Quando a Massive Entertainment, subsidiária da Ubisoft, anunciou Star Wars Outlaws, minha ansiedade e curiosidade disparou. Finalmente, um jogo que prometia algo diferente no universo de Star Wars — um mundo aberto que não gira em torno dos Jedi ou da Força, mas sim de personagens comuns, em uma vibe semelhante a The Mandalorian. Esta mudança de foco era algo que eu ansiava há muito tempo, e não pude conter minha animação ao finalmente mergulhar neste universo que tanto amo.

Kay Vess: Uma Nova Protagonista em um Universo Familiar

Ao iniciar o jogo, fui imediatamente transportado para o universo criminoso de Star Wars, mas com uma perspectiva fresca e instigante. Kay Vess, a protagonista, rapidamente se mostrou uma personagem intrigante. Sua jornada começa em Canto Bight, onde ela, inicialmente uma ladra de baixa estirpe, é contratada para roubar o cofre do homem mais rico do planeta. Como era de se esperar, as coisas saem de controle, e Kay se vê em posse de uma nave antiga da Alta República, que a leva a uma fuga desesperada até Toshara. A premissa já era empolgante, mas foi o desejo de liberdade de Kay, e a perseguição por caçadores de recompensas, que realmente me prenderam na narrativa.

Ao longo de sua jornada, Kay Vess encontra uma oportunidade de ouro: roubar novamente o cofre daquele que a colocou em apuros, um cofre com o valor de 156 milhões de créditos. A trama é recheada de fan-service e referências sutis a filmes clássicos e novos, o que certamente agradará aos fãs. Admito que, apesar de não ter simpatizado com alguns personagens no início, aos poucos fui conquistado, até mesmo pela própria Kay. De alguma forma, a evolução dela ao longo da história ressoou comigo, e eu me vi totalmente investido em sua missão.

Um Mundo Vivo e Recompensador

Além da narrativa principal, Star Wars Outlaws se destaca pelas suas missões secundárias, que oferecem histórias bastante interessantes e, poucas vezes, enjoativas. Quando terminei a campanha, fiquei com uma sensação agridoce — aquela tristeza por ter acabado, mas também uma satisfação por ter explorado cada canto deste vasto universo. E o melhor de tudo: ainda há promessas de expansões futuras que irão trazer mais histórias e novos mapas para explorar.

A exploração é, sem dúvida, um dos pontos altos do jogo. Cada planeta, cada cidade e cada ruína está repleta de detalhes que fazem qualquer fã da franquia se sentir em casa. Não consegui resistir a tirar fotos no modo foto em cada novo local que descobria. Embora o modo foto careça de algumas funcionalidades, a beleza dos cenários compensa qualquer limitação técnica. Explorar é recompensador, não apenas pela nostalgia, mas também pelos recursos que você coleta para melhorar sua nave, o blaster e outros equipamentos.

Sobrevivendo como uma Fora-da-Lei

O combate em Star Wars Outlaws é uma experiência visceral e intensa. Como um personagem sem habilidades especiais, cada confronto é um teste de sobrevivência. Adorei a liberdade de escolha que o jogo oferece: você pode enfrentar inimigos corpo a corpo, com o blaster, usando o cenário a seu favor, ou até mesmo utilizando o adorável Nix para distrações e sabotagens. Nix, por sinal, é uma das criaturas mais carismáticas que já encontrei em um jogo. É impossível não se apaixonar por ele.

A furtividade, muitas vezes, é essencial, especialmente quando confrontado com inimigos formidáveis como os AT-STs ou os Death Troopers. Estes últimos, em particular, são extremamente difíceis de derrotar, o que me obrigou a pensar estrategicamente em cada movimento. E essa é uma das belezas do jogo: você sente o peso de ser um ser humano comum, sem poderes, e isso torna cada vitória ainda mais gratificante.

Entretanto, nem tudo é perfeito. A IA dos inimigos, em alguns momentos, foi insuficiente, o que comprometeu um pouco a imersão, especialmente nas seções furtivas. Mas, de forma geral, o combate é dinâmico e punitivo, oferecendo várias maneiras de abordar cada situação.

Kay Vess, como caçadora de recompensas em Star Wars Outlaws, me ofereceu a chance de realmente mergulhar nesse papel, aceitando trabalhos para diferentes facções e vendo como cada missão poderia trazer consequências ou benefícios. A cada decisão, eu sentia o peso das escolhas, pois sabia que tudo poderia impactar a jogabilidade de maneiras significativas. Muitas vezes, me vi não apenas como uma caçadora de recompensas, mas também como um verdadeiro “faz-tudo”, resolvendo os problemas dos outros e lidando com as situações mais variadas. Essa mecânica de trabalhos me envolveu tanto positivamente quanto negativamente, pois muitas decisões eu me arrependo, pois não tinha uma decisão que eu gostaria que tivesse, pois cada caminho que escolhi levou a um rumo diferente, tornando a experiência única.

