Blade, Buffy e Galileu, esses são alguns dos caçadores de vampiros mais famosos que passaram pela cultura pop, e confesso que o vampiro é meu monstro preferido, pelo menos dos clássicos, junto com o lobisomem e o zumbi criado por George Romero, e no momento que escrevo o texto, não lembro de outro jogo recente em que os principais inimigos são os sugadores de sangue, um que seja de fato bem divertido.

Evil West veio tímido, ganhou boas notas e mesmo assim não teve os holofotes que merecia, e como merecia mais atenção, mesclando uma simples e boa aventura, com uma jogabilidade divertida e desafiadora, os vampiros possuem um novo herói para se preocupar.

Jesse Rentier, o caçador de vampiros

Nos primeiros trailers de Evil West, a primeira coisa que vinha na minha mente era o filme que fez bastante sucesso nos anos 2000, Van Helsing – O caçador de Monstros, interpretado por nosso eterno Logan (ou Hugh Jackman, como preferir), o estilo do personagem e armas utilizadas me lembravam o longa, e após jogar creio que em uma hora ou outra devem ter pensado nesse filme para compor o game, mesmo que não diretamente.

O personagem principal é o clássico brucutu, um bloco de músculos e armas pesadas para trucidar os inimigos, Rentier faz parte de uma instituição fundada por seu pai, que criou um dispositivo para combater os filhos de Drácula, uma manopla que usa truques elétricos e permite que o usuário desfira poderosos golpes nos inimigos.

Jesse terá mais aparatos durante sua aventura, mas para não dar possíveis spoilers, citarei apenas a pistola e o rifle, o primeiro dispara uma rajada de balas e possui carregamento bastante rápido, o que no início será o que mais iremos usar, intercalando entre os socos com a manopla, em uma espécie de Gunslinger Style tirado diretamente de Devil May Cry, os combos podem terminar com o arremesso do oponente no ar enquanto fazemos uma dança aérea com as balas.

Jesse e Edgar

Os combos são simples e não possuem dificuldade alguma, apenas temos que ter em mente que o sistema de resfriamento das habilidades vai variar de ataque para ataque, alguns demoram mais e outro menos, o que entra diretamente na estratégia que o jogador pode aplicar nos combates.

E é necessário aprender usar os recursos de maneira minimamente sábia, já que os encontros vão aumentando sua dificuldade, no quesito complexidade dos inimigos e quantidade, e para completar, as combinações das hordas vão ficando cada vez mais opressoras, em contrapartida, na metade do game já estaremos mais fortes e lidar com as hordas vai exigir apenas paciência (e um tanto de habilidade para não confundir os comandos.)

Aqui o jogo trabalha com a progressão de personagem em dois grupos de habilidades, um focado nas armas de fogo e manopla, outro para combos, melhorias de vida, energia etc.

Para o primeiro grupo iremos utilizar dinheiro para comprar habilidades, que é literalmente o dólar americano, ele serve como o XP, no outro somente com pontos de perícia, e em ambos certos golpes são adquiridos com baús secretos espalhados nos caminhos opcionais, é importante explorar bastante, pois algumas das melhores habilidades são adquiridas por esses baús, Jesse contém um ataque especial ativado ao pressionar os analógicos (sim, igual God of War), que dura poucos segundos, mas é capaz de pulverizar a vida dos mais fortes adversários.)

Mesmo que os comando sejam simples e na maior parte funcionem bem, presenciei alguns bugs em que ataques passavam no vazio, dando assim uma brecha para tomar danos desnecessários o que gerava uma derrota, reiniciando assim a luta, basicamente o jogo ignorava o comando e nada acontecia, mas isso também ocorria com golpes desferidos no meu personagem, então está tudo bem (ou quase.)

Prepare o protetor solar.

Um Velho Oeste diferente

Ambiente clássico dos filmes de bang bang, o Velho Oeste em Evil West deixa de lado os duelos com foras da lei, apostando em uma história mais descontraída (mas os elementos ainda estão lá.)

Mesclar uma área assim com esse tipo de narrativa funcionou muito bem, já que teremos os clássicos tiroteios, porém com as mecânicas e toda a identidade do game, como o personagem possui armas mais fortes, quando ele faz o truque de tirar a arma de outro, atirando direto no revólver o resultado é desmembramento por explosão.

Os estilos de figuras que geralmente compõem esse tipo de aventura, misturados com os aparatos tecnológicos dão um visual muito bacana, que poderia facilmente virar uma série ou até mesmo uma revista em quadrinhos, no melhor estilo Tex, só que com toques de  Exterminador do Futuro e Preacher.

