora. O 5800X3D até o lançamento da série 7000X3D eu podia afirmar tranquilamente que para o gamer ele era o melhor processador. Porque quem precisa de cache é o gamer e faz edição de imagem e vídeo. Então para o usuário final, o ganho de performance em streaming e em jogo é fenomenal. Quando lançamos o 5800X3D nós falamos em mais de 37% de ganho. E sobre a série 7000, o ganho tem sido maior ainda. Então isso é uma coisa que a AMD tem se preocupado muito. Não é uma performance bruta, é uma performance onde eu consigo equilibrar o consumo de energia. Por quê? Porque toda a arquitetura rodando em 5 nanômetros permite que a gente tenha esse gerenciamento da performance e do consumo de energia.
Ao se falar sobre cache, controle de TDP e personalização, muitos usuários mais avançados se animam por saber que é possível fazer o uso de overclock e de criar perfis personalizados. Como você enxerga essa prática nos novos processadores?
Resposta: Quando você vai para o lado do usuário que quer explorar o máximo do processador, então ele vai usar todo cache, todo clock do processador e ele sabe que vai gera consumo e aquecimento, e ele precisa estar preparado pra isso. O que a gente sempre faz de comparativo é, se você pegar a série 7000 e setar para que ela rode com um TDP baixo, ela entrega muito mais performance do que a série 5000. Então, se você tem um maior processador, aí é claro que você tem um aumento no consumo de energia. Isso é inevitável. A questão toda é você poder gerenciar. Se você quer explorar o máximo de performance ou você quer ter uma performance muito superior em relação ao concorrente ou em relação às gerações anteriores, tendo um controle no consumo de energia.
Devido aos problemas de falta de estoque global na indústria de componentes para PC durante e após a pandemia da COVID-19, muitos usuários tiveram que comprar os produtos em seu lançamento para não correr o risco de não tê-los mais em estoque. Como está a situação atual do estoque da AMD, principalmente no Brasil? Os usuários que preferem se programar para fazer o upgrade, podem ficar tranquilos?
Resposta: As placas-mãe se você quiser receber essa semana, você recebe. Claro que daqui até o final do ano, a disponibilidade vai ser bem maior. E há também uma questão, que a gente sabe que é a queda do preço. Então hoje a Série 5000, é uma série que tem 5 anos. Então você imagina que todos os fabricantes de placa mãe já pagaram todo o desenvolvimento da plataforma, já tiveram aí um bom retorno, tanto eles como a AMD, e a gente consegue trabalhar com uma competitividade muito grande. Então muitas vezes eu vi alguns usuários comparando o preço da série 7000 com o preço da série 5000. E há sim uma diferença grande, muito mais pela infraestrutura em torno da série 7000 do que pelo processador. Então daqui até o final do ano a gente entende que vai haver sim uma redução no custo dessa solução. Então quem está esperando para o final do ano, com certeza será uma compra muito boa. Já desde o início do ano passado, nós não tivemos mais nenhum problema de fornecimento. Então qualquer processador AMD que você queira ter hoje, que faz parte da linha atual, seja da série 4000, 5000 e agora 7000, você encontra sem nenhum problema.
Sabemos que a AMD está presente em várias lojas ao redor do Brasil. Mas muitos optam por importar algum processador. Caso exista algum problema, a AMD dará o suporte ao usuário que comprou aqui ou fora do país?
Resposta: Nós temos aqui os processadores chamados de ‘processador in a box’, que é aquele que o usuário compra na caixinha com o cooler, todos eles têm três anos de garantia. Aqui no Brasil eles são feitos através do revendedor. Então você comprou no revendedor, você teve algum problema, você vai lá e faz a troca. Caso contrário, ele tem o site da AMD, ele entra lá e faz o processo. O nosso índice de problemas com processador é muito, muito baixo, é abaixo de 0,3%. Para você ter uma ideia, quando o mercado faz uma análise de importação, por exemplo, de placa mãe, muitas vezes se importa o dobro de placa mãe do que processador. Por quê? Porque a vida útil do processador é muito longa. Mas caso o usuário tenha comprado fora do Brasil, veio para o Brasil e teve algum problema, através do site da AMD ele consegue exercer aí a sua garantia.
Para finalizar: sabendo que o Brasil é um mercado muito grande e estando atuando há tantos anos, como a AMD Internacional enxerga o público brasileiro?
Resposta: O Brasil é uma região muito importante para a AMD, a gente ainda tem bastante espaço para crescer. Nós nos preocupamos muito com a forma que o produto chega no usuário final. Então a nossa parceria com os grandes revendedores e distribuidores é algo que a gente toma bastante cuidado. Alguns aspectos fogem do nosso controle, como a variação cambial e o modelo de importação. Mas a precificação que é feita aqui no Brasil não é algo que nós interferimos. Isso é 100% uma atribuição do canal, mas a gente para ter uma precificação e um modelo de importação e uma disponibilidade adequada, a gente trabalha hoje com os melhores distribuidores e revendedores. O Brasil, no segmento de desktop components, entendemos que nós temos uma participação muito grande, a gente sabe da importância hoje da AMD para esse canal, por isso que a gente procura ter uma comunicação adequada, procurando desenvolver conteúdo que ajude a decisão do usuário. Hoje, quando o usuário vai comprar algum produto, ele já sabe quais são os canais que ele tem que pesquisar, ele já sabe quais são as fontes confiáveis para ele buscar a informação na hora de da decisão da compra.