A Vingança de Cinderela (Cinderella’s Revenge) promete reinventar a história de Cinderela, mesclando elementos clássicos com terror em uma nova versão. Agora, a princesa, interpretada por Lauren Staerck, sofre um surto após inúmeras humilhações, trocando seus sapatos de cristal por uma máscara e elementos sangrentos de vingança, com a ajuda de sua Fada Madrinha.
O gênero de terror tem sido marcado por tendências nos últimos anos, e uma das mais recentes e controversas é a adaptação de personagens da mídia infantil para versões de terror. Polêmicas à parte, produções alternativas continuam surgindo e podem, sim, oferecer algo aceitável.
O título, por si só, pode afastar alguns fãs de clássicos do terror, além de o escopo visivelmente limitado pelo orçamento tornar o filme uma produção rápida. No entanto, ele perde em qualidade e nas escolhas de elenco. Existem filmes de baixo orçamento cujas ‘falhas’ costumo ignorar para tentar apenas apreciar a obra. No entanto, infelizmente, A Vingança de Cinderela não atinge o nível aceitável entre as produções menores.
Ideais confusas
Primeiro, há uma confusão de ideias que acaba levando o longa por caminhos indefinidos após a parte introdutória. As atuações de Beatrice Fletcher e Megan Purvis são limitadas, embora compensadas pela performance de Stephanie Lodge. Natasha Henstridge, a grande estrela do longa, convence como a Fada Madrinha, roubando as cenas enquanto está em tela. Além de levar Cinderela ao baile, ela torna seus desejos realidade, incluindo o desejo de vingança, ressentido pelo senso de injustiça. Sua influência torna Cinderela ainda mais vingativa, abraçando de vez a violência latente.
Esteticamente, nota-se o baixo investimento nos cenários e trajes adotados, sempre tentando compensar com mudanças entre cenários internos e externos, para aumentar a amplitude da produção. Elementos sexuais são expostos juntamente com o gore, numa tentativa de preencher lacunas e ressaltar a apreciação do público. No entanto, esses elementos não causam o efeito desejado, fazendo com que o longa gere risos sinceros pela ousadia. A violência e suas cenas sangrentas são boas e aceitáveis, considerando o orçamento limitado.
Um filme limitado
No final de A Vingança de Cinderela, fica a sensação de que o filme perde personalidade e deixa a impressão de que algo faltou. Talvez um equilíbrio melhor entre os elementos do clássico e a adaptação do gore, e, consequentemente, a vingança do título. Não há equilíbrio, o que compromete o objetivo final: tornar a obra aceitável e impactante.
A Vingança de Cinderela não é um filme recomendado para espectadores exigentes, em busca de um blockbuster de terror. Limita-se a um público seleto de fãs de filmes B, ansiosos por novas obras e apostas ousadas, sem se preocupar, particularmente, com a qualidade entregue, mas sim com os momentos inventivos adotados pelo roteiro e direção.