Como um grande fã da franquia A Quiet Place, confesso que minhas expectativas estavam nas alturas para The Road Ahead. A ideia de viver a tensão dos filmes em um ambiente interativo, onde o menor ruído pode ser a diferença entre a vida e a morte, é uma proposta que realmente me atraiu. A questão que me fiz foi: “Será que o jogo consegue reproduzir a sensação sufocante e intensa dos filmes?”. E, depois de mergulhar nessa experiência, posso dizer que sim – e vou explicar o porquê.
Uma Jornada Tensa e Intimista
Em A Quiet Place: The Road Ahead, nós seguimos Alex, uma jovem que, além de estar grávida, sofre de asma, o que já coloca uma enorme pressão sobre cada ação sua. A história em si não tenta reinventar a roda. Ela é simples, focada em Alex fugindo da sogra rancorosa e lidando com as criaturas que dominam o mundo. O que me pegou foi o quanto a trama, embora básica, sustenta a experiência da gameplay.
Como eu vejo, o verdadeiro brilho está na combinação dessa história pessoal com o conceito de vulnerabilidade que a franquia sempre explorou. A gravidez de Alex e sua condição respiratória não são apenas detalhes narrativos – eles afetam diretamente como você joga, e isso me prendeu de uma maneira que poucos jogos conseguem. O terror de A Quiet Place é, antes de mais nada, íntimo. Cada suspiro, cada movimento que você faz pode ser o último.
O Poder da Quietude
Uma das coisas que mais me surpreendeu foi a forma como o jogo integra o som na mecânica de jogo. A tensão dos filmes é replicada de maneira perfeita aqui. Desde o início, eu sabia que fazer qualquer tipo de som era uma sentença de morte, mas isso ficou ainda mais aterrorizante com o uso do microfone aberto. Minha primeira vez tossindo sem querer e ouvindo a criatura se aproximar foi uma das experiências mais intensas que já tive em um jogo.
Além do microfone, a mecânica de cuidar da asma de Alex é simplesmente brilhante. Usar a bombinha de asma ou remédios em momentos críticos é angustiante, já que até esses pequenos gestos podem atrair a criatura. Houve um momento em que eu precisei desesperadamente usar a bombinha, mas o medo de fazer barulho me deixou completamente paralisado. Senti, literalmente, o pânico na minha pele. O jogo consegue capturar essa tensão de forma magistral.
Uma Beleza Assustadora
Quando falo sobre os cenários de The Road Ahead, eu realmente preciso elogiar a equipe de desenvolvimento. Cada ambiente é detalhado de forma primorosa, capturando a essência de um mundo devastado. Passei por momentos em que eu me peguei admirando o trabalho visual, apenas para, em seguida, ser puxado de volta ao terror por um som distante ou uma sombra ameaçadora.
O design dos cenários me surpreendeu pela atenção ao detalhe. Locais onde o perigo está por toda parte, mas que ao mesmo tempo são quase bonitos de tão bem construídos. E isso não é algo fácil de equilibrar. O uso de cores frias e o contraste com tons mais escuros faz com que a atmosfera fique ainda mais carregada. Me peguei várias vezes pensando “será que estou no caminho certo?” apenas para perceber que o jogo quer que você sinta essa dúvida.
O que Está Por Trás
Uma coisa que eu achei fascinante durante minhas pesquisas foi descobrir as inspirações que moldaram o desenvolvimento do jogo. Os desenvolvedores mencionaram que Alien: Isolation foi uma das maiores influências, o que faz total sentido, considerando a forma como a tensão é gerida. Em ambos os jogos, você nunca pode confrontar diretamente a ameaça; você só pode evitá-la, e isso cria uma sensação de impotência constante.
Além disso, a equipe optou por não seguir a rota do survival horror tradicional, onde o gerenciamento de recursos é extremamente punitivo. Em vez disso, eles queriam criar algo mais acessível, que equilibrasse a tensão com a aventura. Isso se reflete na forma como o jogo lida com a escassez – ou melhor, a falta dela. Mesmo assim, a pressão de cada movimento e cada som nunca deixa de ser opressiva.
Nem Tudo é Perfeito
Infelizmente, nem tudo foi perfeito. Eu joguei o game em um PC com Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16GB de RAM, e, mesmo com essa configuração, o desempenho foi um pouco decepcionante. Com tudo no máximo e DLAA ativado, meus frames caíram para a casa dos 50 FPS. Claro, ativando o Frame Generation da Nvidia, a situação melhorou bastante, chegando a 80-90 FPS, mas ainda assim, considerando que os ambientes são pequenos e lineares, o jogo parecia mais pesado do que deveria ser.
Além disso, tive problemas com bugs. Um deles, particularmente frustrante, fez com que a criatura simplesmente parasse de reagir aos sons que eu fazia, quebrando completamente a imersão. Foi especialmente chato em momentos de alta tensão, onde a expectativa de ser caçado era parte crucial da experiência. Outro bug, mais raro, me matou do nada, mesmo quando eu estava em completo silêncio. Isso me rendeu alguns jumpscares inesperados, mas não de uma forma boa.
Um Impacto Duradouro
No final das contas, A Quiet Place: The Road Ahead foi uma experiência incrível. O jogo conseguiu capturar a essência dos filmes de forma impecável e, apesar dos seus problemas técnicos, a tensão que ele cria me prendeu do começo ao fim. A sensação de estar à mercê de criaturas que podem te ouvir a quilômetros de distância é algo que vai ficar comigo por muito tempo.
Posso dizer com segurança que, se você é fã da franquia, este é um jogo que você não pode perder. The Road Ahead te coloca no centro de um terror silencioso, onde o som pode ser a diferença entre a vida e a morte. E quando o silêncio da sua sala for quebrado, você vai lembrar que, em A Quiet Place, o verdadeiro horror é aquele que você não pode ouvir.