Indiana Jones sempre foi algo que marcou a minha vida e principalmente infância. Desde pequeno, eu adorava os filmes, o clima de aventura e mistério. Principalmente, era viciado nos jogos LEGO Indiana Jones, que trouxeram uma forma fiel e engraçada dos primeiros filmes. Como um fã ávido, eu sempre quis novas histórias do nosso arqueólogo favorito, mas fiquei com receio quando anunciaram Indiana Jones e o Grande Círculo.
Primeira pessoa? Como isso funcionaria? Passei horas me questionando sobre a direção que tomariam. Porém, quando finalmente tive a oportunidade de jogar, pude embarcar em uma aventura digna de Indy (para os íntimos), viajando pelo mundo em busca de respostas para o misterioso Grande Círculo.
Desenvolvido pela MachineGames e distribuído pela Bethesda Softworks, o jogo prometia capturar a essência dos filmes, mas será que ele realmente conseguiu?
Uma História Clássica que Honra a Franquia
A história começa com uma homenagem icônica ao início de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, e logo somos jogados em uma tempestade noturna caótica. Indy desperta em meio a barulhos estranhos e um rastro de destruição em seu museu, levando-o a um confronto intenso com um homem misterioso e imponente. O tom é estabelecido: algo grandioso e perigoso está prestes a acontecer.
Não quero dar spoilers, mas posso dizer que a narrativa é uma verdadeira carta de amor aos três primeiros filmes. Ela é simples, clássica e extremamente divertida. A jornada de Indy conecta missões principais, secundárias e mistérios de forma fluida, criando um fluxo natural de exploração. A sensação é de estar dentro de um filme da franquia, vivendo momentos de pura aventura e suspense. A liberdade de explorar cenários é outro ponto forte que me deixou satisfeito.
O ritmo da narrativa é bem construído, com reviravoltas e momentos de tensão que me fizeram sentir exatamente como se estivesse na pele do próprio Indiana Jones. Cada novo local explorado adiciona camadas à história, com desafios únicos e elementos históricos que expandem ainda mais o universo do jogo. A forma como o enredo se desenvolve, sem forçar a barra, é algo que me agradou muito.
Primeira Pessoa? Uma Surpresa Positiva
Minha maior preocupação era a perspectiva em primeira pessoa no jogo, ainda mais sendo algo de aventura. Será que funcionaria para um jogo do Indiana Jones? Para minha surpresa, funcionou – e muito bem! A imersão é um dos grandes trunfos do jogo, especialmente nos combates. Indy sempre foi conhecido por usar qualquer coisa ao seu alcance, e aqui isso é traduzido de forma brilhante. Você pode pegar uma vassoura, uma escova ou qualquer objeto do cenário para nocautear os inimigos. A pistola também está presente, mas o jogo é bastante punitivo se você abusar dela.
O icônico chicote também está lá, funcionando como uma ferramenta versátil. Ele pode ser usado para desarmar inimigos, resolver puzzles e atravessar o cenário, mantendo a fidelidade ao personagem. Não há nada mais satisfatório do que puxar um inimigo desprevenido com o chicote ou usá-lo para escapar de uma emboscada iminente.
O combate em si é um misto de planejamento e improviso, o que combina perfeitamente com a essência do personagem. Existem momentos em que um ataque direto parece ser a melhor solução, mas logo percebemos que o uso de stealth e dos objetos do cenário traz muito mais recompensa e diversão.
Puzzles que Fazem Você se Sentir o Próprio Dr. Jones
Resolva enigmas, observe o cenário e preste atenção no que Indy diz – essa é a chave para vencer os puzzles de O Grande Círculo. Eles são simples, mas envolventes, e trazem aquele charme de estar na pele do próprio arqueólogo. Em alguns momentos, precisei parar, pensar e explorar bastante o local para encontrar soluções. A dificuldade é equilibrada, proporcionando um desafio prazeroso sem ser frustrante.
O que mais me impressionou foi a forma como os puzzles são integrados ao ambiente e à narrativa. Não são apenas desafios jogados no mapa, mas sim partes orgânicas da exploração. Prestar atenção aos detalhes, aos diálogos e até mesmo aos objetos encontrados no cenário é crucial para desvendar os segredos do Grande Círculo.
A Decepção: A IA dos Inimigos
Infelizmente, nem tudo são flores. A inteligência artificial é, sem dúvida, um dos pontos mais decepcionantes do jogo. Houve momentos em que passei na frente dos inimigos e fui completamente ignorado. Outras vezes, derrubei um inimigo ao lado de outro, e ele simplesmente fingiu que nada aconteceu. Como o jogo utiliza muito stealth, isso quebra um pouco a imersão e deixa a experiência menos desafiadora do que poderia ser. Combate direto nem sempre é a melhor solução, então depender do stealth torna essa falha ainda mais evidente.
Essa inconsistência prejudica um pouco a tensão dos confrontos. Imagine planejar um movimento estratégico e perceber que o inimigo simplesmente não reage. Isso tira parte da diversão e faz com que a mecânica de stealth pareça menos recompensadora do que deveria.
Visual e Trilha Sonora – Um Espetáculo Parcialmente Comprometido
Visualmente, Indiana Jones e o Grande Círculo é deslumbrante. Cada ambiente é ricamente detalhado, trazendo um realismo impressionante. A pesquisa histórica é evidente, com referências a eventos e figuras importantes da humanidade, mesmo que negativamente. É como se você estivesse explorando lugares reais, cheios de vida e história.
Por outro lado, a trilha sonora é um ponto misto. Embora conte com trechos do lendário John Williams, um dos meus compositores favoritos, senti falta de uma presença mais forte do seu estilo marcante. Ainda assim, a música cumpre bem seu papel ao ambientar os momentos-chave da aventura.
Problemas Técnicos – A Espada de Dois Gumes
Aqui as coisas complicam. Minha experiência foi em um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, mas o jogo é bastante exigente. Ele obriga o uso de uma GPU compatível com Ray Tracing, sem opção de desativá-lo. Ao testar em uma RX 7600, tive sérios problemas de desempenho.
Na minha RTX 4060, o jogo apresentou tela preta em algumas configurações, e o DLSS 3 limitou os FPS a contagens baixas como 10-20, em vez de ajudar. Em um momento específico, ao chegar no Egito, toda a areia ficou com textura bugada, e a solução foi formatar o PC. Sim, formatar o PC!
Apesar desses perrengues, usando DLAA com todas as configurações no máximo em 1080p nativo, consegui uma média de 63 FPS, o que proporcionou uma experiência aceitável.
Uma Aventura Que Vale a Pena?
Indiana Jones e o Grande Círculo é uma aventura digna do nome que carrega. Ele captura o espírito dos filmes clássicos, com uma história envolvente, puzzles divertidos e uma perspectiva em primeira pessoa que surpreende positivamente. Porém, não há como ignorar os problemas técnicos e a falha gritante na IA, que prejudicam a experiência em momentos cruciais.
Se você é fã de Indiana Jones, como eu, o jogo é uma experiência que você deve viver, mesmo com suas falhas. No fim das contas, a jornada pelo Grande Círculo ainda vale a pena, porque o Dr. Jones, com sua coragem e charme inigualáveis, continua nos lembrando que aventura e história caminham lado a lado. Afinal, como ele mesmo diria: “Não são os anos, meu querido, são os quilômetros.”