Em 2005 os donos de PlayStation 2 conheceram um certo deus que se tornaria um dos mais queridos personagens da indústria, sanguinário e sedento por vingança, com um estilo de game bem recebido, muitas sequências seriam feitas e a verdadeira destruição do Olimpo seria o ponto final de seu ciclo vingativo.

Mas poucos podiam sequer imaginar que a versão assassino de deuses daria lugar para um pai dedicado, amoroso e que sua determinação seria voltada ao ensino de seu filho, em mantê-lo seguro e preparado para os perigos da vida.

E que um ser praticamente imbatível, poderia ser tão vulnerável aos mais singelos sentimentos, Kratos sai de seu reino e migra para viver como humano, mas o passado segue o antigo deus da guerra, a saga nórdica entre pai e filho se encerra em um dos mais épicos e emocionantes jogos de 2022.

Confira o nosso podcast sobre o game, sem spoilers.

Fimbulwinter, o inverno dos invernos

Ao fim do jogo anterior, novos conflitos foram implantados e dúvidas surgiram para o destino dos personagens, teorizar elas , foi o trabalho dos fãs durante esses longos anos, claro que Kratos não iria se contentar em protagonizar o caos somente em sua terra, ele tinha que adiantar o inverno mais terrível que afeta os nove reinos e em seu fim o apocalipse nórdico tem início.

Seria chover no molhado afirmar que God of War Ragnarök é incrível, pelas prévias dadas pela Sony e pelos trailers mostrados, tudo indicava uma jornada tão épica quanto o do jogo de 2018.

Mas o que eles reservaram foi algo além das minhas expectativas, o jogo se inicia de uma maneira caótica, ao mesmo tempo que nos entrega uma carga emocional avassaladora, os acontecimentos do jogo anterior pesam sobre os ombros dos nossos heróis, a luta pela sobrevivência de um deus “aposentado” e seu filho já começa em um ritmo alucinante, se quando Baldur visitou e lutou contra Kratos, nós tivemos uma introdução repleta de ação, o começo do novo jogo eleva isso em um grau absurdo.

Logo de cara muitas surpresas são anunciadas e percebemos que fomos enganados por muito do material usado para divulgar o jogo, o que é muito bom, ser pego desprevenido assim.

O adiantamento da profecia, a corrida contra o tempo e o embate contra uma mãe enfurecida são alguns dos pontos que irão mover os personagens para uma nova aventura.

Mas calma, eu seria incapaz de dar qualquer informação que estragasse sua experiência, o que posso confirmar é que, em mais ou menos quarenta minutos de jogo, você vai se emocionar, vai vibrar com uma das melhores cenas da história da saga e entender que essa sequência irá mudar o significado da palavra aventura.

Não há nada que tenha sido prometido e que não seja entregue, é o desfecho da saga nórdica perfeito, que responde e coloca novas perguntas na trama, essas que até o fim da jornada serão solucionadas.

O inverno que desceu sobre a região, não só trouxe o frio intenso, mas novas ameaças como caçadores, helivagos e outros monstros que irão atrapalhar a jornada de pai e filho.

O que impressiona em God of War Ragnarök, é que ele além de manter tudo que era bom, fez questão de lapidar e tornar ainda melhor.

É aquele tipo de jogo impossível de largar depois dos primeiros vinte minutos, onde o jogador só quer saber onde o destino de cada personagem vai nos levar, até porque agora temos exatamente nove reinos para nos aventurar, alguns já conhecidos e outros inéditos, e visitar eles pela primeira vez renova a sensação de surpresa para o título que segue semelhante ao anterior.

Uma jornada pelos nove reinos

Desde que começaram a dar detalhes sobre o novo jogo, foi dito que iriámos viajar pelos nove reinos da terra nórdica, algo aguardado por muitos fãs, a sensação de aventura quando se tem mais locais para visitar se torna maior e mais gratificante, ora, eu estava ansioso para conhecer a terra dos anões, Nidavellir e revisitar Muspelheim para mais desafios.

Sem dúvidas o jogo de 2018 é maravilhoso, repleto de momentos épicos e missões marcantes, mas o salto dado de um para o outro, principalmente em termos de exploração é bem significante, agora existem mais locais e cada local tem uma variedade enorme de coisas para fazer, já temos os conhecidos corvos de Odin para caçar, os baús nornir, além de missões secundárias que possuem histórias fantásticas, algumas são simples e outras mais complexas que contam até mesmos com chefes novos.

E ir atrás desses objetivos não me pareceu em nenhum momento maçante, em determinado ponto do jogo temos que realizar um ato nobre, para libertar algo, e ao finalizar as duas missões temos diálogos que enriquecem a relação entre os personagens, além de informações que servem como complemento para a trama principal.

Algo bastante criticado no jogo anterior, era a diversidade de chefes, tinham os trolls, os ogros e os elementais, já em Ragnarök isso muda completamente, temos muito mais chefes para enfrentar, de diferentes tipos, com designs novos, golpes e formas de lutar distintas, para citar somente alguns e deixar a surpresa para cada um, temos os berserkers, guerreiros caídos que podem ser desafiados durante a jornada e os alfas de certas espécies de monstros, que serão as versões mais fortes.

