Quando a trilogia Batman foi finalizada, por muito tempo foi considerada uma das melhores adaptações de um herói para essa mídia, alguns ainda cultuam o jogo do Homem-Morcego, e com razão, mesmo com os deslizes do terceiro jogo, a franquia ainda é muito bem-vista, assim como outros títulos que trouxeram para nós outros heróis queridos, Marvel’s Spider-Man e Guardians of the Galaxy são bons exemplos de como tratar esse tipo de personagem.

E um jogo de herói precisa ter algo (em minha humilde opinião) que deve ser um par com a jogabilidade, que é a sensação de aventura, afinal de contas é isso que eles fazem, vivem aventuras, certo?

Seja como for, o Batman está entre uma das figuras mais emblemáticas da cultura pop, a figura do vigilante possui quase que um culto de fãs espalhados por todo o mundo, não atoa diversas mídias foram lançadas exclusivamente para ele, mas será que uma obra baseada apenas em seus pupilos funciona?

A Queda do Morcego

Sabemos que a história do jogo se passa após a derrota do Batman, o jogo inicia exatamente nesse ponto, mas calma, não irei revelar o vilão que ele está enfrentando, pois se foi uma surpresa pra mim, quero que seja pra quem for jogar, mas a cena é muito bonita e com bastante ação, além de ser um tanto extensa, vemos o playboy vigilante tombar em uma luta bem brutal, a narrativa vai partir desse ponto e pelo motivo do ataque do tal vilão, e nesse ponto Gotham Knights trabalha bem com toda a mitologia dos vilões e heróis.

A falta da figura principal que defende Gotham é um pouco estranha de imaginar, já que o resto da “família” do Bruce Wayne sempre foi ligada diretamente ao seu mentor, e me lembro de poucas vezes que vi história do Robin agindo sozinho e que me chamaram atenção, é uma proposta ousada e a meu ver arriscada, mas que aqui atendeu ao requisito mínimo para que não caísse em algo de extremo tédio.

O jogo vai deixar você livre para agir com qual personagem desejar, sendo que cada um possui suas particularidades, Batgirl é um misto de agilidade com combinações de combos, Asa Noturna é bastante ágil e mescla golpes especiais focados em acrobacias, Capuz Vermelho ataca de longe com as pistolas e possui golpes pesados, já o Robin é extremamente veloz com golpes capazes de deixar os inimigos inertes.

Todos eles podem ser evoluídos em um esquema de RPG, existem três partes para melhorias, corpo-a-corpo, traje (que seria nossa armadura) e longo alcance, batarangues, estilingues etc.

O que peca aqui é que um personagem pode se mostrar extremamente mais interessante que outro, e senti que eles deixaram um pouco de lado o Asa Noturna e o Capuz Vermelho, a gameplay com eles parece mais travada, as animações não são tão boas quanto as do Robin ou da Batgirl posso estar enganado, mas após testar os quatro em missões, optei por seguir com apenas um deles, para não ter que se adaptar toda vez.

Há possibilidade de jogar com um outro jogador, cada um controlando um herói, mas até o momento que finalizei a análise, não consegui nenhuma conexão para testar esse modo.

Sinto que eles poderiam ter deixado o jogo apenas com o protagonismo das figuras mais conhecidas, ter quatro integrantes serve mais para um entrosamento quando estamos no campanário (que seria nosso QG, em Gotham Knights) do que de fato para a narrativa, não importa se você vai com um personagem atrás da Alerquina ou com outro, no fim o resultado é o mesmo.

Então escolha o personagem que mais lhe agrada e siga sem medo.

Os Cavaleiros de Gotham

A progressão durante o jogo é bastante simples e não apresenta nada que o jogador deva se preocupar, as habilidades serão conseguidas conforme você vai upando e liberando pontos, esses que serão gastos onde for melhor, dependendo de como cada jogador age, basicamente tudo vai disponibilizar experiência, resolver crimes, enigmas, e claro, passar as missões principais e secundárias, por toda a cidade teremos atividades que precisam de uma ajuda dos vigilantes, então, se deseja subir de nível rápido, trate de impedir o máximo que arruaceiros deixem a cidade anda pior.

Diferente dos jogos anteriores, as tarefas aqui são bem fracas em termos de criatividade, quase todas se resumem ao resgate de civis ou apenas a eliminação de uma onda de inimigos, o que muda é a abordagem que cada fase pede, se você seguir os pontos solicitados, ao fim da missão mais experiência será obtida.

Mas se você não quiser seguir, se a missão não tiver algo que peça obrigatoriamente furtividade, como desarmar bombas, pode chegar descendo a pancada que não tem problema.

As missões são chamadas de dossiês, elas estarão no quadro principal do campanário, e aqui entra um dos pontos que mais me agradou nesse jogo, para solucionar os casos principais da campanha, após uma sequência de missões, teremos que sair em patrulha e coletar provas, investigar, interrogar e solucionar casos que levarão para a trama central, ora, não somos os aprendizes do melhor detetive do mundo?

Então que honremos esse legado, dar uma de detetive foi agradável, é muito divertido ficar explorando as mansões, cavernas, prisões etc.

