Assassin’s Creed Mirage é a promessa da Ubisoft com o jogo que irá retomar a essência dos primórdios da franquia, envolta em elementos de parkour e stealth. Mirage consegue esse feito ou ficou apenas na promessa? Minhas primeiras recordações de um Assassin’s Creed remetem ao ano de 2007, encontrando o jogo em um PC, encantada com sua jogabilidade, história e gráficos para a época.
Não é à toa, que Assassin’s Creed é um dos títulos mais importantes e influentes da indústria de jogos. Sua abordagem cultural é impressionante, com cada história imprimindo visualmente características de uma época diferente, que vão desde a Itália renascentista, passando pela Revolução Americana, até a era dos Vikings. A riqueza de detalhes, a preocupação com a pesquisa histórica, entrega aos jogadores períodos importantes da história humana, vivenciados e descritos por personagens icônicos e aqueles que os cercavam.
Justamente por sua estrutura histórica detalhada, o título tem um grande papel educativo, com o uso pontos de aprendizado sobre arquitetura, política, moda e cultura. Sua narrativa complexa e imersiva, absorve a nós, jogadores, com tramas repletas de reviravoltas e personagens cativantes. São enredos repletos de mistérios, segredos, dilemas morais, táticas de luta, armamentos, tudo apresentado com riqueza de detalhes. Outro item fundamental da franquia é a jogabilidade inovadora.
A exploração de mundos abertos, unificada com a inserção de missões desafiadoras, prendem-se aos momentos táticos e de confrontos únicos da franquia. O famoso parkour, vislumbra a habilidade capaz de ressaltar a fluidez e a acrobacia em cenários únicos e bem elaborados, com prédios, casas e demais estruturas ricas em detalhes visuais.
Quando penso em Assassin’s Creed, associo ao impacto de sua representatividade. Sim, a abordagem de culturas e etnias, questões sociais relevantes, contribuem para uma maior diversidade e inclusão. Quantas culturas são ricas em história e acabam na sombra do passado, sem o holofote do presente? Jogos não são apenas frutos de diversão. Aumentam a capacidade cognitiva, o raciocínio lógico e também instruem jogadores sobre a história. História essa que é a essência da humanidade e sua formação como a sociedade que conhecemos.
Além das implementações acima citadas, devo destacar a evolução da IA (Inteligência Artificial) em personagens NPCs (personagens não jogáveis), agindo de forma realista, surgindo em nossa tela como um mural virtual vivo, com personagens dentro de suas próprias rotinas, interações e comportamentos. Com a introdução inicial, inicio agora, meus pensamentos e análise proposta sobre Assassin’s Creed Mirage!
O Começo de Uma Jornada
A história agora percorre o Califado Abássida do Oriente médio, com Basin Ibn Ishaq, ainda um jovem ladrão de rua, que efetua pequenos furtos e favores para os locais, em troca de algum dinheiro. Suas ambições vão além de uma vida simples, pronto para situações mais perigosas e ousadas participando da ordem dos Ocultos. Basim, ao contrário do que pensa, ainda não tem o treinamento e o controle necessário para missões de grande risco. Notamos um pouco de sua rotina na introdução do jogo, com Basim e sua amiga percorrendo um vilarejo.
O ritmo introdutório inicial é lento, algo conhecido em versões anteriores, abrindo o leque possibilidades iniciais para um personagem ainda em seu estágio inicial. Bagdá é variada com seu porto, bairro para comerciantes, vilas e demais estruturas com arquitetura abássida. Basim passará por um treinamento intenso, com a ajuda de Roshan, sua mentora, que o guiará pelo melhor caminho possível.
Jogabilidade e inteligência aprimorados
Inimigos estão mais poderosos com ajustes de IA bem elevados, cuja detecção fica cada mais frequente. Esse elemento emprega uma maior diversão, pois a furtividade é obrigatoriamente, a tática de destaque do jogo. Ao ser detectado, Basim deixa uma espécie de rastro, com um elemento visual que indica onde Basim foi visto e está sob investigação dos guardas. A “fuga” soa bem projetada, acomodando o estilo do jogo. A esperteza será recompensada por sua furtividade, com a capacidade de Basim eliminar pequenos grupos de guardas com uma rapidez impressionante.
