À primeira vista, “Runa & the Chaikurú Legacy” nos promete uma aventura de plataforma com uma história leve e divertida. Desenvolvido pela Fanny Pack Studios, uma desenvolvedora argentina, e distribuído pela QUByte Interactive, o jogo nos convida a explorar as ruínas de uma civilização antiga, misturando elementos culturais da América Latina em uma experiência que pode agradar muitos fãs de jogos de plataforma.
Uma Jornada pela Civilização Chaikurú
Na história, acompanhamos a jovem Runa em um mundo de fantasia, onde devemos desvendar os segredos de uma antiga civilização chamada Chaikurú. A narrativa cumpre bem seu propósito; embora não possua elementos especialmente inovadores, consegue divertir por ser algo leve e que pode trazer momentos com sentimentos muito bons. A ambientação é rica, com cenários que incluem ruínas, selvas, rios, cachoeiras e cavernas, todos inspirados nas paisagens da América Latina. A trama se desenrola gradualmente, revelando mistérios antigos e incorporando folclore sul-americano, criando um mundo repleto de criaturas mágicas e um senso de maravilha.
Exploração Simples, mas encantadora
A exploração do jogo é bem simples. Senti que poderia haver mais locais para explorar, mesmo tendo diversas áreas para coletar colecionáveis ou realizar missões secundárias, que foram divertidas de fazer, principalmente os quebra-cabeças. A mecânica de resolver enigmas deixados pelos Chaikurú adiciona uma camada extra de desafio e recompensa. Os puzzles são cuidadosamente elaborados, tornando-se progressivamente desafiadores sem se tornarem frustrantes, oferecendo uma sensação gratificante de realização ao serem resolvidos. Além disso, adorei tomar chimarrão para me curar dos danos inimigos, uma referência cultural que enriquece a experiência. A inclusão de elementos culturais, como o uso do chimarrão para cura e a presença de capivaras amigáveis, adiciona um charme especial ao jogo.
Combate com Boleadeiras: Simples e Eficaz
O combate aqui também é bem simples; apenas usamos um tipo de estilingue, conhecido como boleadeiras, para atacar os inimigos. Os inimigos são realmente variados, o que foi um ponto bastante positivo para mim. À medida que o jogo avança, novas mecânicas de combate são desbloqueadas, adicionando profundidade à jogabilidade. A variedade de inimigos exige que o jogador adapte suas estratégias, mantendo o combate envolvente. A mecânica de combate é fácil de aprender, mas oferece profundidade suficiente para manter o interesse ao longo do jogo. A utilização das boleadeiras é intuitiva, permitindo ataques à distância e adicionando uma camada estratégica ao enfrentar diferentes tipos de inimigos.
Desafios Técnicos
Um ponto que me incomodou de certa forma foi a questão da câmera. Em alguns momentos, ela não funcionava direito ou simplesmente atrapalhava quando precisava pular de um ponto ao outro. Outro fator foi que, muitas vezes, mesmo dando o comando de pular, eu não conseguia, seja no teclado ou no controle. Esses problemas afetaram a precisão necessária em algumas seções de plataforma, tornando a experiência um pouco frustrante em momentos críticos. A câmera automática pode ser imprevisível, dificultando a navegação em áreas mais complexas. Além disso, a resposta dos controles às vezes é inconsistente, levando a saltos falhos ou movimentos imprecisos. Esses problemas técnicos podem interromper a fluidez da jogabilidade e diminuir a imersão.
Desempenho Técnico: Uma Questão a Ser Considerada
Os gráficos de “Runa & the Chaikurú Legacy” são simples, mas coloridos. O estilo artístico vibrante complementa a atmosfera leve do jogo, criando um mundo visualmente agradável que captura a essência das paisagens sul-americanas. Embora não apresente gráficos de última geração, o design artístico compensa com charme e personalidade. As paletas de cores vivas e os designs de personagens estilizados contribuem para uma estética encantadora.
Os ambientes são detalhados o suficiente para serem envolventes, embora não sejam tecnicamente impressionantes. A direção de arte claramente se esforça para criar uma atmosfera única que reflita a inspiração cultural do jogo. No entanto, alguns jogadores podem achar que a simplicidade gráfica não atende às expectativas modernas.
Joguei “Runa & the Chaikurú Legacy” em um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, e tive um problema bem sério de desempenho. Embora as opções gráficas sejam bastante limitadas, tive diversas quedas de FPS e problemas de desempenho abaixo do normal, mesmo para meu PC que é relativamente forte, o que estragou um pouco a imersão. É importante notar que o jogo foi lançado recentemente, em 29 de janeiro de 2025, e é possível que atualizações futuras melhorem esses aspectos técnicos.
A otimização parece ser uma área que necessita de atenção, pois mesmo sistemas robustos enfrentam dificuldades para manter uma taxa de quadros estável. A falta de opções gráficas avançadas limita a capacidade dos jogadores de ajustar as configurações para melhorar o desempenho. Esses problemas técnicos podem ser um obstáculo para a apreciação completa do jogo. No entanto, considerando o recente lançamento, há esperança de que patches futuros possam resolver essas questões.
Uma Jornada com Alma, mas com Seus Desafios
“Runa & the Chaikurú Legacy” entrega uma aventura de plataforma divertida e cheia de personalidade. A forma como ele incorpora elementos da cultura latino-americana, como o chimarrão para cura e a estética inspirada em civilizações antigas, adiciona um charme especial. A exploração e os quebra-cabeças são envolventes, e o combate, embora simples, funciona bem dentro da proposta.
No entanto, problemas técnicos, como quedas de FPS, falhas na câmera e respostas inconsistentes dos comandos, acabam prejudicando a experiência. É o tipo de jogo que brilha pelo coração e pela ambientação, mas tropeça na execução. Com algumas atualizações, pode se tornar uma joia ainda mais preciosa.
Se você gosta de jogos de plataforma leves, com um toque de cultura e boas doses de quebra-cabeças, “Runa & the Chaikurú Legacy” pode valer a pena. Mas esteja preparado para contornar algumas dificuldades técnicas pelo caminho. Afinal, até mesmo as melhores jornadas têm seus obstáculos – e, no fim, o que fica na memória não são os tropeços, mas a beleza da aventura.