Os personagens possuem habilidades únicas que servem como especiais, e elas evoluem conforme vamos jogando, tonando assim as estratégias de combate ainda melhor.

Sem contar que os golpes podem ser melhorados quando adicionamos dano elemental, fogo, gelo ou químico são alguns exemplos de como podemos deixar ainda mais implacável a luta contra o crime, paralisar os inimigos enquanto cuidamos de outro ajuda muito contra as hordas.

E cada vez que saímos em patrulha, podemos salvar civis e obter informações por interrogatórios dos vilões, ao voltamos para o campanário uma noite se encerra e as informações vão para o quadro de investigação.

Tudo para depois sair no soco com um tanto de vilões, executar essas investigações antes de um grande ato, creio que enriqueceu o jogo, apesar de que alguns poderão achar chato o fato de não poder ir direto para os finalmente.

Apesar de ter esse tom detetive, o melhor estilo Noir de Gotham, o resto da cidade não possui a mesma intensidade que havia na trilogia do morcego (apesar de não ter ligação com os jogos da série Arkham, as comparações são inevitáveis), fora a campanha principal, pouca coisa extra nos chama atenção e faz queremos investir tempo, quando decidi patrulhar por conta, logo fiquei cansado por não ter a emoção que existem nas nos dossiês, falta esse chamado para fazer o 100% do mapa, até mesmo pra liberar pontos de viagem rápida é chato e trabalhoso de maneira desnecessária.

A corte das corujas tudo vê…

Aqui entramos na melhor parte do jogo (pelo menos pra mim, que aprecio as histórias do Batman) que é a trama principal do game, eles abordaram um dos desafios mais difíceis que o Batman enfrentou nas histórias em quadrinhos, e jogou de uma maneira simplória, mas efetiva na narrativa, a corte das corujas é uma seita que, segundo a lenda, é mais antiga que a própria Gotham, eles ergueram praticamente todos os grandes pilares da cidade, a mística que envolve o grupo é muito interessante, e o desenrolar da história é muito divertido, com partes que envolvem o sobrenatural, a atmosfera ritualística quase maçônica é um dos pontos altos desse grupo de vilões.

Quando começamos a investigação, as missões tomam um ar sombrio, o que me deixou imerso nessa narrativa, por serem o tema principal e os grandes vilões do jogo, em torno deles estão os momentos com maior ação e as grandes revelações da trama, mesmo em uma missão de infiltração ou em uma fuga desenfreada, as missões não enjoam ou ficam repetitivas, tudo flui bem, como em um bom capítulo de uma revista clássica.

Ao chegarmos na metade do game, estamos familiarizados com os personagens, mesmo jogando com um único personagem por muito tempo, pois durante as cinemáticas os diálogos e interações entre si servem para nos apresentar para a família Batman, mas mesmo assim, senti que poderiam ter feito o jogo do jeito que ele está, mas com menos personagens.

Por exemplo, poderia ter apenas o Robin e a Batgirl, funcionaria melhor, e indo um pouco mais longe, se tivesse apenas um dos dois, talvez funcionasse melhor, bastava o Alfred e um ou dois patrulheiros para gerir uma cidade que perdeu seu principal protetor.

Mesmo para um inimigo tão sinistro como a corte, com quatro personagens, o que temos são linhas de narrativas bobas, um texto fraco, uma piada que encaixa as vezes, mas é raro, arrisco dizer que só aceitei algumas frases por conta dos personagens, já que são conhecidos da cultura pop.

Cavaleiros obsoletos

Eu não sei o nível de exigência dos jogadores, mas imagino que quem paga um valor elevado em um console, é porque quer pelo menos algo para jogar que seja evoluído em relação seu console anterior, e Gotham Knights parece ter sido lançado antes do Arkham Knight, graficamente ele não é feio, mas é inferior aos jogos anteriores, até mesmo em termos de gameplay.

As animações até podem ser bonitas e bem feitas, mas falta algo que os jogos do morcego tinham, falta uma fluidez nos combates, não é um grande problema, depois que se acostuma com a velocidade do jogo o combate fica divertido, e um jogo rodar apenas em 30 fps quando se tem o termo “nova geração” na mídia, chega ser bizarro, não tem motivo para tal limitação, e não precisamos falar sobre jogos maiores, é inaceitável, ponto.

E como consumidores, temos que exigir o melhor que possa ser entregue depois que investimos nosso dinheiro, e ter desenvolvedores que escolhem um trabalho mais simples, se é que pode ser chamado assim, ao invés de uma experiência final mais agradável é desanimador.

E o jogo claramente poderia ter sido melhor se tivesse um pouco mais de carinho, certo de que analiso apenas como jogador, mas há exemplos no mesmo universo de Gotham Knights que comprovam minha teoria.

Esta análise foi feita com base em um cópia cedida pela Warner Bros. Games Montréal, agradecemos pela confiança em nossa equipe.


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Nota
Geral
7.5
gotham-knightsGotham Knights vai agradar os fãs das histórias do Homem-Morcego, mas pode e vai frustrar certos jogadores, o que é compreensível, se você for sem expectativas talvez seja melhor.