A invasão de locais internos, com uma série de inimigos no cenário provou-se desafiadora, com uma área ampla para cobrir e investigar, cuja detecção inimiga geraria um combate avassalador, dificultando minha vida. Demorei um longo tempo para conseguir usar toda a tática de stealth, com movimentos previamente calculados, movendo pelo local com a paciência necessária para a eliminação de guardas, adquirindo as informações as quais necessitava. Em combate, a maneira mais fácil que encontrei de evitar danos significativos foi o uso da esquiva e o contra-ataque. O confronto com um número elevado de inimigos era desafiador, em alguns momentos, mortalmente perigoso.
Fique atento quando o inimigo estiver brilhando, com um efeito especial vermelho, indicando que o mesmo prepara o ataque e este não poderá ser aparado, portanto use a esquiva para evitar danos. O “timing” errado também fará com que você recebe danos sequenciais, procure treinar contra inimigos mais “fracos” ajudando seu tempo caso tenha dificuldades nas sequências de defesa e ataque.
Notamos, de forma significativa, que a jogabilidade implementada em Valhalla não retorna para a nova versão, com um novo sistema de combate, altamente recompensador em momentos de defesas e esquivas, com Basim estrelando todo seu potencial nos confrontos com um único inimigo. Sua progressão durante o jogo coexiste com a essência de sua experiência como um guerreiro, além de um assassino altamente treinado em sua jornada. Seu melhor trabalho é na metodologia executada via abordagem furtiva tática e estratégica.
Sem o domínio do combate, a sensação será de sobrecarga nos momentos de tensão, pontuando, uma vez mais, que nesta versão de Assassin’s Creed, estamos orientados a furtividade e não livre vontade do combate limpo e frontal. O design de level aponta tal abordagem, assim como a diversidade de arbustos pelos cenários , onde nos agachamos para chamar a atenção de inimigos com um simples assobio ou usando uma bomba de fumaça quando existem mais inimigos que o esperado, além da eliminação por longa distância, utilizando uma faca, tudo sinalizando, de forma clara e objetiva que você deve utilizar a furtividade para conseguir obter êxito.
Bagdá é uma cidade viva e rica em detalhes, com personagens andando, conversando, tudo sob nosso olhar atento e curioso. O parkour te ajudará na exploração da cidade, através dos telhados e estruturas, chegando em lugares diversos com a rapidez necessária para a ocasião.
A experiência de progressão agora está mais direta, com o desbloqueio de novas ferramentas após completar determinadas missões. No arsenal, itens como: bombas de fumaças, dardos, facas de arremesso e a lâmina oculta. A águia retorna como a fiel escudeira do assassino, dessa vez chamada Enkidu. Exploramos os arredores com ela, continuando com o recurso que surgiu em Origins.
A “Visão de Águia” irá destacar inimigos, objetivos de missões pendentes, baús e oportunidades de furto. Além disso, Enkidu ajuda na visão do cenário como um todo, evitando confrontos que seriam perigosos, além de auxiliar na aquisição de itens de valor, no caso dos baús. Outra detecção da águia, são os objetos presentes no cenário que favorecem nosso caminho ou podem atrapalhar, como no caso de portas trancadas.
Existe um nível de notoriedade implementado em Mirage que aumenta a diversão, com Basim ganhando o status de procurado. Ao notar a presença de Basim, pessoas indicam a presença do assassino, alertando inimigos. Para evitar tais ações, arrancamos posters de procurado encontrados nas ruas ou através de suborno, usando o fofoqueiro da cidade para indicar aos cidadãos sobre sua inocência.
Habilidades simplificadas
Após a evolução de Basim, finalmente liberamos a tela de ferramentas, inventário, habilidades e códice. Em ferramentas, cada uma pode ser aprimorada e personalizada com efeitos diferentes. A melhoria será realizada por Banu Musa na sede dos ocultos, usando materiais como lingotes de aço, couro e componentes.
Na roda de ferramentas, que fará parte de uma espécie de menu de acesso rápido, temos a disposição itens como tocha, faca arremessável, entre outros.Na aba inventário, gerenciamos os tipos de espada, adagas, talismãs, figurinos, traje e tintura de traje. O figurino serve apenas como item cosmético, sem nenhuma vantagem significativa para o uso em combate ou associada as habilidades.
Na aba habilidades, jogadores gastam pontos de habilidade para melhorar suas capacidades furtivos e de combate. As habilidades fantasma, trapaceiro e predador possuem ramificações que poderão ser adicionadas com o uso de pontos de habilidades, velho conhecido dos jogadores.
