Primordialmente, preciso dizer que, sim, o game que revolucionou um gênero, o pai do Survival Horror (horror de sobrevivência) está de volta. Alone In The Dark, finalmente, faz a sua estreia mundial no dia 20 de Março de 2024, desta vez como um remake (uma releitura ou reimaginação se preferir) do clássico de 1992. O título chega às seguintes plataformas: Microsoft Windows (PC), Xbox Series X / Series S e PlayStation 5; ou seja, apenas na nova geração.

OBS: Muito obrigado ao pessoal da THQ Nordic (distribuidora) que nos forneceu uma key (chave) do game de maneira antecipada, assim, possibilitando este review. Muito obrigado por confiar em nosso trabalho!

Em Alone In The Dark (Remake), os jogadores irão assumir o papel do detetive particular Edward Carnby ou da cliente Emily Hartwood (fica à preferência do jogador). Ambos embarcam em uma jornada desesperada, uma jornada rumo à loucura! Revisite a mansão (casarão) Derceto, nessa releitura do jogo clássico (e emblemático) que forjou os pilares do Survival Horror (horror de sobrevivência), e desvende os mistérios desse lugar amaldiçoado.

Redescubra o que é o “medo” e o que é o “terror psicológico”, nesta homenagem, nesta carta de amor às “raízes do Survival Horror”! Pensada por Mikael Hedberg, o escritor aclamado por trás de clássicos de horror moderno como “SOMA” e “Amnesia: The Dark Descent” está obra, com fortes inspirações nos contos de H.P. Lovecraft, é essencial para fãs de histórias macabras, exploração estressante e combate desesperado. O Pai do Survival Horror está de volta!

Logo, confira abaixo nossa gameplay inicial de 37 minutos (sem comentários) de “Alone In The Dark” no PC:

Aviso Importante

O site Gamer Point atualmente conta com um número interessante de autores; os mesmos atuam de maneira livre em artigos autorais, notícias (games e tecnologia), previews, e reviews. Falando única e exclusivamente por mim, gostaria de deixar claro que não compactuo com a prática de spoilers em meus artigos, previews e reviews. Portanto, leiam tranquilamente, pois, este review, mesmo contendo muitos detalhes, não apresenta informações de enredo (história) que possam prejudicar a sua experiência.

Sweet Home

Para começar, preciso explicar algo muito importante! Os fãs mais fervorosos do gênero Survival Horror devem estar se perguntando neste exato momento: “Mas Alone In The Dark não é o pai do Survival Horror! O game Sweet Home veio primeiro, não veio?”. Sim meus caros, o game Sweet Home veio primeiro (em 15 de dezembro de 1989), lançado para o Nintendo Entertainment System (abreviado como NES; popularmente chamado de Nintendinho no Brasil) ou, melhor ainda, o famoso Famicom. No entanto, o título é oficialmente reconhecido pelo gênero Role-Playing Game (Jogo narrativo e de interpretação de papéis), apesar de trazer vários dos elementos de terror que serviram de base na criação do Survival Horror propriamente dito.

Enfim, foi somente com a revolução de Alone In The Dark que o gênero ficou conhecido mundialmente. Elementos como câmeras fixas, personagens poligonais, jump scares, puzzles (enigmas), terror psicológico, backtracking (quando precisamos voltar para resolver um enigma que não conseguíamos antes, por exemplo), exploração, gerenciamento de recursos e sobrevivência ao desespero, esses elementos culminaram em um gênero maravilhoso, esses elementos forjaram Alone In The Dark!

OBS: Anos depois (em 1996 para ser mais específico) o game Sweet Home, bem como Alone In The Dark, serviria de inspiração para o surgimento de outra franquia. Nascia “Resident Evil”! Franquia que revolucionária mais uma vez o gênero Survival Horror, o trazendo para um novo patamar e assumindo o trono de rei.

O Pai do Survival Horror Está de Volta!

