Desenvolvido pela A44 Games e distribuído pela Kepler Interactive, Flintlock: The Siege of Dawn chega com a promessa de ser um novo soulslike desafiador. Mas será que ele realmente cumpre o que promete?
Uma História de Deuses e Erros
A trama de Flintlock: The Siege of Dawn começa com uma invasão de mortos-vivos, onde conhecemos nossa protagonista, Nor Vanek, uma integrante do exército da Aliança. O jogo nos coloca no meio de uma missão para destruir uma proteção, que acaba por liberar deuses que desejam a destruição. Nor Vanek enfrenta uma criatura temível e, após a derrota de toda a sua guarnição, acorda em uma caverna misteriosa com o deus Enki. Juntos, eles têm o objetivo de corrigir o erro de quebrar a proteção e eliminar todos os deuses.
Infelizmente, a protagonista Nor Vanek não possui um carisma que fez bastante falta. Não consegui me conectar com ela e, em certos momentos, senti certo desgosto da personagem pelos motivos, mesmo recebendo ajuda de Enki, que é, aliás, o único personagem que se salva. Os personagens secundários e NPCs também não ajudam a melhorar a situação. Eles são, em sua maioria, irrelevantes e esquecíveis, sem nenhum impacto significativo na história ou na experiência do jogo. Mesmo assim, é uma pena que o restante dos personagens não consiga ter uma personalidade marcante.
Mecânicas Soulslike: Um Tiro no Pé?
Embora Flintlock se diga um soulslike, a execução não foi tão bem executada. Há poucos momentos de dificuldade, especialmente contra os chefes, mas não espere a mesma intensidade de desafio encontrada em outros jogos do gênero. Isso acaba sendo um ponto negativo significativo.
Por outro lado, a gameplay tem seu destaque em alguns aspectos. O sistema de combate é variado, com uma grande quantidade de combos e finalizações, além de várias combinações de builds que mantêm a jogabilidade interessante. No entanto, a campanha principal dura apenas cerca de 15 horas, claro dependendo de como você avança pela exploração e alguns encontros, o que pode ser decepcionante para alguns jogadores.
Além disso, a mecânica de “desviar” é particularmente problemática, apresentando um delay que pode ser frustrante durante combates intensos, que eu sinceramente, não senti falta alguma durante a gameplay, pois o parry funciona muito bem. Apesar disso, o sistema de builds e a variedade de combinações possíveis mantêm a gameplay interessante por algum tempo, mesmo o game sendo relativamente curto.
O sistema de crafting em Flintlock é outra área que deixa a desejar. Coletar recursos nos mapas para melhorar armas e equipamentos é uma tarefa exaustiva e, muitas vezes, inútil. A exploração, que deveria ser um ponto forte em um jogo deste tipo, acaba se tornando tediosa e pouco recompensadora. A falta de incentivos para explorar novos cenários e buscar recompensas torna essa parte do jogo uma experiência que não pode agradar muitas pessoas, e se torna cansativo, o que me deu uma sensação, de terminar a campanha o mais rápido possível.
A variedade de inimigos em Flintlock é muito pouca e decepcionante. Muitos inimigos têm mecânicas muito parecidas com outros inimigos, o que resulta em combates repetitivos e pouco desafiadores. Isso é um problema significativo em um jogo que deveria se destacar pelo desafio e pela variedade de encontros. No entanto, as lutas contra chefes e algumas cinemáticas são visualmente muito boas e bem executadas, oferecendo momentos de diversão. Infelizmente, o chefe final é surpreendentemente fácil, diminuindo ainda mais o impacto do jogo.
Gráficos e Trilha Sonora: Um Mundo Vivo
Visualmente, Flintlock é um jogo bonito. As paisagens são bem elaboradas e o mundo realmente parece vivo e detalhado. Mesmo com alguns defeitos visuais quase imperceptíveis, o impacto geral é positivo. O design dos mapas, embora linear e limitado a cerca de três áreas principais, consegue criar uma sensação de imersão.
A trilha sonora, por outro lado, é competente, mas não memorável. As músicas combinam relativamente bem com o ambiente do jogo, mas não são do tipo que você vai querer adicionar à sua playlist pessoal.
Desempenho
Os requisitos recomendados para Flintlock são relativamente altos, sugerindo uma experiência de jogo rica em detalhes e complexidade gráfica. No entanto, a realidade pode ser bem diferente. Em meu sistema com Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, a experiência foi mista. Embora o jogo rodasse bem na maior parte do tempo, enfrentei problemas sérios de crash, especialmente durante a introdução.
O uso do DLSS 3 ajudou a melhorar a performance, mas também intensificou os crashes, obrigando-me a jogar sem o frame generation. Com o frame generation desligado, consegui rodar o jogo com todas as configurações no máximo, mantendo uma taxa de quadros entre 70 e 80 fps em 1080p. Com o frame generation ligado, a taxa subiu para cerca de 100 fps, mas os crashes constantes tornaram essa opção inviável. Além disso, a gameplay parecia um pouco travada, faltando a fluidez necessária para um jogo desse tipo.
Os requisitos recomendados para Flintlock são:
- Processador: Intel Core i7-8700K / AMD Ryzen 5 3600X
- Memória: 16 GB de RAM
- Placa de vídeo: GTX 2060 Super / Radeon RX 5700 / Intel Arc A750 (8GB+ RAM)
Conclusão
Flintlock: The Siege of Dawn apresenta uma premissa interessante e visuais impressionantes, mas falha em entregar uma experiência soulslike desafiadora e envolvente. A falta de carisma da protagonista, o sistema de crafting desinteressante e os problemas técnicos comprometem o potencial do jogo. No entanto, a gameplay variada e o desfecho satisfatório oferecem alguns momentos de diversão. Se você está procurando um soulslike realmente desafiador, talvez seja melhor procurar em outro lugar.