Anthology of Fear, publicado pela Ultimate Games e desenvolvido pelas OnDeer Studio/200 Games, é um jogo em primeira pessoa com elementos de suspense e terror, cujo protagonista procura por seu irmão desaparecido. Após inúmeras tentativas de busca sem sucesso, partimos por uma jornada de investigação, explorando locais cuja linearidade torna a ambientação assustadora. Ao explorar um hospital abandonado, descobrimos o passado e as pessoas associadas a ele, indicando que os perigos existentes vão além do imaginado.

Quando se trata de jogos nesse estilo, a primeira memória associada é a sensação de medo e tensão que tais gêneros infligem em nossas emoções, levantando questionamentos sobre o que é de fato, um processo sobrenatural ou algo apenas existente em nossa imaginação. Ao observar o mundo através dos olhos de um personagem, ocorrem experiências muitas vezes angustiantes, onde o medo é uma constante e não apenas um momento isolado.

Sem sombra de dúvidas, a imersão é o fator chave para a imersão do jogador na perspectiva adotada, abordando um cenário e visão que perpetuam a sensação de vulnerabilidade e exposição a perigo constante, cujas ameaças sequer são conhecidas. Um ambiente com pouca luz, um som estranho, a sensação de estar sendo observado ou até mesmo perseguido, é a criação da atmosfera perfeita para o estilo de jogo. O aspecto psicológico também desempenha um papel importante, com temas abordados com frequência como: loucura, paranoia e perda de controle emocional.

Esse tipo de seguimento de jogos atrai um público ávido por adrenalina ao enfrentar o desconhecido, superar todos os desafios propostos e demonstrar que é capaz de administrar seu psicológico ao se deparar com “personagens” cuja única intenção é manipular ao máximo suas decisões. Dentro do avanço tecnológico, desenvolvedores criam experiências cada vez mais realistas, principalmente quando se trata do design do jogo, elevando ainda mais o nível de situações que envolvam o jogador em seus medos mais profundos.

O Medo

Anthology of Fear é um jogo que foca em uma ambientação repleta de puzzles, linearidade e o estilo em primeira pessoa. A história é dividida em capítulos, implementados em locais diferentes e pessoas diferentes. O primeiro protagonista assume a investigação e procura seu irmão Nate, com pistas levando a uma clínica onde o irmão era tratado. Fica evidente a abordagem de exploração, entrando em diversas salas, resolvendo puzzles e avançando na história com as pistas adquiridas. O segundo capítulo, tem como cenário uma casa e a protagonista é uma mãe atormentada por algo desconhecido, que a repreende por ter maltratado o filho.

A forma como as histórias são abordadas combinam a tensão e o clichê muitas vezes já datados em jogos de terror. A primeira história certamente é a mais previsível, onde descobrimos que a experiência não é bem o que imaginávamos. O ritmo exige um processo mais lento de exploração por parte do jogador, juntando peças da história.  A segunda história trata de elementos mais pesados, com tópicos que remetem a depressão, suicídio e culpa, inseridas na narrativa geral, o que, sinceramente, considero o destaque do jogo.

Mecânica de jogo

Associada a história, o processo de movimentação, de ação e principalmente, a iluminação é muito boa. No entanto não existe uma mecânica diversificada, limitando-se ao básico.  Assim que se inicia o controle do personagem, temos um pequeno tutorial que explica como verificar nossas anotações pessoais, como interagir com o ambiente e o uso da lanterna. As anotações pessoais são compostas por dados dos objetivos os quais devemos cumprir para prosseguir na história, servindo de orientação para o jogador.

Olhando para certos itens do cenário, visualizamos dicas disponíveis em texto e a interação com objetos revela itens que são úteis para abrir uma porta ou ter acesso a uma sala específica com o uso de um cartão. Colecionáveis também ficam dispostos em locais estratégicos, cujo cenário requer um bom senso de localização por parte do jogador. Afinal, apesar da linearidade, tratam-se de corredores e salas para serem exploradas, que levam a demais corredores e outras ambientações.

O título acerta ao entregar uma tradução aceitável para o PT-BR, auxiliando jogadores na leitura de conteúdos que agregam valor de imersão ao jogo. No entanto, trata-se de um jogo evidentemente realizado sob um baixo custo de produção.

No quesito combate, algo raro, as situações são bem pontuais, na maior parte do tempo nosso papel é apenas localizar um ponto onde se esconder, como no caso de armários. Esses momentos são roteirizados e não existe algo perseguindo nosso protagonista de fato, apenas indicando que o mesmo deve ser realizado.

Visualmente, apesar do desenvolvimento limitado, Anthology of Fear atinge, até certo ponto, um nível aceitável gráfico, cujos ambientes possuem riqueza de detalhes, ressaltados pelo sistema de iluminação que proporciona a sensação correta de realismo. Não espere por gráficos espetaculares e uma variedade de ambientes. O título é limitado. Em se tratando da dublagem, é excelente e os efeitos sonoros ambientais ajudam a complementar a imersão.

Use a mente

Os puzzles são simples, localizados pelo cenário, em alguns momentos associados a um objeto correto para a realização da tarefa ou a disposição de objetos nos locais corretos, apontados em pistas e instruções. Não são frequentes no jogo, com a maioria surgindo apenas com o progresso no jogo.

Vale a pena jogar Anthology of Fear?

Anthology of Fear proporciona uma experiência mista e limitada. Apesar da atmosfera que realmente consegue imprimir a tensão necessária, parece adotar a mesma fórmula de jogos conhecidos, sem inovar ou se destacar. Não é uma experiência original, desafiante, repleta de conteúdos e tudo que se espera de jogos de terror.

A ausência de inimigos desafiadores, o uso básico de jumpscares, tudo imprime a ideia cujo foco é apenas uma experiência imersiva em um ambiente teoricamente controlado, onde nosso psicológico é capaz de criar coisas onde elas não existem, comparo a ida em um trem-fantasma de parque, sabendo que você pode tomar algum susto ocasional. Vale a pena a tentativa se você apoia o conteúdo de criadores indie. Caso contrário, existem outros títulos no mercado certamente mais atrativos!

Uma key foi concedida pela Ultimate Games para o teste do jogo no PS5. 

Nota
Geral
5.0
anthology-of-fearAnthology of Fear copia o existente e entrega um conteúdo limitado, que teria potencial para ser mais bem otimizado e desenvolvido. Apesar do visual que surpreende para um título indie, a falta de desafios torna a imersão monótona, associada a pequenos momentos potenciais para sustos que sequer cumprem o trabalho que deveriam.