Receber Prince of Persia: The Lost Crown no Android foi uma surpresa boa e, ao mesmo tempo, uma experiência que me tirou da zona de conforto. Quando vi que o jogo estaria disponível pra dispositivos móveis, confesso que minha primeira reação foi de curiosidade: será que daria mesmo pra rodar um metroidvania desse nível, fluido e cheio de efeitos, em um celular de entrada como o Moto G24?

Pois bem, rodei, testei, joguei por horas — e aqui vai minha experiência sincera. Spoiler: sim, ele roda. Mas isso não quer dizer que a experiência seja ideal pra todo mundo. Vamos por partes.

A primeira impressão: “isso tá mesmo rodando no meu celular?”

Logo nos primeiros minutos, o que me impressionou foi o fato do jogo ser exatamente o mesmo das outras plataformas. Nada de versão simplificada, nada de gráficos redesenhados ou downgrade no conteúdo. Todas as animações, cinemáticas, diálogos, mapas e lutas estão lá, do mesmo jeitinho. É o Prince of Persia: The Lost Crown completo, só que rodando na palma da minha mão.

No Moto G24, o jogo rodou com uma resolução visivelmente mais baixa, o que já era esperado. Os contornos ficam meio serrilhados, e alguns detalhes se perdem na tela pequena, especialmente em áreas escuras ou com muitos efeitos visuais. Mas, em compensação, a taxa de quadros se manteve estável na maior parte do tempo — algo entre 50 e 60 FPS, o que é impressionante considerando que estou falando de um celular básico, com chipset modesto. E o melhor: sem aquecimento. O celular não esquentou nem mesmo em sessões longas, o que me deixou bem mais tranquilo.

The Lost Crown Mobile

Visual impressionante, mas que cobra um preço

Por mais que os gráficos estejam ajustados para a realidade do mobile, a Ubi mandou bem na otimização. Claro, você não vai ver os mesmos efeitos de iluminação ou o detalhamento que se vê em um PC ou console, mas o jogo mantém sua identidade visual muito bem. Ainda assim, em uma tela pequena, algumas coisas simplesmente se perdem — elementos de cenário que ajudam na navegação, detalhes que indicam segredos ou caminhos alternativos. Isso pode atrapalhar um pouco quem está explorando 100%.

Eu senti falta de nitidez em alguns momentos, e percebi que o jogo depende bastante da boa visibilidade do ambiente pra você conseguir reagir bem, principalmente nas seções de plataforma e combate mais rápido. Isso não é uma falha da versão mobile em si, mas uma limitação natural da tela pequena e da menor densidade gráfica.

Jogar no toque é possível, mas não confortável

Se tem um ponto que realmente me fez torcer o nariz, foi a jogabilidade no touch. Apesar do jogo oferecer um layout relativamente organizado dos botões na tela, com resposta até boa nos comandos, Prince of Persia: The Lost Crown exige precisão — e isso no touch simplesmente não acontece da mesma forma.

O combate, que é ágil, técnico e depende muito de timing, se torna frustrante em alguns momentos quando jogado no toque. Errar um dash ou uma esquiva porque seu dedo escorregou ou porque o botão virtual não respondeu bem é comum. A plataforma também sofre com isso: pular, deslizar, escalar ou se lançar entre armadilhas vira um exercício de paciência.

Depois de algumas tentativas frustradas, conectei meu controle via Bluetooth — e aí, sim, a coisa mudou completamente. Com o controle, o jogo fluiu como deveria. O combate ficou mais natural, os comandos mais precisos, e a frustração desapareceu. É claro que nem todo mundo que joga no celular vai ter um controle por perto, mas pra quem tiver essa possibilidade, é praticamente obrigatório. Jogar The Lost Crown no toque é como tentar correr uma maratona de chinelo: dá pra fazer, mas não é confortável.

The Lost Crown Mobile

O mérito da Ubisoft: entrega completa, sem armadilhas

Algo que precisa ser reconhecido: a Ubisoft não entregou uma versão capada ou mal acabada. A empresa teve coragem de lançar a experiência completa do jogo num ambiente onde a maioria dos títulos ainda aposta em gráficos simplificados, monetização agressiva ou jogabilidade reduzida.

Aqui não tem anúncio, não tem trava de conteúdo, não tem lootbox. Você compra o jogo e joga. Simples assim. E isso, num mercado mobile que está tão saturado de práticas abusivas, é quase um alívio. Mesmo que a jogabilidade não seja ideal no touch, o mérito de oferecer a mesma experiência de consoles e PC no Android é inegável.

Uma experiência curiosa, mas que não substitui o “jogar de verdade”

Ao final de algumas horas de gameplay no celular, cheguei à conclusão de que essa versão é ótima como complemento, mas difícil de recomendar como a principal forma de jogar. A versão Android é funcional, impressionante em termos técnicos e uma boa vitrine do que os smartphones estão conseguindo fazer hoje. Mas ela não entrega o que o jogo tem de melhor com a mesma intensidade.

As batalhas épicas, as sequências cinematográficas, a fluidez da exploração… tudo isso perde impacto numa telinha de 6 polegadas com touch impreciso. Jogar The Lost Crown no Android é como ver um filme do Christopher Nolan num celular: você entende tudo, mas perde a magia.

Ainda assim, é excelente ter essa possibilidade. Pra quem já jogou no console ou no PC, pode ser uma boa forma de continuar explorando mapas ou farmando colecionáveis no intervalo do ônibus, no sofá ou antes de dormir. Pra quem nunca jogou, pode ser um gostinho — mas eu diria que vale esperar por uma experiência mais robusta.

The Lost Crown Mobile

Um feito técnico, mas com ressalvas

Não dá pra negar que Prince of Persia: The Lost Crown no Android é um marco técnico. Rodar com fluidez num celular básico como o Moto G24, sem esquentar, com FPS estável e sem travas de conteúdo, é algo raro. A versão mobile cumpre exatamente o que promete: entregar o jogo completo, sem enrolação.

Mas ao mesmo tempo, ela escancara as limitações da jogabilidade por toque em um título tão exigente. Quem joga com controle vai curtir muito mais. Quem joga só no touch, pode acabar desistindo no meio do caminho.

No fim, fiquei feliz de ter testado. Foi uma experiência diferente, que me mostrou como a tecnologia tá avançando — e como ainda temos desafios pra adaptar jogos de peso pro ambiente mobile. Se você é fã da franquia, já conhece o jogo e quer levar essa aventura pro bolso, pode ir sem medo (desde que com um controle em mãos). Agora, se for sua primeira vez, recomendo viver essa jornada como ela merece: na tela grande, com tudo que tem direito.

Nota
Geral
8.5
prince-of-persia-the-lost-crown-review-mobilePrince of Persia: The Lost Crown no Android é um feito técnico impressionante, oferecendo a experiência completa do jogo em um celular. Embora a versão no touch tenha suas limitações, a possibilidade de jogar no controle traz fluidez e precisão. É uma excelente opção para quem já é fã da franquia e quer levar a aventura no bolso, mas a experiência ideal ainda é nos consoles ou PC.