Existem jogos que nos prendem na frente da TV por motivos que demoramos para entender, aos poucos, ao desbravar os primeiros minutos, que rapidamente se transformam em horas, vamos percebendo os motivos que nos fazem querer seguir ainda mais para uma obra que aparentemente não teria tanta relevância.

Títulos como Hollow Knight, Limbo e Inside, marcam não só pela narrativa, mas pela estética apresentada, algo que permanece mesmo depois de tanto tempo.

Lost Epic teria tudo para se destacar entre um dos melhores jogos de ação que deram as caras no atual console da Sony, mas a falta de um tempero extra transformou o prato principal em um simples aperitivo.

Era uma vez um cavaleiro…

O jogo segue uma narrativa já vista em diversos jogos, principalmente nos rpg’s de ação que saíram recentemente, acordamos e somos apenas uma sombra com aparência humanoide uma voz nos chama e seguimos pela floresta (ambiente clássico para uma aventura.)

Então iremos conhecer a bruxa Cecil, essa será nossa guia durante toda nossa jornada, na tela de customização podermos escolher nossa aparência, mas nada de penteados, pelos faciais, cor dos olhos ou qualquer coisa do tipo.

Os corpos são todos padronizados, há uma certa quantidade, mas são todas já feitas e nada pode ser mudado, podemos escolher a entonação da voz e apenas isso.

Após isso, iremos receber o que seria nossa grande tarefa, acabar com os deuses que ao que parece, distribuem terror desde que chegaram, a história é um tanto quanto comum; havia deuses comuns, que governavam de maneira justa, mas os novos deuses chegaram e uma nova era começou.

Cabe ao nosso pequeno cavaleiro exterminar cada um dos novos deuses para que tudo volte ao normal, partimos então para o tutorial que basicamente é aprender os combos que farão toda a diferença no game, mas deixemos para mais tarde.

A narrativa carece de cenas dariam maior profundidade ao jogo, já que o game apresenta uma arte que lembra os animes, poderiam ter criado algo para brilhar os olhos, versões dos deuses em alta definição etc.

Mas optaram por contar toda a jornada através de textos e algumas imagens, e mesmo assim, isso ocorre apenas no começo e bem no final da história.

A estética do mundo é muito bonita, com cores vivas e efeitos de luz que saltam da tela em flashes absurdos, o que deixa aquele ar de descoberta ainda melhor sempre que chegamos em outro mapa.

 Assim como Stranger of Paradise – Final Fantasy Origens, em Lost Epic é possível ter mais de um estilo acoplado ao personagem, ao iniciarmos, termos apenas a espada com uma simples magia para golpes antiaéreos, um pouco mais para a frente iremos iniciar as aulas para desbloquear outras armas.

No arsenal teremos espadas curtas, longas, arcos, lanças e katanas, além de manoplas flutuantes que irão canalizar diversas magias, seja elas ofensivas ou defensivas.

Lost Epic em seu trailer afirmava ser um jogo para os jogadores mais “hardcore”, há jogadores que gostam do estresse causado por esse tipo de obra, e isso pode atrair alguns apenas por essa experiência desafiadora, mas temos que ir com calma.

Há uma quantidade exorbitante de magias, buffs, habilidades passivas, inúmeros pontos que podem ser distribuídos em um total de vinte páginas, é tanta coisa que para preencher tudo levariam horas e horas.

Porém se direcionado para duas ou no máximo 4 páginas de habilidades, será possível montar uma build eficiente para todos os desafios do jogo, e algumas habilidades só podem ser adquiridas ao completar certas missões ou ao derrotar determinados chefes.

Desde o início praticamente todo o mapa está aberto, exceto por áreas acessadas apenas com habilidades especificas, e é comum achar que o jogo está impossível de prosseguir por conta da dificuldade elevada, quando na verdade talvez não tenhamos prestado atenção em um ensinamento ou outro.

Os status são os clássicos de rpg: força, destreza, vitalidade etc. Mas um outro é o principal entre derrota e vitória, o espírito, quanto maior, mais vantagem você terá sobre o chefe da área, caso você não esteja forte suficiente, a luta será demorada e bastante trabalhosa, mas basta passar alguns minutos realizando as mais variadas missões secundárias para ganhar níveis extras de espírito.

Nessas tais missões, habilidades e armas novas poderão ser encontradas, tornando as batalhas antes frustrantes, um verdadeiro passeio no parque.

