Em 2008 eu estava estagiando e ganhando meu primeiro salário. O dinheiro não era muito mas eu tinha uma vida confortável, o que me permitia guardar parte do que ganhava com o objetivo de comprar futuramente um PC gamer da época (sem gabinete com luzinhas e teclado colorido, ok?).

O PC que tinha em casa nem rodava um Age of Empires III ou os últimos Need for Speed, e junto com meu irmão a gente ficava ligado nas principais tendências e fomos impactados com um lançamento de 2007. Por ser um objetivo muito difícil de alcançar, ao invés do PC eu comprei um PS2.

O ano agora é 2021, e enquanto jogava pra fazer o review, meu irmão soube o que eu estava jogando via PSN. Ele riu e falou:

– Finalmente roda Crysis! kkkk

Isso tudo porque em novembro de 2007 é lançado um dos jogos de tiro de PC mais celebrados. Um que se mantém no imaginário coletivo como um marco tecnológico inalcançável, com um meme em todos os fóruns de jogadores de PC desde seu lançamento.

Crysis, da alemã Crytek, foi um marco nos jogos de tiro em primeira pessoa pela sua abordagem no mundo aberto, com liberdade de combate usando as armas, veículos e habilidades do super traje, com destruição total/parcial das construções, além do visual incrível com sua vegetação e água. Um aprimoramento do que já tinha sido visto no primeiro Far Cry.

Desde setembro de 2020, Crysis está disponível como Crysis: Remastered para PC, PS4, Switch e Xbox One. Mesmo não fazendo muito barulho no seu lançamento, agora o game está jogável em diversas plataformas. Mas será que vale a pena seu tempo e investimento ou o jogo é só um meme?

Do que se trata Crysis: Remastered?

Ilha com Norte-coreanos, um grupo tático especial, exotrajes com nanotecnologias e poderes: Esses são os termos chave que compõem a premissa do Crysis. O que era para ser uma simples missão de resgate se torna algo mais elaborado e interessante, mas mesmo com umas viradas na trama, eu honestamente não achei a história realmente merecedora de destaque.

Ela acaba sendo uma casca do que uma narrativa de videogames pode ser nos últimos anos, e talvez 13 anos depois do seu lançamento original ela se mostre mais fraca do que na época que o jogo foi lançado.

A superforça de Crysis está na maneira como o jogo flui. A liberdade que ele dá nas missões graças às habilidades especiais e estrutura dos objetivos é bem legal. Usar de invisibilidade, super pulo e super força para lidar com os inimigos é bem divertido, e se a situação apertar e você for muito alvejado, ativar a armadura pode salvar a sua vida.

A barra de energia é compartilhada com todas essas funções e é balanceada bem o suficiente para não ser super overpower e, ao mesmo tempo, bastante útil.

A jogabilidade no combate com as armas também funciona bem. Você pode personalizar as armas a qualquer momento e fazer uso de granadas, bazucas e os próprios punhos, seja para fazer o inimigo de escudo humano ou para descer a porrada com a força ampliada pela traje. Dá até para jogar objetos contra os adversários e dar uma zoada com galinhas, sapos e outros animais.

As falhas do Nanotraje

Infelizmente, o jogo tem problemas e é até fácil identificá-los. Para começar, os gráficos não são necessariamente bons e impressionantes, apesar do meme. Aparentemente (carece de fontes) esse remastered foi feito baseado na versão de Crysis que saiu para PS3 e Xbox360, não trazendo reais melhorias nos consoles.

No PC ainda funciona bem e é bonito, mas pelo que apurei rodar Crysis original com Mods feitos pela comunidade funciona muito melhor do que o Crysis: Remastered.

Original x Remastered. E aí, consegue apontar as diferenças?

Bugs e crashes também estão presentes, provavelmente também fruto de uma má otimização. Em alguns momentos eu realmente percebia uns objetos com física estranha, alguns veículos atravessando onde não devia e já fui detectado estando invisível numa boa distância. Acabou atrapalhando a experiência algumas vezes.

Junto a isso, a IA dos inimigos é inconsistente, possivelmente por se tratar de um jogo mais antigo sem alguns conceitos de mecânicas stealth presente em jogos atuais. A detecção é imediata e não gradual como alguns jogos modernos, por exemplo. E algumas vezes eu matei um inimigo com um parceiro do lado e ele (talvez fingiu que) nem viu.

Felizmente o jogo já recebeu algumas atualizações nos consoles modernos, No fim, mesmo com os defeitos supracitados, é muito bom ter Crysis disponível para ser jogado aqui como Crysis: Remastered, principalmente em tempos onde temos a Sony, por exemplo, fechando lojas dos seus consoles mais antigos e limitando acesso aos jogos mais clássicos.

Nota
Geral
6.5
crysis-remasteredMais do que um jogo ok, Crysis: Remastered é uma boa oportunidade de conferir um jogo muito importante para a cultura gamer geral e que já foi um marco técnico para jogos de ação. A mecânica de armas e do nanotraje conseguem garantir uma jogabilidade constante em alguns momentos e a história é clichê mas é ok. Em contrapartida, deixam a desejar alguns aspectos, principalmente os gráficos (analisado em um PS4 base) e a IA do game.