Em fantasma, liberamos a habilidade pontapé, acertando inimigo após um contragolpe; queda amortecida, com Basim rolando quando cai de uma altura perigosa; capacidade 1 de foco de assassino, adiciona uma barra em foco; assassinato em série, gera uma reação de ataque em cadeia com Basim matando um oponente próximo e arremessando a adaga em outro; ataque aéreo, permite desacelerar o tempo enquanto miramos e arremessados facas no ar; rolamento de contra-ataque, Basim conseguirá desviar de um ataque inimigo se esquivando e passando por sobre o adversário em uma espécie de rolamento; finalizando, o impulso de foco com a barra de foco enchendo mais rápido.
Na parte do trapaceiro, contamos com: coleta automática, saques automático após assassinato ou eliminação furtiva; capacidade 1 de ferramenta extra, com o desbloqueio de um espaço para uma nova ferramenta; bolsa de elixir, que aumenta o número máximo de elixires: engenheiro, fornecendo uma segunda melhoria de nível 1 para cada ferramenta disponível e recuperação de faça, com a recuperação automática das facas que foram arremessadas.
Por fim, Predador, com as ramificações: desbravador, com a habilidade de Enkidu revelando chaves, baús e entradas secretas; acuidade de Enkidu 1, aumentando a percepção da águia, facilitando ainda mais a marcação de inimigos; Sentido de Águia, com o olho de Enkidu revelando o trajeto de patrulha do inimigo marcado; Mira de Emergência, travando nossa mira no inimigo quando ele detectar nosso personagem, com a chance de eliminação sem alertar os demais; Melhoria de Visão, aumentando o alcance de visão da águia e Reconhecimento Furtivo que destaca inimigos automaticamente enquanto caminhamos agachados.
Os “Pontos de Habilidades” são obtidos quando atingimos marcos importantes em nossas investigações, também ajudando pessoas ao redor de Bagdá. Já os “Ramos de Habilidades”, surgem quando subimos na hierarquia dos Ocultos, onde aprendemos novas habilidades.
Cada um dos três ramos da Árvore de Habilidades representa um aspecto de um Oculto, com habilidades do ramo “Fantasma” ligada a agilidade e eficiência, “Trapaceiro” prioriza os recursos e ferramentas e “Predador”, ligado a percepção e os instintos de Basim.
Todas as habilidades e ações executadas fluíram normalmente durante a gameplay, sem eventuais problemas ou prejuízos. Foram elaboradas para trabalharem em conjunto, auxiliando principalmente Basim quanto a furtividade, objetivo claro da UBISOFT e amplamente divulgado pela imprensa. O jogo é repetitivo? Confesso que muitos, assim como eu, acabam desistindo da franquia pela sequência de repetições, o método missão x recompensa continua, com abordagens adotadas durante toda a existência da série.
A questão aqui não é apenas a sequência repetitiva de ações em missões e sim a imersão adota pela experiência em Assassin’s Creed Mirage. Desde os primórdios da franquia, sabemos que o grande apelo é a história, que está associada a gameplay. A sensação é que Bagdá merece ser explorada, com táticas que conhecemos do passado. Então, dê uma chance para o jogo e não será motivo de arrependimentos.
Visualmente, notei alguns detalhes de modelagem de personagem e algumas animações e ações que remetem aos jogos antigos. A abordagem utilizada nesta versão não possui o nível de excelência que as demais versões mais recentes da franquia quanto a determinados personagens. O que de fato, não interferiu uma minha plena experiência, pois Bagdá é um primor visual. A noite em Bagdá encanta com sua iluminação, ajudada pelo uso da tocha que despeja sua luz ao redor com pequenos detalhes iluminados que certamente você irá notar. Uma luta com o sol no horizonte, são tantos e tantos detalhes visuais incríveis, que pequenos defeitos aqui ou ali soam pequeninos.
Por fim, Assassin’s Creed Mirage , em essência, entrega a vívida experiência do passado no presente, atestando o máximo do potencial de desenvolvimento da nova geração. Possui estilo aprimorado, trama duradoura, combate e sistema de stealth formidáveis e únicos, somados as belíssimas paisagens da cidade de Bagdá em seu auge e esplendor. Meticulosamente elaborado em um mundo com personagens memoráveis, certamente uma das melhores abordagens como um pilar do gênero.