Forgotten but Unbroken, desenvolvido pela Centurion Developments e distribuído pela MicroProse Software, nos transporta para o coração da Segunda Guerra Mundial, oferecendo uma experiência de estratégia por turnos que promete ser tão desafiadora quanto envolvente. Inspirado em eventos e histórias reais, o jogo busca destacar os heróis anônimos que lutaram nas sombras contra a opressão nazista.

Uma Imersão na Resistência

Desde o momento em que iniciei minha jornada em Forgotten but Unbroken, fui imediatamente transportado pela profundidade narrativa que o jogo oferece. Assumimos o papel de Martin, um comandante da resistência que, junto a um grupo diversificado de combatentes, enfrenta desafios monumentais nas florestas da Tchecoslováquia ocupada. A narrativa é rica, entrelaçando eventos históricos com histórias pessoais que adicionam camadas de emoção e realismo à experiência. A dedicação dos desenvolvedores em retratar com precisão os eventos da época é bem respeitável, proporcionando uma perspectiva única sobre os sacrifícios e dilemas enfrentados por aqueles que ousaram resistir.

Estratégia em Cada Movimento

A jogabilidade de Forgotten but Unbroken é uma verdadeira prova de habilidades táticas. Cada decisão, desde o posicionamento de unidades até a gestão de recursos, requer um planejamento meticuloso. O sistema de combate por turnos é intrincado, oferecendo uma variedade de classes e habilidades que permitem abordagens diversas para cada missão. No entanto, a curva de aprendizado é íngreme. Mesmo como um veterano em jogos de estratégia, encontrei-me desafiado pelas complexidades apresentadas. A necessidade de gerenciar cuidadosamente os pontos de ação (AP) para cada unidade adiciona uma camada adicional de estratégia, exigindo que cada movimento seja cuidadosamente considerado.

Um dos pontos altos de Forgotten but Unbroken é seu compromisso com o realismo histórico. O jogo não apenas apresenta personagens baseados em figuras reais da Segunda Guerra Mundial, mas também integra eventos históricos de forma orgânica na narrativa. Por exemplo, durante a campanha, somos confrontados com missões que refletem operações reais da resistência, adicionando uma camada de profundidade e autenticidade à experiência.

Além das batalhas táticas, Forgotten but Unbroken oferece uma robusta mecânica de gestão de base. Somos responsáveis por recrutar e treinar novos membros para a resistência, além de gerenciar recursos escassos que são vitais para a sobrevivência e eficácia do grupo. A construção e melhoria de instalações dentro da base adicionam uma camada estratégica adicional, exigindo que priorizemos quais estruturas desenvolver primeiro, de acordo com as necessidades imediatas e futuras.

Desafios e Dificuldades

Não posso deixar de mencionar a dificuldade apresentada pelo jogo. Mesmo para jogadores experientes em títulos de estratégia, Forgotten but Unbroken apresenta desafios que exigem paciência e pensamento crítico. As missões são projetadas de maneira a punir movimentos impulsivos, recompensando aqueles que abordam cada situação com cautela e planejamento. A IA inimiga é implacável, aproveitando-se de qualquer erro cometido, o que adiciona uma sensação constante de tensão e urgência. Essa dificuldade, embora possa ser desafiadora, aumenta a sensação de realização ao completar com sucesso uma missão particularmente árdua.

Desafios Técnicos e Mecânicos

Embora a experiência geral seja muito boa, encontrei algumas dificuldades técnicas que impactaram a jogabilidade. A interface do usuário, por vezes, mostrou-se desajeitada, especialmente em momentos críticos onde a precisão é essencial. Além disso, senti falta de explicações mais detalhadas sobre certas mecânicas do jogo, o que pode ser frustrante para jogadores que estão se aventurando pela primeira vez nesse gênero. Um aspecto que me incomodou foi o fato de que as unidades não interrompem seu movimento ao avistarem um inimigo, o que pode levar a situações desfavoráveis caso não se avance com cautela.

A ausência de uma função de “vigilância direcional” também limita a capacidade de planejar emboscadas eficazes, uma ferramenta essencial em jogos de estratégia por turnos. Esses elementos, embora não comprometam totalmente a experiência, podem diminuir a imersão e a satisfação em momentos críticos.

Desempenho e Visual

No meu PC, rodando com um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, o jogo manteve uma média sólida de 80 FPS em 1080p com todas as configurações no máximo. O desempenho foi estável, sem quedas bruscas ou travamentos, o que é um ótimo sinal para um jogo de estratégia por turnos. Além disso, não encontrei nenhum bug durante minha experiência, o que é um ponto positivo, considerando que muitos jogos desse gênero costumam ter pequenos problemas técnicos no lançamento.

Já no quesito visual e trilha sonora, Forgotten but Unbroken consegue criar uma atmosfera imersiva. Os cenários são bem trabalhados, refletindo fielmente a Europa devastada pela guerra, com texturas detalhadas e uma ambientação bem construída. As animações dos personagens poderiam ser mais polidas, especialmente nas expressões faciais, mas isso não compromete a experiência. A trilha sonora é discreta, mas eficaz, trazendo composições que reforçam o clima tenso das batalhas e a urgência das missões, enquanto os efeitos sonoros dão um peso satisfatório a cada ação no campo de batalha.

A guerra pode ser vencida, mas a resistência nunca termina

Forgotten but Unbroken te joga no fogo sem aviso, sem garantias e sem segundas chances. Não importa o quão bem você planeje, sempre há aquele momento em que tudo desmorona e a única coisa que resta é se adaptar ou cair. Ele não celebra heróis, não romantiza a guerra – apenas te joga no caos e te obriga a sobreviver.

As imperfeições estão lá, mas não apagam o peso da experiência. Cada movimento no campo de batalha carrega uma tensão real, cada erro traz consequências, e cada vitória parece conquistada com sangue e sacrifício. Quando a missão acaba, não há alívio, apenas a certeza de que a luta continua – porque a resistência não precisa ser lembrada para existir.

Nota
Geral
8.0
forgotten-but-unbrokenForgotten but Unbroken entrega uma experiência intensa e estratégica, exigindo raciocínio rápido e adaptação constante. A dificuldade elevada e a necessidade de planejamento tornam cada decisão significativa, enquanto sua ambientação captura bem a tensão da resistência na Segunda Guerra. Apesar de algumas falhas técnicas e mecânicas que poderiam ser mais refinadas, o jogo se mantém envolvente e desafiador. Para quem busca um jogo tático exigente e imersivo, ele vale a investida.