Humanidade vs Deuses

Quando encontramos os primeiros chefes (não citando aqui os principais, que são os deuses), é perceptível que o sistema aqui é igual ao de Bloodborne, estamos em uma caçada e temos que atacar sem dar brechas, o ritmo do jogo é frenético e bastante fluido, os combates são intensos, seja contra um colossal inimigo ou contra uma horda.

Existem momentos em que para prosseguir no mapa, é necessário eliminar hordas de inimigos, e elas são as partes mais complicadas no início da jornada, já que estaremos fracos e as combinações das emboscadas são cruéis (magos, guerreiros buffados, criaturas aladas.)

É preciso paciência e estar em um level alto para não perder tempo com algo que pode ser superado com certa folga.

A variedade dos inimigos não é das maiores, segue o padrão em que ao mudar um nome e um pequeno adereço, ele será tratado como um monstro especial, a categoria de ameaças que devemos derrotar é simples, criaturas normais, os especiais da lista de caça, os apóstolos (que estão quase sempre antes da área principal de um deus) e os deuses.

A luta contra cada um não será problema quando estivermos com as magias e as armas upadas até pelo menos +8, isso pode ser um pouco desanimador para quem esperava um combate mais duro, porém não deixa de ser divertido.

Os possuem personalidades únicas e visuais muito bem desenhados, e todos eles vão proferindo frases que são escritas em tela durante a luta, um tom quase literário que traz um charme ao combate.

E cada arena de batalha é muito elegante, cavernas, santuários, templos escondidos em lagos entre outros.

Mas como Kratos nos ensinou “matar um deus tem consequências”, o que parece ter sido esquecido em Lost Epic, nenhum, absolutamente nenhum deus que é derrotado traz qualquer consequência.

Nada de grave em eliminar o que aparentemente é o pilar desse novo mundo, isso deixa o tudo um pouco monótono depois do terceiro grande chefe, já que sabemos que o próximo deus será mais uma sequência de botões até a vida dele zerar.

Exceto pela curiosidade de saber que nova habilidade poderemos adquirir, não há uma emoção a mais de enfrentar as principais ameaças do jogo.

No fim, é quase que uma corrida contra o tempo, para chegar logo no último chefe e partir para o final do jogo, o que começa como uma aventura, termina de maneira cansativa e corrida.

O que pode deixar o fim um pouco menos cansativo é descobrir as demais áreas e completar todos os outros desafios.

Acerta daqui, erra dali…

Um dos maiores acertos desse game é a direção de arte, que junto da trilha sonora dão o tom da aventura, as canções estão sempre presentes e quando entramos em combate o tom de aventura é substituído por algo que soa como música industrial em ritmo acelerado, acompanhando assim a ação.

O visual do game vai agradar aos fãs de anime, pois é a arte leva assinatura do responsável por criar muitos personagens da saga Fate, anime conceituado entre os que consomem tal conteúdo.

Mas como nem tudo são flores, os elogios ao jogo são poucos, a obra não demora muito para ficar extremamente repetitiva e o desafio se esvai, os inimigos que dão trabalho depois de algumas horas serão somente os chefes.

Os capangas, se assim pudermos chamar, possuem agressividade, mas inteligência artificial fraca, além de todos não prosseguirem a partir de certo ponto da área, basta ir até lá que eles vão lhe ignorar.

E se por um acaso você os arremessar para fora dessa área, eles deixam de atacar e passam a focar em retornar ao local de origem, sistema péssimo para conter um jogo de ação.

Outra coisa que peca para algo que prezava uma narrativa minimamente decente, é a ausência de personagens cativantes, títulos citados nesse texto estão lotados deles, isso para não citar pela centésima vez a saga Souls.

As anfitriãs de cada mapa são todas iguais, mudando apenas de nome, algo que deixa de ser alvo de atenção já na terceira aparição, é como se não acreditassem que poderiam melhorar um ponto tão importante.

No fim, Lost Epic irá agradar os fãs de jogos focados em batalhas de chefes, para quem é da época de jogos como Grand Chase e Elsword vai achar semelhanças, principalmente no estilo de combate, que de longe é o ponto mais alto do jogo.

Essa análise foi feita com base em uma cópia cedida pelo Team Earth Wars, agradecemos pela confiança em nossa equipe.

Nota
Geral
6.5
lost-epic-analiseApós algumas batalhas sem consequências, queimar alguns pratos e uma lista de caça divertida, Lost Epic perde a oportunidade de ser de fato épico, dificilmente será lembrado como um rpg marcante. Divertido, mas perdido no que ele realmente queria mostrar.