Sobretudo, esqueça os gráficos pixelados do clássico de 1992, na verdade, esqueça tudo visto antes na franquia! O pessoal da Pieces Interactive, responsáveis pelo desenvolvimento do game, utilizou todo o poder da Unreal Engine 4 para trazer algo nunca antes visto no universo de Alone In The Dark. Às câmeras fixas e personagens poligonais deram lugar à câmera sobre os ombros do (da) protagonista e aos personagens (modelos) completamente em 3D; do mesmo modo que os atuais remakes (Resident Evil 2, 3 e 4, por exemplo) andam fazendo. Essa nova perspectiva, por si só, traz uma nova roupagem, uma nova abordagem ao título.

Além disso, os desenvolvedores, definitivamente, conseguiram manter o core (núcleo), o feeling (sentimento), a essência que o original tinha. Os climas de terror e tensão estão muito mais presentes nessa versão, graças ao poder da tecnologia aplicada (tanto visual quanto sonora). Ainda mais com relação ao áudio e trilha sonora que eu vou deixar para falar mais abaixo (no tópico Beleza Mórbida). Poder reexplorar Derceto nunca foi tão assustador e estressante (em um bom sentido); elementos como jump scares, puzzles, terror psicológico, backtracking, exploração, gerenciamento de recursos e sobrevivência ao desespero, retornam com tudo!

Os desenvolvedores haviam prometido que o game seria baseado em puzzles e eles cumpriram, existem desafios a todo o momento durante a gameplay. Inclusive, alguns deles são bem complexos e difíceis de achar a solução. Esse pode ser um ponto negativo para quem não curte a dinâmica.

OBS: As legendas em Português PT-BR são muito boas e ajudam a compreender o jogo no geral, porém, em um puzzle específico (não vou citar qual para evitar spoilers) elas estão traduzidas (localizadas) com um contexto diferente do proposto e isso torna impossível a solução do mesmo. Recomendo que resolvam se baseando na escrita em inglês (no idioma inglês).

Assim sendo, tudo aquilo que os fãs mais fervorosos do gênero (e da franquia) queriam, está presente! Contudo, o pessoal da Pieces Interactive ainda encontrou espaços para melhorias e novidades. Os controles modernos são um bom exemplo. Eles são gostosos, leves e fáceis de entender, essa nova abordagem de Alone In The Dark está extremamente satisfatória! O mapeamento dos botões está perfeito! Outro ponto legal de ressaltar é que alguns puzzles, bem como alguns elementos da narrativa (história), são novos! E esses fatores não alteram a fidelidade à obra original que foi seguida à risca!

Digno de Hollywood!

Um dos pontos mais legais do jogo foi a introdução de alguns artistas renomados em sua concepção (criação). Como eu já havia citado à cima, Mikael Hedberg, o escritor aclamado por trás de clássicos de horror moderno como “SOMA” e “Amnesia: The Dark Descent” (ambos da Frictional Games) é quem assina o roteiro. Para dar suporte a Mikael, ninguém menos que Guy Davis! Guy, o criador de sua própria série de quadrinhos “The Marquis” e lendário designer de monstros de Guillermo del Toro, foi recrutado para criar (projetar) os designs dos monstros apresentados (presentes) no game.

Por último, mas não menos importante, temos que reverenciar os atores David Harbour (de Stranger Things e Black Widow) e Jodie Comer (de Killing Eve e Free Guy). Ambos entraram de cabeça no projeto e trouxeram todo o seu talento na bagagem! Ou seja, além da atuação impecável (e todo o trabalho de MOCap – Motion Capture ou captura de movimentos em português), eles ainda emprestaram a aparência e suas vozes! O trabalho dos dois como os protagonistas Edward Carnby (David Harbour) e Emily Hartwood (Jodie Comer) é simplesmente fantástico!