O jogo faz questão de situar a data em que ele se passa, ou quase, já que figuras histórias e elementos da época são citados diretamente, como se os acontecimentos do jogo tivessem ligação com a história do nosso mundo, por exemplo, Abraham Lincoln aparece como amigo do pai do nosso protagonista.

O trabalho feito para que Evil West tivesse sempre esse ritmo de aventura, é brilhante, uso essa palavra sem parecer exagerado, pois o jogo entrega uma obra convincente e divertida, sabendo quando pisar no freio e pegando uma velocidade constante e agradável até o fim, os amigos que aparecem durante nossa jornada são providos com o mínimo de personalidade, não que seja ruim, eles não são nem totalmente desinteressantes, nem são exemplos que ficarão na sua mente por muito tempo, mas no decorrer da aventura todos cumprem bem seus papéis.

A ambientação do jogo é bem trabalhada.

Mas os vilões são os mais divertidos a meu ver, como citei anteriormente, a aventura é simples e os malfeitores principais vão tomar uma posição clássica em seus planos, destruição total da raça humana por nos achar inferiores, dá para citar uma boa quantidade de obras com esse tipo de arquétipo.

Não se engane, eles podem ser mais carismáticos do que se pensa, mas por motivos de spoilers, prefiro deixar para quando o leitor for jogar, caso se interesse pela obra.

Como todo bom vampiro mestre, eles possuem seus lacaios, até uma parte do jogo teremos surpresas para novos tipos de capangas, mas logo eles começam se repetir, mas isso não atrapalha na diversão, se no começo teremos inimigos clássicos que aparecerão até o fim, no caminho os tipos voadores, voadores que soltam insetos, lobisomens, entre outros, irão se juntar na gangue e mais para o fim todos eles irão formar grupos bem chatos para atrapalhar nossa aventura.

Saber como lidar com cada tipo de criatura é essencial, já que o jogo possui um nível de desafio elevado para os desavisados, mesmo na dificuldade normal é possível morrer com dois ou três golpes apenas, em maiores dificuldades o jogador terá vontade de tacar o controle na parede.

Com um bom jogo de aventura, não faltam chefes para enfrentarmos, claro que alguns deles depois voltam como inimigos normais, mais fracos, porém não menos chatos e mortais, outros aparecem uma única vez nas batalhas principais, o jogo pode parecer injusto quando começamos perder demais, mas basta ter calma para entender e decorar os golpes, é questão de tempo para passarmos de fase.

O jogo conta com muitos níveis de dificuldade, dois modos de jogo, qualidade e performance, testei o jogo nos dois e por motivos óbvios fiquei na performance, prefiro mais frames por segundo do que gráficos minimamente mais bonito.

Uma boa história de vampiros tem que ter uma igreja.

E se você chegou até aqui na leitura se perguntando se é estranho ter pouca crítica ao jogo, chegou a hora de falar do que me desagradou na obra, o jogo possui poucos problemas considerados graves por quem avalia e escreve o texto em sua tela, mas não podem ser ignorados.

Como Evil West se trata de um jogo de ação com foco no combate e dependendo da opção escolhida pelo jogador, ele será bastante difícil, para isso não podem ter locais que travam a movimentação do personagem, impedindo assim que o jogador saia de cercos, levando na maioria das vezes para uma falha.

Isso ocorreu comigo mais vezes do que eu gostaria, mesmo achando uma opção para sair, que era gastar minha melhor habilidade para sair, na maioria das vezes me frustrava, pois os recursos devem ser utilizados em momentos certos e não para concertar bugs, outra coisa que irritou bastante é a hitbox nos combates, mesmo usando a esquiva com o tempo hábil para evitar um golpe (em maioria os agarres que tiram muita vida) não adiantava de nada, e dependendo da barra de energia, era fim de jogo.

Outra coisa que irrita bastante é a câmera que dependendo da situação não possui resposta rápida suficiente para que a ação indicada seja concluída, principalmente em momentos que devemos acertar pontos fracos, restando apenas esquivar e esperar outra oportunidade.

Mas mesmo com os problemas citados, não perdi a vontade de seguir com a aventura, apensar de clichê em algumas partes, reservou momentos engraçados, alguns chocantes e até mesmo um plot twist inesperado.

Nada de vampiros que brilham, aqui são os clássicos seres das trevas.

Esta análise foi feita com base em uma cópia cedida pela Focus Home Interactive, agradecemos pela confiança em nossa equipe.

Nota
Geral
8.5
evil-westOs vampiros da cultura pop vão temer um crossover com Jesse Rentier, mesclando uma gameplay insana e uma história divertida e satisfatória, Evil West entra na minha lista dos mais divertidos desse ano, um jogo equilibrado, indicado para fãs de outras obras como God Hand, Devil May Cry e God of War.