Armas, Personalização e Veículos

O blaster é a ferramenta principal de Kay, e ele pode ser customizado e aprimorado ao longo do jogo. Desde tiros poderosos até disparos elétricos que desativam câmeras e droids, a versatilidade e utilidade do blaster é bastante interessante e obrigatória em quase todos os momentos. No entanto, a personalização do blaster é limitada a mudanças de cor, algo que achei um pouco decepcionante. Já os visuais de Kay oferecem mais variação, com diferentes trajes que não apenas mudam a cor, mas também o estilo da personagem.

Além do blaster, Kay também conta com um Speeder e a nave Trailblazer, ambos cruciais para a exploração dos mapas. As melhorias no Speeder incluem velocidade e salto, enquanto a nave pode ser equipada para combates espaciais, que, embora divertidos, não trazem nada de revolucionário em comparação a outros jogos do gênero.

Um aspecto que achei frustrante foi a impossibilidade de pegar veículos inimigos, algo que poderia ter adicionado uma camada extra de estratégia e liberdade ao jogo. No entanto, a manipulação dos NPCs durante as missões, como quando Kay tenta negociar pagamento antecipado apenas para ser enganada, adiciona uma camada de humor e charme ao jogo, lembrando-me das melhores interações de Han Solo.

Detalhes Técnicos e Performance

Joguei Star Wars Outlaws em um PC com as seguintes configurações:

  • Ryzen 5 3600
  • RTX 4060
  • 16GB de RAM Dual Channel 3200mhz
  • SSD NVMe

O desempenho foi aceitável, mas com algumas ressalvas. Como muitos lançamentos recentes, Outlaws depende fortemente do DLSS 3 e FSR 3 com frame generation para atingir um desempenho estável. Embora esses recursos ajudem, eles vêm acompanhados de problemas visuais que podem incomodar, como texturas que não carregam corretamente, forçando o fechamento e reabertura do jogo. Este problema foi particularmente notável ao saltar entre planetas. Um fator que pode atrapalhar a maioria dos jogadores, é que o uso de Ray Tracing é obrigatório.

Visualmente, Star Wars Outlaws é deslumbrante. Cada planeta tem uma estética única, com iluminação e paleta de cores que criam atmosferas distintas. No entanto, algumas áreas, como partes de Tatooine, parecem inacabadas, com texturas de baixa qualidade que se destacam negativamente. Felizmente, esses problemas não comprometem a jogabilidade de forma significativa.

A trilha sonora é, sem dúvida, um dos pontos mais altos do jogo. Em nível comparável ao trabalho de John Williams, a música captura perfeitamente a essência de Star Wars, fazendo com que cada momento do jogo ressoe emocionalmente com o jogador.

Infelizmente, Star Wars Outlaws não está livre de bugs. Em algumas ocasiões, meu Speeder ficou preso em objetos, forçando-me a usar a viagem rápida para escapar. Além disso, durante uma cena cinematográfica, um personagem com quem Kay estava conversando simplesmente desapareceu, deixando a interação estranhamente vazia. Esses problemas são irritantes, mas, felizmente, nenhum deles arruinou minha experiência geral com o jogo.

Uma Nova Esperança para os Fãs de Star Wars

Star Wars Outlaws não foi apenas um jogo para mim; foi uma experiência inesquecível que me levou a explorar uma galáxia que, embora familiar, me surpreendeu a cada curva. Viver essa aventura na pele de Kay Vess me fez perceber que, mesmo sem os poderes de um usuário da força, há muito o que conquistar e descobrir. Cada planeta visitado, cada inimigo enfrentado, foi um lembrete poderoso de que a verdadeira força não reside apenas em habilidades sobrenaturais, mas nas escolhas corajosas que fazemos e nas histórias que decidimos viver.

O que torna Star Wars Outlaws especial é essa habilidade de nos fazer sentir parte de algo maior, de nos envolver em uma narrativa que não se limita aos heróis tradicionais da franquia. Kay Vess é um exemplo brilhante disso, uma protagonista que, apesar de seus defeitos e limitações, me fez acreditar que podemos redefinir o que significa ser um herói em uma galáxia muito, muito distante. Star Wars Outlaws me ofereceu mais do que uma nova aventura — me deu uma nova perspectiva sobre um universo que sempre amei, provando que há sempre novas histórias para serem contadas e novos heróis a serem descobertos.

Nota
Geral
9.0
star-wars-outlawsMesmo com seus desafios técnicos e momentos de frustração, Star Wars Outlaws se destaca como uma experiência imperdível para qualquer fã da franquia. É uma lembrança de que, por trás de cada missão e cada decisão, existe um universo em constante expansão, esperando para ser explorado. Se você está disposto a embarcar nessa jornada, encontrará uma galáxia cheia de surpresas, pronta para recompensar sua coragem e curiosidade.