Terror Lovecraftiano

H.P. Lovecraft (ou Howard Phillips Lovecraft) foi um escritor (autor) americano que baseava suas obras no estranho, na ciência, na fantasia e na ficção de horror (no horror cósmico). Ele nasceu em 20 de Agosto de 1890 e morreu em 15 de Março de 1937 (aos 46 anos). Durante sua vida (e por meio de suas obras magníficas), H.P. Lovecraft criou o que seria um dos maiores universos compartilhados (de horror, terror psicológico, ciência e medo do desconhecido) de todos os tempos, criou uma das maiores mitologias que a humanidade já teve, o “Cthulhu Mythos”.

Contudo, apesar de existirem inúmeras obras desse universo tão grande, misterioso, intrigante e maravilhoso, de longe, “The Call of Cthulhu” é uma das mais reconhecidas e importantes. E é aqui que o caminho de Alone In The Dark começa a ser pavimentado, pois, o criador da franquia, Frédérick Raynal (que era muito fã de filmes de terror), baseou a narrativa (história ou enredo) do game original de 1992 no “Cthulhu Mythos”.

Desde então, temos inúmeros títulos da franquia (Alone In The Dark) com diferentes temas e abordagens, no entanto, um fato que nunca muda é a inspiração (a paixão) pelo universo de H.P. Lovecraft. Resumindo, esse remake mantém a fórmula de sucesso e nos brinda com muitos momentos dignos do “Cthulhu Mythos”!

OBS: Uma curiosidade interessante é o sobrenome do detetive particular Edward Carnby que é uma referência a John Carnby, um personagem presente no conto “Return of The Sorcerer” (Retorno do Feiticeiro) do universo “Cthulhu Mythos”.

Beleza Mórbida

Outros dois pontos que se destacam, sem sombra de dúvidas, são os gráficos e o áudio/trilha sonora desse remake! Ambos estão perfeitos! Com relação aos gráficos, temos a maior evolução visual da franquia, a maior evolução que a Unreal Engine 4 poderia proporcionar. Os designs de personagens (modelos 3D e expressões), personagens no geral (incluindo os monstros), bem como os dos cenários, estão incríveis! Se compararmos com o jogo de 1992 é algo surreal! Nem parece um remake do mesmo jogo, apesar de a atmosfera (clima) e muitos elementos remeterem ao clássico.

Assim como, o áudio (trilha sonora) que também mostra a que veio. É um show à parte! Desde as músicas (que estão com uma pegada clássica bem legal, respeitando a época em que o game é retratado), sons/ruídos (sons de ambiente), até jump scares. Tudo funciona muito bem e aprimora a atmosfera de tensão, de horror, de sobrevivência desesperada, além é claro, de realçar a pegada (estilo) “Southern Gothic” que os desenvolvedores queriam passar (aliás, eles passaram essa vibe com sucesso)! Em suma, tudo isso só foi possível graças a Jason Köhnen, a lenda do Doom Jazz (estilo musical), que nos proporciona o melhor de suas melodias misteriosas e assustadoras.

Otimização e Desempenho

A respeito do desempenho de Alone In The Dark, o game está fluindo muito bem; vale ressaltar que eu joguei a versão de PC. Além de não encontrar problemas de queda de frames e nada de bugs (mesmo os mais leves), eu também não tive problemas de crashes. No geral, o desempenho do jogo está muito bom e vocês não devem esperar maiores problemas.

OBS: Claro que para tirar o melhor proveito do título, ter em posse uma boa SSD é recomendado!

Requisitos do Sistema

Mínimos:

  • Requer um processador e sistema operacional de 64 bits.
  • SO: Windows 10, 64 Bit.
  • Processador: Ryzen 3 3100 / Core i3-8300.
  • Memória: 8 GB de RAM.
  • Placa de vídeo: GeForce GTX 1050 Ti / Radeon RX 570.
  • DirectX: Versão 12.
  • Armazenamento: 50 GB de espaço disponível.
  • Outras observações: SSD recomendada.

