Alan Wake retorna aos holofotes após um hiato de 13 anos com a chegada de Alan Wake 2, uma continuação do primeiro jogo. Alan Wake, agora, está preso no Lugar Obscuro, após um confronto com uma força sobrenatural na cidade de Bright Falls. Seu principal objetivo é fugir dessa dimensão e usa seus conhecimentos como escritor para escrever histórias de terror e moldar a realidade, descobrindo uma saída.

Além de Alan Wake, surge a agente do FBI Saga Anderson, que encontra as histórias de Alan Wake e tenta solucionar assassinatos envolvidos em rituais misteriosos. Os contos de Alan descrevem as mortes, tornando Alan um potencial suspeito.

Resumindo a história

O jogo, infelizmente, não aborda de forma aprofundada os acontecimentos anteriores e o universo de Alan Wake, que possui ligações também com o jogo Control, que se passa no mesmo universo e na mesma linha temporal. Na época a Remedy Entertainment, além dos documentos encontrados em Control, lançou um DLC conectando ambos os jogos, cujo título era AWE.

Vamos ao resumo, necessário para seu entendimento e abordagem do universo de Alan Wake 2: Alan Wake viajou para uma cidade chamada Bright Falls no primeiro jogo, com um lago servindo como portal para uma dimensão alternativa. Lá, uma entidade chamada Presença Sombria atuava com o lago chamado Cauldron Lake, permitindo que os manuscritos de Alan Wake virassem uma realidade. Durante a história do jogo, Alan lutava contra pessoas de Bright Falls e objetos até então possuídos pela Presença Sombria, além de tentar salvar sua esposa que havia desaparecido.

Para derrotar os possuídos, usamos a luz, pois os mesmos deixam de ser sombra e assumem um formato físico. No final do jogo, Alan Wake percebe que precisava levar a luz para Cauldron Lake, com o personagem pulando no lago com um interruptor. Descobrimos em Control, que o interruptor é um objeto de poder. Documentos no jogo apontavam que Alan estava desaparecido, com muitos acreditando que estava morto. No DLC AWE, fomos informados que a presença sombria não se limita ao Cauldron Lake. Durante um momento no DLC, Jesse acaba se deparando com sombras, usando a luz para derrotá-las.

Uma abordagem assustadora

Considero a Remedy Entertainment e seus jogos mestres em manipular o psicológico de jogadores, direcionando seus instintos aos questionamentos da realidade, aumentando a busca por respostas e perguntas sobre o que realmente está ao nosso redor. Muitos de seus mundos virtualmente criados possuem uma aura exótica. Alan Wake, por exemplo, encontra-se preso em uma história de sua própria criação, com transformações em sua personalidade associados ao seu alter ego, Scratch.

Saga Anderson encontra-se na cidade de Bright Falls, atuando em um assassinato ritualístico. Os dois elementos associam-se para um universo sobrenatural cheio de cultos, enganos e ligações com outros universos, com forças sombrias reescrevendo ambas as realidades, proporcionando constantemente a sensação de insegurança, medo e terror. O auge do terror de sobrevivência é muito mais evidente em Alan Wake 2, imprimindo uma experiência digna de destaque entre os melhores jogos do gênero, com humildade, diria que poderia facilmente, superá-los.

Tudo soa familiar para jogadores que tiveram a oportunidade de jogar o primeiro título, da mesma forma que a trama surpreende contendo elementos adicionais. Saga é recepcionada de forma crível na cidade, onde a primeira impressão inicial que fica é de um grande quebra-cabeças de investigações e dados sobrenaturais que estão por vir, com a névoa ainda pairando Saga e os demais. Boa parte de nosso tempo é gasto em conversas, antes de abordagens em modo solitário através das florestas. O foco é a coleta de evidências e o fato de ter que lidar com inimigos misteriosos em confrontos que podem arrepiar os mais medrosos.

As criaturas sombrias agora são fragmentos do que foram no passado, porém, são desafiadoras e ferozes, com combates agressivos, aumentando a dificuldade principalmente pelo uso limitado de munição e recursos, mantendo o jogador sempre no limite. Alan Wake 2 não se trata apenas de combate, com a busca de itens, colecionáveis, documentos e puzzles sempre presentes. Nossa sanidade e segurança permanecem apenas em salas seguras iluminadas com uma luz ofuscante, onde inimigos não conseguem entrar. A sensação de claustrofobia é enraizada em nosso ser, junto ao temor constante.