Há também subchefes encontrados no caminho para as missões principais e outros que são encontrados ao explorar os mapas, por todo lugar teremos algo para fazer e desafios para testarmos nossas habilidades.

E para completar a motivação para procurarmos cada segredo do mapa, algumas missões farão referencias e darão continuidade há muito do que foi visto em God of War 2018, como a história de Sigrun, a rainha das valquírias.

Além dos artefatos colecionáveis, em especial uma nova coleção que fará o jogador se alegrar em encontrar todos, e claro que terão mais coisas relacionadas aos acontecimentos principais, que irão gerar mais missões secundárias para serem finalizadas.

O Deus da Guerra de Esparta

O combate do jogo basicamente não precisaria ter modificações, mas os desenvolvedores resolveram (para nossa alegria) incrementar mais coisas e dar um leque de possibilidades aos jogadores, começamos com as armas do game anterior e elas terão já de início novos movimentos que facilitam o combate e geram novos combos durante as lutas, o machado pode ser imbuído em gelo para o primeiro golpe gerar mais dano físico e elemental, deixando assim o oponente vulnerável para o combo que vier.

E isso pode ser feito por diversas vezes, assim todas as estratégias podem mudar de luta para luta, habilidade semelhante está presente nas lâminas do caos, que farão os inimigos arderem em chamas.

Agora os adversários que caem somente com determinado efeito estão com maior presença, alguns possuem escudos de gelo, que somente levarão dano depois de serem golpeados pelas lâminas, e os com escudos de fogo que caem para os golpes de machado.

A árvore de habilidades segue o exemplo do game anterior, cada nível upado vai abrir ainda mais opções de golpes, e a familiaridade deles está de volta, mas com um diferencial, agora certos golpes terão uma contagem de vezes que precisam ser usados em combate para que eles ganhem um status a mais, quando o requisito for concluído poderemos incluir um amuleto que aumenta o dano de gelo, fogo, físico etc.

Atreus participa ainda mais dos combates e conta com novas invocações e comandos extras, conforme os combos de Kratos vão trucidando os inimigos, comandos podem aparecer em tela e ao serem executados dentro da janela de tempo, o filho complementa o golpe do pai ou abre uma janela para que o combo continue.

O sistema de defesa também  mudou, existem diferentes tipos de escudos, que servem obviamente para defesa, mas alguns focam no contra-ataque, outros oferecem uma maior ofensiva e há aqueles que servem para interceptar com maior facilidade certos ataques.

A forma de combate ainda segue divertida e com as novas adições tudo flui ainda melhor, as arenas em que ocorrem combates já roteirizados, contam com interações pelo cenário, possibilitando que mais estratégias sejam aplicadas, como pedras que podem ser arremessadas para causar um grande dano ou ganchos para realizarmos poderosos golpes aéreos.

Sem desculpas, só melhore

God of War Ragnarök expande a história apresentada e nos mostra como uma narrativa pode sofrer uma mudança gigante e não perder a qualidade, ao contrário, tornar-se ainda mais épica, justamente o caso desse game que continua a saga de Kratos e Atreus, em uma história que vai trazer diversas emoções aos jogadores, em todos os capítulos algo épico acontece, a relação dos personagens principais aumenta.

Algo que também irá acontecer com os secundários, muitos segredos irão surpreender o jogador, algo que torna essa uma história muito única em um reino bastante conhecido, os contos de Mimir, os relatos de Kratos sobre sua vida em Esparta e até mesmo a busca por respostas de Atreus nos envolvem em uma imersão maravilhosa.

O jogo possui pontos tão altos, tantas reviravoltas, que será impossível jogar essa aventura uma única vez, os segredos são de alto nível, em um jogo que mescla ação frenética com uma emoção forte, Kratos se tornou exemplo de como mudar um personagem e deixá-lo com uma excelente bagagem.

E esse legado passa automaticamente para seu filho, onde os dois terão que entender cada escolha e superar os desafios novos juntos, cada momento dos dois está ainda mais admirável de se ver.

Em termos de gráfico, o jogo é ainda mais bonito que a versão de 2018, com belas texturas e iluminação, a direção é um espetáculo e as cenas são de encher os olhos seguindo o padrão de não possuir cortes.

Além de ter uma trilha sonora sensacional, que aparece em pontos calculados para que fiquem na memória dos jogadores.

A dublagem nacional segue maravilhosa, com momentos que captam perfeitamente o sentimento do personagem.

God of War Ragnarök finaliza a saga nórdica com um dos mais incríveis jogos de 2022, uma jornada épica em todos os sentidos, um trabalho excepcional, Kratos e Atreus nos levam para um caminho completamente oposto de tudo que foi apresentado pela saga lá atrás, é sobre os sentimentos mais puros e como eles são capazes de nos transformar, sobre aceitar o passado e trilhar um destino que parecia não existir, uma obra única.

Esta análise foi feita com base em uma cópia cedida pela PlayStation Brasil, agradecemos pela confiança em nossa equipe.

Nota
Geral
10.0
god-of-war-ragnarokOs nove reinos irão se lembrar de Kratos, Atreus e seus feitos, uma aventura que merece ser apreciada por todos os jogadores, donos de PlayStation ou não, uma história profunda sobre os laços que nos unem.