Desde o momento em que iniciei Anima Flux, um fato ficou claro: este não seria um Metroidvania comum. Se por um lado, o gênero é conhecido por sua exploração solo e progressão baseada em habilidades desbloqueáveis, aqui a dinâmica muda completamente com a introdução de um modo cooperativo. A raridade de um Metroidvania com foco em coop foi o que me atraiu de imediato, e essa escolha de design certamente adiciona uma camada extra de estratégia e diversão, especialmente quando jogado com um amigo.

Uma História de Sobrevivência e Desolação

O enredo de Anima Flux nos coloca em um futuro sombrio, onde mutantes tomaram conta do mundo, e a última fortaleza humana está à beira da destruição. Assumimos o controle de dois personagens, cada um com habilidades únicas. Esse detalhe é fundamental para a jogabilidade, pois as habilidades são complementares: um personagem empunha um arco, ideal para ataques à distância e precisos, enquanto o outro utiliza uma espada, oferecendo um combate mais próximo e brutal.

Essa troca entre personagens se torna a alma do jogo. No modo cooperativo, a sinergia entre os dois protagonistas é essencial. Em partidas solo, eu me peguei alternando constantemente entre eles para superar quebra-cabeças e inimigos mais desafiadores, o que traz uma profundidade interessante ao gameplay.

Ambientação Distópica que Evolui Lentamente

Anima Flux não deixa a desejar no visual. A ambientação mistura o futurismo com toques sombrios, criando uma estética única que, à primeira vista, impressiona. Cada área, desde os setores industriais até as zonas habitacionais, possui um design visualmente atraente, com corredores metálicos, luzes neon e sombras que reforçam o tema de decadência e desolação.

No entanto, conforme eu avançava pelo jogo, notei um problema: a repetição visual. As áreas começaram a se assemelhar umas às outras, o que prejudicou um pouco a minha sensação de progressão. Embora cada setor tenha uma cor predominante que o distingue (como o verde nas áreas de esgoto e o azul nas zonas habitacionais), essa identidade visual se esgota rápido. Senti falta de mais variação no design, o que tornaria a exploração ainda mais interessante.

Um Combate que Demora a Engrenar

O combate é outro aspecto crucial de Anima Flux, especialmente quando jogado no modo cooperativo. Cada personagem traz uma abordagem única para as batalhas. O arqueiro é ágil e permite manter uma distância segura dos inimigos, enquanto o espadachim entra em modo de fúria e causa dano massivo de perto. A variedade de inimigos, no entanto, começa a se repetir depois de um tempo. A maioria dos adversários são variantes de insetos ou criaturas mutantes, o que, embora faça sentido no contexto da história, não oferece uma diversidade de gameplay significativa.

Mas o verdadeiro problema para mim foi a progressão do combate. As principais habilidades, como a esquiva e o salto duplo, demoram muito para serem desbloqueadas.

 Nos primeiros momentos, me vi lutando de forma limitada contra inimigos que exigiam maior mobilidade, mas sem as ferramentas adequadas para enfrentá-los. Quando finalmente obtive essas habilidades, a experiência de combate melhorou consideravelmente, mas até lá, o caminho foi frustrante.

O Desempenho – Tudo Flui Bem

No aspecto técnico, Anima Flux se saiu muito bem no meu PC. Rodando em um Ryzen 5 3600, com uma RTX 4060 e 16 GB de RAM, o jogo manteve uma taxa de quadros constante de 176 FPS em 1080p. Isso não foi surpreendente, já que o jogo tem gráficos em 2D e é visualmente menos exigente do que títulos em 3D. Ainda assim, é bom ver que o jogo foi bem otimizado. Durante a minha experiência, não encontrei bugs ou falhas técnicas, o que garantiu uma jogabilidade suave e fluida do início ao fim.

Coop: O Ponto Forte, mas Não Perfeito

O modo cooperativo é, sem dúvida, o grande diferencial de Anima Flux. Jogar com um amigo adiciona uma camada de estratégia e diversão que não pode ser replicada no modo solo. Enfrentar chefes desafiadores e trabalhar juntos para superar as áreas mais difíceis foi o ponto alto da minha experiência. No entanto, o jogo depende do Steam Remote Play para multiplayer online, e isso pode gerar uma latência incômoda dependendo de como está a sua conexão com a internet, e durante a minha experiencia, foi algo suave e fluida para ambos os lados. Além disso, o design dos níveis não parece ter sido totalmente otimizado para duas pessoas, e em algumas partes me senti “preso”, como se o jogo quisesse que eu jogasse sozinho.

Potencial Não Realizado

Anima Flux é um jogo que brilha em alguns momentos, mas acaba tropeçando em outros. O conceito de um Metroidvania cooperativo é promissor e, em muitos aspectos, funciona bem. A história intrigante e a dinâmica entre os dois personagens são bem executadas, e o combate, uma vez que as habilidades corretas são desbloqueadas, se torna agradável. Porém, a repetição visual e a progressão lenta das habilidades pesam contra o jogo.

No final das contas, Anima Flux entrega uma experiência mista. Para os fãs de Metroidvania que estão procurando algo diferente, o modo cooperativo certamente oferece uma nova perspectiva. Mas, se você está esperando uma experiência polida e envolvente do início ao fim, pode se frustrar. O potencial está ali, mas o fluxo, às vezes, parece mais um tropeço do que um avanço.

Nota
Geral
7.0
anima-fluxAnima Flux desafia o gênero com sua cooperação única, mas deixa a desejar onde mais importa: no fluxo constante de uma jornada épica. A persistência aqui não é só um teste do personagem, mas também do jogador.