Frostpunk 2 não é um jogo que nos permite relaxar. Desde o primeiro momento em que entrei no devastador mundo pós-apocalíptico, fui jogado em um ambiente de extrema sobrevivência. A Terra foi dominada por uma nevasca perpétua, transformando tudo em um deserto congelado onde a vida humana quase se extinguiu.
Eu assumi o papel de um líder político em Nova Londres, e minha tarefa era manter essa cidade de pé em meio a uma crise sem precedentes. Ao contrário do que eu esperava de um jogo de sobrevivência, onde os recursos e a sobrevivência física seriam o foco principal, percebi rapidamente que a verdadeira luta era política – gerenciar os desejos e medos de uma população desesperada e dividida.
O trabalho que a 11 Bit Studios fez aqui é incrível. Desde o início, o sentimento de opressão e responsabilidade me atingiu em cheio. O frio e o desespero não são apenas estéticos; eles permeiam cada aspecto da jogabilidade. Sem ver uma única pessoa, apenas construções e estruturas, eu senti o peso de liderar uma população que estava à beira do colapso, e cada decisão parecia ter implicações reais. Como construir e gerir uma cidade em meio ao caos? A resposta, claro, é dolorosamente difícil.
Políticas em Meio à Tempestade
O que mais me fez sentir preso em Frostpunk 2 não foi apenas a luta pela sobrevivência, mas a forma como o jogo me fez encarar o papel de um verdadeiro político. O destino da minha cidade não dependia apenas da gestão de recursos, mas da maneira como eu conduzia as decisões políticas, mediando entre facções conflitantes e tentando manter a ordem em uma sociedade à beira do colapso. Decidir quem agradar e a que custo foi, de longe, a parte mais desafiadora.
Cada facção tem suas próprias crenças e interesses. Uma delas, por exemplo, acredita que a humanidade deve se adaptar ao frio e rejeitar o uso de aquecedores, preferindo viver em temperaturas extremas. Outras são compostas por fanáticos religiosos que acreditam que a sobrevivência está nas mãos de uma entidade superior. A medida que o tempo passa, novas facções vão surgindo, e eu me via no meio desse turbilhão de interesses e crenças, tomando decisões que, invariavelmente, deixavam alguém insatisfeito.
Como em qualquer sistema político, a liderança em Frostpunk 2 depende de votos. As leis que você deseja aprovar só passam se você tiver apoio político suficiente, o que significa que agradar as facções certas é essencial. Eu percebi rapidamente que, apesar de estar no comando, o jogo estava longe de ser uma simples experiência de tomada de decisão. Cada movimento político impactava profundamente o curso do jogo. As leis que aprovava, as facções que decidia apoiar, tudo influenciava na maneira como a população reagia a mim e, no final, no meu sucesso ou fracasso como líder.
Gerenciando o Caos
Além das questões políticas, havia a constante necessidade de gerenciar os recursos e garantir que a cidade de Nova Londres continuasse funcionando. O frio extremo afetava diretamente a saúde da população, e surtos de doenças eram frequentes. Eu precisava construir hospitais e estações de pesquisa para desenvolver tecnologias que ajudassem a melhorar as condições de vida. A coleta de recursos, como petróleo e carvão, era vital para manter a cidade aquecida e funcionando.
Outro aspecto que achei muito interessante foi a mecânica de estações climáticas. À medida que as estações do ano mudam, o frio aumenta ou diminui, e, em certos momentos, uma nevasca extrema pode atingir a cidade, trazendo um caos total. Quando isso acontecia, muitas vezes eu não estava preparado e, em várias ocasiões, perdi meu comando sobre Nova Londres. Se você cometer muitos erros, o conselho da cidade pode destituí-lo do cargo de “prefeito”, resultando em um game over.
A mecânica de exploração também traz uma dimensão extra ao jogo. Eu podia enviar exploradores para fora da cidade em busca de recursos adicionais, como petróleo e carvão, necessários para manter a cidade aquecida. Eles também podiam encontrar grupos de pessoas perdidas ou recursos essenciais para construir novas estruturas. Contudo, a criação de colônias fora de Nova Londres, em busca de recursos infinitos, às vezes parecia limitada, e eu me senti um pouco sobrecarregado com a quantidade de coisas que precisava gerenciar.
Uma Experiência de Isolamento e Frio
O clima de Frostpunk 2 é sem dúvida um dos seus pontos mais fortes. O frio, a solidão e a sensação de desespero são transmitidas de maneira impressionante. A trilha sonora colabora com essa atmosfera, criando uma sensação de urgência e isolamento que me deixou tenso durante os primeiros momentos do jogo. A solidão era quase palpável, e os momentos de silêncio, intercalados com a música sombria, reforçavam essa ideia de que eu estava sozinho em meio a um mundo congelado e sem esperança.
Visualmente, o jogo também impressiona. Embora as construções não sejam tão detalhadas quanto em outros jogos de estratégia, a estética “punk” é muito bem implementada. A paisagem gelada, com suas estruturas industriais e o vapor subindo dos geradores, cria uma atmosfera única. Apesar de tudo parecer árido e desolador, havia uma beleza na forma como o jogo retratava a luta pela sobrevivência.
Desempenho
Tecnicamente, Frostpunk 2 se mostrou bastante pesado, embora exigente. Rodei o jogo com todas as configurações no máximo e consegui uma média de 50-60 FPS, graças ao DLSS 3. O uso de tecnologias como o Upscaling e o Frame Generation da NVIDIA foi obrigatória para garantir uma experiência fluida, especialmente nas partes mais pesadas do jogo, como as nevascas intensas. Mesmo com uma taxa de quadros de 30 FPS, o jogo permaneceu jogável e responsivo, o que é crucial em um título de estratégia onde cada decisão conta.
Configurações usadas:
- Ryzen 5 3600
- RTX 4060
- 2×8 GB Ram 3200MHz
Felizmente, durante meu tempo com o jogo, não encontrei grandes bugs que atrapalhassem a jogabilidade, exceto por um pequeno problema em que algumas linhas de texto apareciam em código, o que foi apenas um incômodo temporário.
O Desafio de Liderar no Fim do Mundo
Frostpunk 2 não é apenas um jogo sobre sobrevivência física – é um jogo sobre o peso da liderança em tempos de crise. A mistura de mecânicas políticas, decisões difíceis e a luta constante contra o frio criam uma experiência única e profundamente imersiva. A pressão de agradar as facções, lidar com a moralidade das leis que aprovo e gerenciar uma população desesperada e dividida me fez questionar constantemente minhas escolhas.
Cada sessão que eu tive de Frostpunk 2 me fez refletir sobre o que significa realmente liderar, sobre a dificuldade de tomar decisões impopulares, mas necessárias, e sobre o impacto de cada escolha. No final, não se trata apenas de manter uma cidade viva em um mundo congelado. Trata-se de como a liderança pode moldar o futuro da humanidade – para o bem ou para o mal.