Alan Wake 2 brilha nos momentos de exploração, com o uso da intuição. A área onde os pensamentos de Saga se encontram e suas análises atuam como conectores, permitem que linhas de pensamento e pistas sejam interligadas, com pistas adicionais surgindo até que o raciocínio seja concluído. É um esforço contínuo para decifrar o que parece indecifrável, o trabalho executado no painel é impressionante.

Saga Anderson e Alan Wake

Após um determinado ponto do jogo podemos alternar entre as realidades de Alan Wake e Saga Anderson, tornando o jogo realmente criativo. Alan, que está preso no Lugar Obscuro, é constantemente caçado por uma força ameaçadora. Locais do seu passado retornam à medida que novas missões surgem, com ele se aproximando cada vez mais da ruptura da realidade que se encontra, demonstrando que as amarras estão desmoronando.  Sua ferramenta é uma lâmpada, que com a fonte de luz ideal, pode mudar o ambiente para algo inédito, liberando puzzles excelentes, liberando itens e acessos.

Como dominante em um universo o qual tem influência, ele pode entrar em na Sala dos Escritores, onde será forçado a escrever a mesma história até criar uma que possa tirá-lo da realidade que se encontra. Nesse momento, recebemos quatro opções distintas, que podem ser transformadas. Novos inimigos, puzzles, itens para coleção, todos surgem com a combinação correta.  São inúmeras possibilidades em nossas mãos, fornecendo uma atmosfera palpável e utilizando um level design excepcional, com a mudança de ambientes que conhecemos em ambientes sombrios, pavorosos e magnéticos de se navegar.

Já a Saga Aderson, em seu “mundo real”, não deixa de vivenciar e proporcionar momentos realmente inquietantes.  São diversas pistas e locais para investigação, proporcionando até mesmo momentos em que o jogador fica perdido em meio a tantas opções. O combate tem o refino necessário, com Saga utilizando itens conhecidos como pistola, espingarda, lanterna e demais itens, com a cura sendo realizada com itens de saúde (analgésicos, kits de primeiros socorros, etc…)

Um espetáculo visual

Visualmente, o jogo é absolutamente impressionante, com uma fidelidade visual incrível, vislumbradas através de montanhas, que incluem fauna e flora detalhadas, igualmente marcantes são os locais mundanos como uma cafeteria ou um centro de bem-estar. Até as pequenas locações que Saga consegue entrar possuem detalhes e vida, com a iluminação de sua lanterna revelando ainda mais características, simplesmente um exemplo de um belo desenvolvimento e dedicação por parte da Remedy.

O modo é notável, com taxas de quadro constantes, já o modo desempenho sacrifica um pouco da parte gráfica, com quadros ganhando mais espaço e uma melhor performance. Tudo parece estável, com o recurso adicional do DualSense imprimindo a sensação de imersão excelente na experiência. Tudo é enriquecedor e aprimorado, lindamente aprimorado e moldado como deveria ser.

O design de áudio é impactante, com todos os ruídos, falas, a trilha sonora, o murmúrio que escutamos constantemente, tudo deixa a nós, jogadores, inquietos e desconfortáveis.

Alan Wake 2 ultrapassa limites e fornece uma experiência única, assustadora e avassaladora, com uma mistura criativa ousada e impressionante. É um jogo que demonstra o potencial da nova geração de consoles e PC, um exemplo de como um título pode ser bem desenvolvido e elaborado sem a necessidade de lançamentos aleatórios e problemáticos. Alan e Saga proporcionam uma jornada repleta de elementos em camadas, com resultado final que é um primor.

Um dos melhores jogos de terror e sobrevivência que tive a oportunidade de experimentar na vida. Alan Wake 2 marcará gerações e proporciona um espetáculo assustador formidável. Em nossa realidade, Alan Wake sobreviverá por muito tempo!

Nota
Geral
9.5
alan-wake-2Alan Wake 2 é o exemplo insuperável sobre como um jogo deve ser desenvolvido. Apresenta um impacto que perpetuará durante os anos por vir, proporcionando uma experiência única, criativa, assustadora, cujas camadas vão além de sua própria realidade. A sensação proporcionada é espetacular, mantendo jogadores imersos, assustados e ativos, a todo momento.