Ao iniciar Sengoku Dynasty, senti que estava prestes a viver uma jornada completamente fora do comum. Este jogo não me deu apenas a tarefa de construir e sobreviver, mas me colocou no papel de alguém que precisa prosperar em um Japão feudal assolado por conflitos entre clãs e as mudanças constantes. Desenvolvido pela Superkami e publicado pela Toplitz Productions, o jogo traz uma experiência de sobrevivência: ele pede que eu compreenda e respeite o ritmo da natureza e os valores de uma época marcada por tradição, honra e o constante equilíbrio entre vida e morte.
Logo nos primeiros momentos, me vi fascinado pela diversidade de escolha, pelo impacto das estações e pela profundidade dos sistemas de construção e combate. O que me provou que não é o típico jogo de gestão ou RPG; Sengoku Dynasty transforma cada estação do ano, cada papel que assumo e cada desafio em um verdadeiro teste de estratégia e adaptação. Desde a primeira cena, ficou claro que eu não estava simplesmente jogando, mas vivendo uma experiência que evoca um tempo em que cada decisão poderia definir a sobrevivência – ou a ruína.
Infinitas Possibilidades
Um dos aspectos que mais me surpreendeu foi que temos que seguir diversos caminhos para avançar no jogo. Inicialmente, parecia que eu estava apenas construindo uma vila, mas rapidamente percebi que havia muito mais em jogo. Escolher entre ser um líder, artesão, guerreiro ou monge molda profundamente minha experiência, não apenas em termos de habilidades, mas também na forma como interajo com o mundo e as pessoas ao meu redor.
Como líder, tive que lidar com alianças e diplomacia, uma tarefa delicada que exigia observar as motivações de outros personagens e negociar benefícios para minha vila. Se decido focar no lado artesão, a responsabilidade se torna desenvolver a vila fisicamente, criando estruturas e equipamentos que sustentem o povo. Ser guerreiro me coloca no papel de protetor, e isso me levou a aprender técnicas de combate específicas – um caminho que envolve enfrentar ameaças de clãs rivais e defender a vila com armas como katanas e lanças, onde cada golpe e defesa contam.
O caminho monge, por outro lado, é mais introspectivo e talvez o mais singular, pois permite que eu me conecte com a espiritualidade, buscando equilíbrio com a natureza, o que influencia a moral e o bem-estar da vila de forma sutil, mas impactante.
O Impacto das Estações
O que realmente me deixou bastante animado em Sengoku Dynasty foi a mecânica das estações, que trouxe uma camada de realismo que eu não havia experimentado em jogos do gênero. Cada estação transforma o mundo ao meu redor de forma radical. O verão, com seu calor e abundância de recursos, é a época ideal para expandir a vila e garantir que todos tenham o necessário para sobreviver. A primavera é igualmente generosa, com flores de cerejeira que cobrem o cenário, dando uma sensação de renascimento e prosperidade.
Mas quando o inverno chega, tudo muda. O frio intenso limita as atividades externas, os recursos se tornam escassos e a comida armazenada é consumida rapidamente. Essa mudança de estação me forçou a pensar a longo prazo, planejar e tomar decisões que afetassem o bem-estar da vila de forma duradoura. Não se preparar para o inverno, por exemplo, poderia significar o colapso da vila e a morte de vários aldeões. É uma pressão constante e uma prova de resiliência que aumenta a tensão e a imersão.
Entre a Técnica e o Instinto
O combate em Sengoku Dynasty é outra área que é relativamente divertida. Aqui, cada batalha é uma experiência tensa e visceral. Ao contrário de jogos onde o combate é rápido e impessoal, Sengoku Dynasty me faz sentir cada golpe. Usar uma katana, por exemplo, não é apenas uma questão de atacar, mas de entender o peso, a técnica e o timing. Há também uma física que posso considerar básicas nos movimentos. No entanto, os combates não são frequentes a ponto de tornar-se o jogo um hack-and-slash – cada confronto é relevante e carregado de consequências, seja para a segurança da vila ou para minha reputação entre os aldeões e clãs aliados.
Visual, Mapa e Trilha Sonora
Explorar o mapa de Sengoku Dynasty é uma experiencia mista. A atenção aos detalhes no design dos cenários é impressionante, desde as florestas densas e as montanhas cobertas de neve até os campos de arroz e os santuários. Cada região do mapa tem uma beleza própria, e eu me pego parando para observar as cerejeiras em flor na primavera ou o brilho suave das folhas no outono. O ambiente se transforma de acordo com a estação, mas como nem tudo é um mar de flor de cerejeira, em diversos momentos senti um cenário vazio e morto, como se faltasse conteúdo ali.
Embora eu tenha achado a trilha sonora adequada, senti que poderia ser mais marcante. Ela é discreta, quase como um pano de fundo, e se mistura com os sons naturais, como o vento e o canto dos pássaros, criando uma ambientação fiel ao Japão feudal. No entanto, senti falta de uma música que desse mais destaque aos momentos de exploração ou combate. Os efeitos sonoros, por outro lado, são bem realistas e intensificam o impacto de cada ação, desde o estalar de um galho ao pisar na floresta até o impacto de uma lâmina durante uma batalha.
Desempenho
Ao jogar Sengoku Dynasty em meu computador com um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, consegui uma média de 100 FPS durante a maior parte do tempo, o que é excelente, considerando o nível de complexidade gráfica do jogo, e ainda feito na Unreal Engine 5. No entanto, enfrentei um problema bem frustrante enquanto gravava a gameplay. Independente do software de gravação utilizado — seja o da NVIDIA ou de terceiros — a tela do jogo ficava “bugada” de forma constante, diminuindo de tamanho em vários momentos. Esse bug foi extremamente irritante, especialmente quando tentava gravar a gameplay, pois impactava diretamente a qualidade do vídeo e, consequentemente, a imersão no jogo.
Uma Experiência mista
Sengoku Dynasty é uma experiência mista de sobrevivência; é uma jornada de autodescoberta e adaptação em um mundo implacável e fascinante. O jogo me obriga a equilibrar habilidades de combate, gestão e diplomacia, ao mesmo tempo em que lido com as forças da natureza e as mudanças das estações. Cada escolha, cada estação e cada caminho que escolho refletem um compromisso com algo maior do que a mera sobrevivência – é sobre prosperar e encontrar propósito em meio ao caos do Japão feudal.
Para quem busca uma experiência de sobrevivência que diria de certa forma, única e envolvente, Sengoku Dynasty é uma escolha interessante, que oferece uma janela para um passado vibrante e desafiador, onde a história e a sobrevivência se entrelaçam de forma única. Ao final, fica a sensação de que não estamos apenas jogando, mas realmente vivendo uma vida em outra era cercados pelas belezas e desafios de um Japão feudal que vive e respira com cada ação que tomamos.