Quando eu penso em RPGs, especialmente nos clássicos japoneses, Dragon Quest sempre vem à mente. A franquia foi um dos pilares dos JRPGs desde que surgiu em 1986, e o terceiro jogo da série, Dragon Quest III, marcou uma geração, formando o que hoje chamamos de Trilogia de Erdrick.
No remake Dragon Quest III HD-2D, a Square Enix e ARTDINK conseguiram pegar o espírito original e, de uma maneira fiel e visualmente deslumbrante, recriaram essa experiência. Reviver Dragon Quest III em HD-2D foi como revisitar um lugar familiar e nostálgico, mas agora com uma nova luz e detalhes que só reforçam a grandiosidade da história. Vou te contar tudo que senti e percebi nessa versão, em cada detalhe que a torna única, começando pela narrativa, passando pelo visual e chegando aos sistemas que fazem esse remake brilhar — com uma conclusão que, espero, faça você querer embarcar nessa jornada também.
Uma Jornada Que Sempre me Acolheu
É engraçado pensar que, embora Dragon Quest não tenha sido uma parte marcante da minha infância, ele sempre teve um lugar especial entre os muitos jogos que joguei. Entre todos, Dragon Quest III foi um dos meus favoritos. A arte pixelizada, o sentimento de andar por um mundo vasto ou pequenas ilhas, tudo isso me dava uma sensação de conforto. No remake, nada disso foi perdido. Pelo contrário, cada detalhe foi meticulosamente respeitado. Vamos falar sobre um pouco sobre a história? Bem, vou manter as coisas sem spoilers, claro, para aqueles que ainda não mergulharam nessa jornada que marcou diversas gerações.
A trama de Dragon Quest III nos leva a acompanhar o filho de Ortega, um guerreiro lendário que parte em busca de derrotar Baramos, o vilão da vez, mas desaparece durante sua jornada. O herdeiro, nosso protagonista, assume a missão do pai e embarca em uma aventura cheia de perigos e descobertas. Sempre achei essa conexão familiar e heróica interessante, especialmente pela forma como se vincula aos outros dois jogos da trilogia. No remake, fiquei bastante feliz com as novas cutscenes que foram inseridas. São momentos que acrescentam profundidade sem comprometer o tom original, então recomendo prestar atenção!
Visual HD-2D: Uma Nostalgia que brilha
Visualmente, Dragon Quest III HD-2D é uma verdadeira obra de arte. A Square Enix aperfeiçoou o estilo HD-2D, popularizado com Octopath Traveler, e o usou aqui para recriar com perfeição o visual do original. Imagine uma mistura entre o pixel art clássico e cenários tridimensionais ricos em detalhes — essa combinação é irresistível. A paleta de cores viva, as texturas detalhadas, e aquele efeito de desfoque no fundo (que dá uma profundidade surreal ao cenário) são um banquete visual. Toda essa beleza só intensifica a sensação de exploração do mundo, seja nos campos vastos ou nas pequenas vilas cheias de NPCs que ainda reagem de acordo com o horário do dia, algo que era inovador no original e permanece encantador.
Enquanto eu andava pelo mapa, pude perceber como a câmera e os efeitos gráficos criavam uma sensação de profundidade ainda mais mágica. Diferente de muitos remakes que só trazem a estética atualizada, Dragon Quest III HD-2D consegue equilibrar o novo e o clássico de uma maneira que me surpreendeu. É uma viagem no tempo e, ao mesmo tempo, uma celebração do quanto os visuais evoluíram, mas com o charme retrô intacto.
A trilha sonora de Dragon Quest III HD-2D é de Koichi Sugiyama, que também compôs as músicas do original. A remasterização de suas composições traz um toque renovado, mantendo o tema épico e melódico que marcou a infância de muitos jogadores. A nostalgia foi instantânea ao ouvir esses acordes, agora com qualidade sonora aprimorada.
Mecânicas que Respeitam o Original
O gameplay em Dragon Quest III HD-2D continua fiel ao original. Aqui, a exploração se mantém ampla, com aquele sistema clássico onde seu personagem é enorme no mapa e explora um mundo cheio de segredos. Os encontros aleatórios estão de volta, e as batalhas por turno continuam como no clássico — mas sem parecerem ultrapassadas. O combate tem o charme dos JRPGs dos anos 90 e início dos 2000, onde cada ação importa. Quando eu entrava em combate, pude sentir que o remake manteve o ritmo e a simplicidade que tornavam o original tão divertido, mas com sutis melhorias que deixaram o combate mais fluido.
Eu ainda posso salvar nas igrejas, e a alternância entre dia e noite, que muda a atitude dos NPCs e a dificuldade de certos monstros, continua marcando presença. Outra adição interessante está no sistema de personalidades, onde o protagonista e seus aliados possuem diferentes traços de personalidade que afetam o crescimento de atributos ao longo do jogo. Isso adicionou uma camada onde eu preciso sempre pensar como irei fazer a montagem da equipe, o que me permitiu adaptar os membros para fortalecer o grupo conforme o desafio aumenta.
A Experiência Técnica e o Desempenho
Em termos técnicos, o remake traz algumas limitações. O limite de 60 FPS pode ser decepcionante para quem prefere taxas de atualização mais altas, e jogar no teclado e mouse foi desconfortável para mim, reforçando a ideia de que a experiência foi pensada principalmente para consoles. No entanto, ao trocar para o controle, o jogo fluiu com mais naturalidade, permitindo um conforto que o mouse e o teclado não proporcionaram. No meu setup, um Ryzen 5 3600 com uma RTX 4060 e 16GB de RAM, o jogo rodou consistentemente a 60 FPS sem problemas de desempenho significativos ou bugs graves que valham a pena ser citados.
Novidades Interessantes
Uma novidade do remake é a presença de um sistema de vocações que permite personalizar os aliados, algo que aprimora a estratégia e permite ajustar o grupo ao estilo de cada jogador. No início, podemos visitar Patty’s Party Planning Place e selecionar o tipo de personagens que queremos recrutar para a equipe. Isso adiciona uma camada tática, com diferentes vocações como guerreiro, ladrão, sacerdote e até um novo “Monster Wrangler”, que traz habilidades focadas em controlar monstros e usar o ambiente ao redor.
Outro aspecto interessante são as “Helping Hands”, ou Mãos Amigas, onde você pode compartilhar personagens entre diferentes arquivos de jogo vinculados à mesma conta, o que ajuda a criar uma sensação de continuidade na aventura, especialmente para aqueles que desejam experimentar diferentes combinações de equipe. É um detalhe pequeno, mas que acrescentou uma experiencia bastante interessante para mim.
Um Remake que Faz Jus à Lenda
Dragon Quest III HD-2D Remake é uma homenagem ao legado da série e ao impacto que o jogo original teve no mundo dos RPGs. Com uma estética que respeita a essência do título, uma jogabilidade fiel e uma trilha sonora que captura toda a magia do passado, esse remake é, sem dúvida, uma experiência que vale cada momento. Ele não apenas reacende memórias, mas também cria novas, mostrando o quão poderoso um RPG clássico pode ser.
Este jogo é para quem ama a simplicidade dos JRPGs e para aqueles que querem entender por que Dragon Quest III é, até hoje, um ícone dos games. Se você quer explorar um mundo rico, com batalhas clássicas e uma história épica, não perca essa chance de viver (ou reviver) uma das maiores aventuras dos videogames. Este remake é um presente aos fãs e uma lição de como trazer o passado ao presente sem perder o brilho da nostalgia.