Recomendados:

  • Requer um processador e sistema operacional de 64 bits.
  • SO: Windows 10, 64 Bit.
  • Processador: Ryzen 7 3700X / Core i5-12400.
  • Memória: 16 GB de RAM.
  • Placa de vídeo: GeForce RTX 2060 / Radeon RX 5700 XT.
  • DirectX: Versão 12.
  • Armazenamento: 50 GB de espaço disponível.
  • Outras observações: SSD recomendada.

Pontos Fortes e Pontos Fracos

Pontos Fortes:

  1. A narrativa/história (criada e pensada por Mikael Hedberg) é muito boa.
  2. Gráficos, no geral, muito bons.
  3. Legendas em PT-BR.
  4. Ainda nas legendas, outro ponto interessante é que elas destacam palavras importantes em textos. Aliás, essa é uma boa dica hein, rsrsrs. Prestem atenção!
  5. Muito gerenciamento de recursos, uma vez que os mesmos são bem escassos.
  6. Atmosfera (clima) de tensão e horror muito bons.
  7. Muitos puzzles (enigmas)! Na verdade, o game é completamente baseado neles.
  8. Temos bastante backtracking.
  9. Elementos como sobrevivência ao desespero e exploração estressante estão muito presentes.
  10. Ótima atuação de David Harbour (como Edward Carnby) e Jodie Comer (como Emily Hartwood).
  11. Inclusive, aqui também temos um ótimo trabalho de MOCap (o que ressalta a movimentação, animações e expressões dos personagens).
  12. Os controles modernos de Alone In The Dark são ótimos.
  13. Os designs dos monstros são incríveis! Trabalho impecável de Guy Davis.
  14. Jason Köhnen, a lenda do Doom Jazz, nos brinda com uma trilha sonora fantástica e de arrepiar.
  15. São cerca de 6 há 10 horas de gameplay para terminar a campanha, no entanto,  temos dois protagonistas e cada qual com a sua história. Para termos a experiência completa, que os desenvolvedores pensaram, é preciso terminar a campanha com os dois protagonistas.

Pontos Fracos:

  1. As legendas em Português PT-BR são muito boas e ajudam a compreender o jogo no geral, porém, em um puzzle específico (não vou citar qual para evitar spoilers) elas estão traduzidas (localizadas) com um contexto diferente do proposto e isso torna impossível a solução do mesmo. Recomendo que resolvam se baseando na escrita em inglês (no idioma inglês).
  2. Como de costume, faltou uma Dublagem em PT-BR para ficar perfeito.
  3. Pelo fato de o game ser baseado em puzzles (um atrás do outro), para aqueles que não apreciam a dinâmica isso pode ser um problema.

Considerações Finais

Em conclusão, esse remake de Alone In The Dark é muito bem-vindo! Ele é tudo o que os fãs da franquia precisavam (queriam)! O pessoal da Pieces Interactive conseguiu trazer um trabalho excelente! Desde ás atuações, gráficos e atmosfera, até a gameplay e trilha sonora, tudo funciona muito bem.

Além disso, esse game é essencial (obrigatório) para todos os amantes de Survival Horror, assim como eu. Já estou ansioso para ver o que eles têm planejado para futuros novos remakes da franquia. Ainda mais, ressalto aqui que “Alone In The Dark: The New Nightmare” é minha entrada favorita da franquia e eu surtaria se anunciassem algo relacionado a ele, porém, existem outros títulos antes.

Nota
Geral
9.0
alone-in-the-dark-2024Esse remake de Alone In The Dark é muito bem-vindo! Ele é tudo o que os fãs da franquia precisavam (queriam)! O pessoal da Pieces Interactive conseguiu trazer um trabalho excelente! Desde ás atuações, gráficos e atmosfera, até a gameplay e trilha sonora, tudo funciona muito bem.