Bebendo assumidamente da fonte da série Souls da From Software, Mortal Shell foi lançado dia 18 de agosto pelo estreante estúdio Cold Symmetry composto por não mais de 15 pessoas. Logo de cara somos apresentados por um ser branco com uma aparência bem sinistra.
Você controla esse bizarro personagem em busca de uma concha que são corpos de antigos guerreiros, mais especificamente 4 ao longo de toda a jornada que dura de 8 a 12 horas dependendo de como o jogador se adapta com a dificuldade do jogo.
Conforme você vai ganhando pontos de experiência, upgrades são liberados. Desbloqueando-os o jogador conhece um pouco mais sobre a história de cada guerreiro da respectiva concha utilizada e, com isso, ganhando atributos diferenciados para cada uma delas. Um com mais determinação que é utilizado para golpear, ou vigor utilizado para se defender e esquivar e assim por diante.
Além do estilo de luta e armas utilizadas que também são alteradas. Deixando o jogador se habituar com aquela que mais lhe agrada. O modo de defesa do personagem é bem peculiar. Ao invés de um tradicional bloqueio aqui a concha endurece evitando o golpe deixando o oponente vulnerável a um ataque que é dividido por um mais simples e outro mais forte. O que trava ainda mais um combate que já é muito cadenciado.
Bem como o jogo em que este se espelha, o mundo é que conta a história através de inscrições e raros diálogos, assim como o objetivo do protagonista que só é descoberto ao longo da trama. A ambientação é feita em cenários em tons de cinza com um aspecto fúnebre. E com pouca variação de cenários que somados chegam a 4.
A ordem em que você adentra esses ambientes é não linear o que é bom te dando uma certa liberdade de exploração. Mas a dificuldade em cada área não é a mesma, fazendo com que se você adentrar a área mais difícil do jogo logo no início, você tenha sérios problemas por não ter feito quase nenhum upgrade nas suas habilidades.
Apesar de serem repletos de inimigos sempre traiçoeiros criando emboscadas para te surpreender, os ambientes não possuem vida e são bem sem sal. Além de serem apertados levando o jogador diretamente para o principal problema do jogo: a câmera. Que muitas vezes se perde e enlouquece completamente causando mortes que são bem punitivas. Já que toda a experiência acumulada fica no local da morte após ser arrancado de sua concha e derrotado novamente em sua forma original.
Poucos checkpoints
O checkpoint sempre muito distante causa frustração e raiva não pela dificuldade do jogo mas por seus problemas técnicos o que é fatal para o jogador menos paciente. Alguns bugs acontecem principalmente em objetos invisíveis no cenário que dificultam bastante quando se é encurralado por mais de dois adversários.
O ponto alto está no sistema de familiaridade de itens. Sendo que, a cada vez utilizado seus atributos mudam. Por exemplo, um cogumelo que é venenoso por 15 segundos após ser consumido algumas vezes ele cura ao invés de dar dano ao ser utilizado. O que é bem interessante trazendo uma recompensa legal, até mesmo para aquele que morra diversas vezes durante sua trajetória, servindo como um incentivo a mais para facilitar sua nova tentativa.
Um coisa bem simples, que foi abandonada neste jogo, foram os checkpoints que quase inexistem obrigando o jogador a um backtracking forçado tendo como justificativa uma mudança nas hordas de inimigos após cada chefe derrotado. Estes que por sinal não brilham. São apenas bem difíceis, porém sem serem muito criativos. E são mal apresentados, sem gerar aquela agonia por enfrentar uma criatura aterrorizantemente poderosa.
Vale a pena?
O design geral é bem feito ainda mais se levarmos em conta que é um jogo com baixo custo. Esforço dos desenvolvedores é louvável. Talvez suas pretensões tenham sido muito altas. Mas isso só o tempo dirá. Mortal Shell pode se tornar um jogo bem melhor se for atualizado com DLCS que corrijam seus principais problemas.
Enquanto isso ele é apenas uma boa distração para os fãs de um soulslike desafiador, e que já tenha jogado aqueles produzidos pela From Software. Sem dúvida não é a melhor porta de entrada para o gênero.