Minha infância foi marcada por muitos jogos, mas poucos deixaram uma marca tão profunda quanto Dead Rising. Hoje, aos 24 anos, ainda me vejo como um grande fã da franquia, mesmo com a queda de qualidade nas sequências. Então, quando foi anunciado o Dead Rising Deluxe Remaster, uma onda de nostalgia tomou conta de mim.
Reviver a insanidade desse jogo, cheio de humor caótico, foi um prazer que eu não esperava. Com o peso do nome Capcom por trás do projeto, o remaster prometia gráficos melhorados, dublagem em PT-BR, e diversas outras novidades. Mas será que cumpriu o que prometia?
Um Retorno ao Shopping
Se você conhece Dead Rising, já sabe o que esperar: Frank West, um fotojornalista, se vê preso em um shopping de forma proposital no meio de uma quarentena causada por uma misteriosa infestação de zumbis. Com 72 horas até a chegada do resgate, o objetivo é simples: sobreviver e encontrar o furo jornalístico de sua vida. No entanto, não é a história que rouba os holofotes aqui, mas sim a gameplay absurda e ilimitada, que agora foi atualizada de forma que me surpreendeu.
Entre as melhorias mais impactantes, o que realmente me deixou muito eufórico foi a dublagem em português. O cuidado da Capcom com o público brasileiro foi impressionante, especialmente para um remaster. Cada diálogo, cada grito desesperado ou piada sarcástica de Frank West foi interpretado com uma qualidade que elevou a experiência. A dublagem deu uma nova vida ao jogo, tornando-o mais imersivo para nós, fãs brasileiros. Eu não esperava esse nível de dedicação.
Andar e Atirar Nunca Foi Tão Satisfatório
A gameplay de Dead Rising original, embora divertida, que vamos ser sinceros, envelheceu mal. Mas a Capcom corrigiu algumas das mecânicas mais arcaicas, como a possibilidade de andar e atirar ao mesmo tempo, o que era impensável no jogo original. Isso trouxe uma fluidez que transformou a experiência por completo. Lembro-me de sentir falta disso quando jogava no Xbox 360 e mais tarde no PC. Agora, com controles mais responsivos, o combate é mais dinâmico, e me diverti muito mais eliminando hordas de zumbis de formas cada vez mais criativas.
Uma das adições mais hilárias e divertidas foi a inclusão de cosméticos de personagens icônicos da Capcom. Vestir Frank West com o visual de Ashley de Resident Evil 4 Remake ou com o traje do Nemesis e ver essas figuras massacrando zumbis foi uma mistura deliciosa de nostalgia e humor. É o tipo de conteúdo que, mesmo não essencial, adiciona um charme especial ao remaster.
Uma preocupação que tive antes de jogar foi sobre o quanto a Capcom iria censurar no remaster. Felizmente, a essência caótica de Dead Rising foi preservada, com armas improváveis, como cadeiras de shopping e extintores, ainda presentes. O nível de gore foi reduzido e alguns conteúdos mais adultos foram suavizados, mas nada que tenha comprometido a alma do jogo. A censura foi mínima, mas notável.
Gráficos Renovados na RE Engine
Ver o universo de Dead Rising recriado na RE Engine foi uma das experiências mais gratificantes. O salto gráfico é surreal, e revisitar o shopping lotado de zumbis com esses visuais atualizados foi impressionante. A Capcom conseguiu capturar a atmosfera original e injetou uma dose de modernidade. Contudo, a IA dos aliados ainda tem momentos frustrantes. Muitas vezes, os personagens que tentava salvar se jogavam diretamente nos braços dos zumbis, repetindo um problema do original que, sinceramente, desanimava de salvar os NPCs do shopping.
Uma Montanha-Russa de FPS
Por mais que eu tenha me divertido, o desempenho técnico do jogo deixou a desejar. Jogando com um Ryzen 5 3600, uma RTX 4060 e 16 GB de RAM, o jogo oscilava entre 100 FPS e quedas para 46 FPS, me forçando a reiniciar o jogo várias vezes para normalizar a taxa de quadros. O uso do DLAA com Frame Generation ajudou, mas não eliminou os problemas completamente. Os crashes constantes também tornaram a experiência frustrante em certos momentos, deixando claro que a otimização foi negligenciada. E, embora o DLSS 3.5 da Nvidia esteja presente, os jogadores com placas AMD ficaram sem o FSR 3, o que certamente vai decepcionar muitos.
Um Remaster que Define Padrões
No final das contas, Dead Rising Deluxe Remaster é uma montanha-russa de nostalgia, caos e inovação. Apesar de alguns tropeços técnicos e ajustes de censura, este é o tipo de remaster que deveria servir de padrão para a indústria. Ele mantém a essência do original, ao mesmo tempo que faz melhorias significativas em áreas que precisavam de atenção. Para os fãs da franquia e novos jogadores, essa é uma experiência que vale a pena – mas com a ressalva de que, por enquanto, a otimização pode frustrar.
Em resumo, Dead Rising Deluxe Remaster me lembrou por que me apaixonei pela série, e mesmo com alguns defeitos, me deixou ansioso para ver o que mais pode ser feito com essas joias do passado. É um remaster que deve ser lembrado por sua ousadia e pela forma como respeita a nostalgia, enquanto atualiza a jogabilidade para um novo público.