Banishers: Ghosts of New Eden é a nova aposta da DON’T NOD, sempre focada em manter a intensidade narrativa em seu auge. Dessa vez, utilizando uma estrutura já conhecida, com elementos multifacetados, mais maduros e ricos, o estúdio consegue atingir o esperado?
A história é forte e predominante em boa parte do jogo, alternando entre momentos investigativos, diálogos substanciais e o combate, presente no confronto contra espíritos diversos. O casal de protagonistas, Red Mc Raith e Antea Duarte são uma espécie de purificadores, caçadores de espíritos com habilidades sobrenaturais que revogam maldições atreladas ao mundo espiritual, utilizando rituais poderosos. No processo, protegem os vivos e afastam almas teimosas que insistem em ameaçar a linha entre vida e morte.
Frequentemente passamos por situações cujo dualismo inusitado pega a nós, jogadores, de surpresa e esse processo surge continuamente durante o arco da aventura, principalmente após uma tragédia em que Antea está envolvida. Nesse momento, surge o primeiro dilema que causa turbulências na vida do casal, já que o objetivo de ambos sempre foi o foco na expurgação e restabelecer a paz no mundo dos vivos. Red precisa decidir entre fornecer a paz para sua amada ou ressuscitá-la, sacrificando vidas humanas no processo.
Histórias e investigações
As opções disponíveis em Banishers: Ghosts of New Eden nunca traçam um caminho linear, já que durante os diversos casos propostos, temos a opção de agir de forma diferente, no entanto, em momentos cruciais, somos encurralados pelo destino, sem chances de aberturas e atalhos. O título executa um trabalho excelente ao plantar a “semente” da dúvida. Percorremos diferentes regiões, lidando com os poucos cidadãos em pequenas aldeias, observando a narrativa onde nada é o que parece ser e nossas decisões no final das investigações tornam a escolha duvidosa. Condenar indivíduos por seus atos monstruosos ou observar que tal ato foi movido por algo racional, o qual devemos ponderar?
São tantas nuances, tantos tons nebulosos e tantos personagens autênticos, sempre divisivos. Se um determinado caso for fácil, basta encontrar cartas antigas, objetos, questionar fantasmas e observamos inversões de perspectiva, até mesmo a descoberta de verdades ocultas e detalhes que não podemos negligenciar. Red pode atuar de forma clássica e Antea de forma sobrenatural, observando algo além da visão e dos sentidos humanos. Em conjunto, podemos alternar entre os personagens, reconstituindo acontecimentos e encerrando casos da maneira mais adequada, sempre lembrando que nossas ações influenciam o destino final.
Optando pela escolha razoável, permitimos a ascensão de um fantasma ressentido. Caso a opção seja algo mais radical, expurgamos o fantasma rumo a condenação ou a eliminação de um humano. Em casos complexos, mesmo após a decisão final, uma pergunta fica impregnada na mente: “Minha atitude foi a mais correta? Deveria ter condenado outro?”
Confrontos sobrenaturais
Conforme mencionado acima, Banishers: Ghosts of New Eden é um jogo cuja narrativa é intensa, presente e de alto nível, em um mundo autêntico envolto em personagens críveis. Engloba temas sociais, políticos e humanos. Desde abusos, passando pela violência, algumas injustiças sociais, todos adaptados ao contexto histórico e social da época (final de 1600). Da mesma forma, quando abordamos as dinâmicas de lutas, não observo algo original. O sistema de combate é bem rígido, muito pouco fluído, além do bloqueio que nem sempre funciona como deveria. Existe a sensação constante que algo deveria ser mais fluído, com capacidade de resposta muito maior. O trunfo está na capacidade de alternar entre Red e Antea, cada um possuindo habilidades e peculiaridades. Red infringe ataques com espadas leves e pesadas, além de atirar com seu rifle. Já Antea pode atacar com as mãos e tira vantagem de seus poderes espirituais, infligindo danos elevados.
Ataques e exploração
O sistema de combate insere trocas rápidas e múltiplos ataques, afetados pela execução lenta das ações, interferindo na jogabilidade no auge da batalha. Nesse momento, o melhor é somente partir para a esquiva, rolar ou lidar com a situação em uma abordagem mais calma. Os fantasmas abordam vários assuntos, desde ciúmes a escravidão. Toda escolha tem um peso no jogo e Banishers: Ghosts of New Eden entrega cinco finais diferentes, sempre pautados no efeito cumulativo de suas decisões anteriores.
Inimigos (fantasmas/espectros) possuem formas e tamanhos diferentes. Alguns são fracos, meio cinza e efetuam ataques mais simples. Eles ficam mais perigosos quando assumem um corpo, como de um soldado que irá desferir golpe forte. Alguns fantasmas realizam ataques à distância e disparam projéteis. Fantasmas com tonalidade azul são ágeis e os maiores, possuem uma potência de ataque superior. Certos inimigos são imunes aos ataques de Antea e Red, exigindo que se alterne entre os dois protagonistas. Não espere por uma grande variedade de inimigos, dando um tom repetitivo ao longo do jogo.
Já o mundo de Banishers: Ghosts of New Eden é semiaberto para explorar, cujo escopo é satisfatório. São biomas sempre envolto em tons mais sombrios, desde pântanos escuros, passando por encostas. Da mesma forma, encontramos materiais de artesanato para atualizar nosso equipamento, além de várias atividades paralelas que ficam espalhadas pelo mapa, contendo arenas de combate e missões opcionais, girando em torno de morte ou coleta. Não são obrigatórias e podem ser facilmente ignoradas. Ao avançar no jogo, desbloqueamos mais habilidades e acessamos parte do mapa antes inacessível, garantindo assim a exploração por novas recompensas.
Banishers: Ghosts of New Eden é um mundo belo e tecnicamente, limitado.
Banishers: Ghosts of New Eden possui dois modos gráficos no PS5. Por experiência própria, geralmente nunca recomendo o modo qualidade, pois o mesmo sacrifica a taxa de quadros. Optando pelo modo desempenho, o jogo mantém sua performance, com poucas quedas de frame aqui e ali, principalmente entrando em grandes áreas. O uso do Unreal Engine 5 no desenvolvimento, certamente ajudou bastante no mundo desenvolvido. Porém, existem diversas imperfeições no acabamento, em animações faciais, contrárias ao nível esperado para um título da DON’T NOD. Em ocasiões aleatórias, durante conversas, a música era interrompida bruscamente, deixando a ação sem sentido.
Vale a Pena jogar Banishers: Ghosts of New Eden?
Banishers: Ghosts of New Eden é um jogo maduro, envolto em uma grande narrativa englobando temas importantes. Entrega uma atmosfera sombria e sobrenatural, sempre impulsionando jogadores adiante e lidando com escolhas difíceis, um primor. No entanto, perde o potencial ao apresentar um sistema de combate limitado, sem grandes inovações, além de pequenos detalhes técnicos que poderiam ser evitados com polimentos mais precisos.
O título pode não agradar no quesito combate, algo importante para boa parte do público que não se importa muito com narrativas. Em suma, se você conhece a DON’T NOD, sabe o que esperar… portanto, recomendo que siga adiante e experimente o jogo, pois são poucos os títulos que realmente te levam a questionar tantas sensações e dinâmicas em um só lugar.
Por fim, a Focus Entertainment concedeu key para o teste do jogo no PS5.