Desenvolvido pela Atlus, a mesma equipe que nos trouxe a icônica série Persona, e distribuído pela SEGA, Metaphor: ReFantazio se destaca por sua abordagem única em um cenário de fantasia medieval. Com um toque de surrealismo e utopia, o jogo explora temas profundos como a dissonância entre fantasia e realidade, as lutas internas dos personagens contra seus medos e ansiedades, e a busca por uma coexistência harmoniosa entre diferentes comunidades. É uma jornada densa e significativa que vai muito além de um simples RPG.
Uma história que te prende
Desde o momento em que o rei é assassinado e o caos ameaça o reino de Euchronia, eu sabia que estava prestes a embarcar em algo grandioso. A trama não perde tempo em me envolver. O desejo do rei de uma sucessão democrática logo se entrelaça com a jornada do protagonista, cujo nome você escolhe logo na primeira hora de jogo. Esse toque de personalização ajuda na imersão, fazendo com que eu me sinta parte ativa daquela história. Ao lado de Gallica, uma fada espirituosa que parece ser a âncora emocional do jogo, o objetivo de quebrar a maldição do príncipe e garantir que ele assuma o trono é um ponto central. Mas o que realmente me prendeu foi a forma como o mundo real é retratado.
A ideia de que o nosso mundo, o mundo fora da tela, é uma espécie de “utopia distante” para os personagens do jogo é simplesmente brilhante. Eles veem a nossa sociedade como igualitária, sem ricos ou pobres – algo que, para eles, parece quase mitológico. Essa perspectiva inverte completamente a visão comum dos jogos de fantasia, onde o “mundo real” é geralmente ignorado. Aqui, somos um livro de fantasia e sonhos, e a maneira como Metaphor: ReFantazio quebra a quarta parede é de uma ousadia notável. Não posso negar, senti como se o jogo estivesse me provocando, questionando o que realmente é uma utopia.
Combate que transforma cada batalha em espetáculo
Eu sou fã de combates por turnos, mas confesso que é raro ver um sistema que me faça vibrar tanto como o de Metaphor. O sistema de combate não é apenas fluido; ele te dá opções que deixam tudo mais dinâmico e estratégico. As batalhas começam como qualquer outro RPG por turnos, mas logo você percebe que existe um jogo de “quebra-cabeça” acontecendo – não é só sobre bater até o inimigo cair. Existe a mecânica de quebrar a defesa dos adversários, e isso torna os confrontos rápidos e empolgantes quando você sabe o que está fazendo.
O ponto alto, no entanto, são os synthesis moves, onde os membros do grupo combinam seus ataques em combos devastadores. Cada personagem tem habilidades únicas, e descobrir como essas habilidades se complementam é uma parte fascinante do combate. E o protagonista também participa desse show – seus combos são espetaculares, e a cada nova luta, eu ficava ansioso para descobrir qual seria o próximo movimento sinérgico. Essa mecânica transforma o que poderia ser um sistema de combate monótono em algo que, sinceramente, me fez desejar mais batalhas.
O mundo de Euchronia é colossal – e eu amei cada segundo de exploração
Se tem uma coisa que me impressiona em jogos de RPG, é o mundo aberto, e Metaphor entrega isso de uma forma belíssima. Euchronia é um lugar vasto, com cenários variados, e cada região do mapa tem sua própria personalidade. É quase como se cada novo local fosse um microcosmo de culturas e histórias esperando para serem descobertas. Logo de cara, eu percebi que não conseguiria me ater apenas às missões principais. A exploração se torna irresistível, e você acaba querendo desbravar cada canto desse universo.
E existe mais do que simples exploração visual. O ciclo de dia e noite não é apenas um recurso estético, ele influencia diretamente nas missões. Algumas tarefas são mais fáceis ou mais difíceis dependendo do horário, e isso traz uma camada extra de estratégia. Caçar tesouros espalhados pelo mapa é uma experiência recompensadora, e eu me pegava sorrindo sempre que encontrava algo valioso.
As side-quests, por si só, são uma história à parte. Elas não estão ali apenas para preencher tempo – muitas têm arcos narrativos próprios, o que faz com que cada uma seja significativa. A interação com os NPCs também é rica, dando profundidade a cada tarefa que você decide realizar.
Visual e trilha sonora: uma combinação perfeita
Visualmente, Metaphor: ReFantazio tem um estilo muito marcante. O design de personagens traz uma forte influência de anime, o que é bem característico da Atlus. E embora eu tenha achado a UI um pouco vibrante demais em certos momentos, ela nunca deixou de ser funcional e envolvente. Os personagens têm uma estética única, com traços que os fazem se destacar, e o mundo ao redor é igualmente detalhado e bonito de se explorar.
As cutscenes em estilo anime foram, para mim, um dos grandes destaques. É como se, em determinados momentos, eu estivesse assistindo a um episódio de um anime de alta qualidade, e isso foi muito imersivo. Mesmo com legendas, a emoção passada pelas cenas é tão envolvente que, muitas vezes, me pegava de olhos arregalados, completamente absorvido pela narrativa.
A trilha sonora, por outro lado, é absolutamente fantástica. Ela se adapta ao ritmo do jogo de forma brilhante, variando de temas épicos durante as batalhas até músicas mais tranquilas e serenas durante a exploração. Essa combinação de sons com o visual do jogo cria uma atmosfera que é difícil de largar.
Desempenho misto, mas não compromete a diversão
Eu joguei Metaphor no meu setup com um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16GB de RAM, e tive uma experiência um tanto mista com o desempenho. Em áreas mais fechadas e com menos NPCs, o jogo rodava de maneira suave, mantendo-se na faixa dos 100 FPS. No entanto, quando eu estava em áreas mais amplas, com muitos elementos no cenário, o FPS caía para algo em torno de 40. Isso era mais evidente em locais abertos, onde o número de NPCs e a distância de renderização eram maiores. Claro, jogando em 1080p com as configurações no máximo, já esperava um certo impacto, mas nada que tenha arruinado a minha experiência.
E falando em bugs, não encontrei nada que tenha me atrapalhado. Nenhum crash, nenhum erro gráfico grave – um alívio para quem tem medo de perder horas de progresso por causa de problemas técnicos.
Um Trabalho Impecável
Metaphor: ReFantazio não é apenas um jogo. Ele é uma experiência rica e multifacetada, que brinca com nossas percepções de realidade e fantasia, enquanto oferece um combate viciante e um mundo vasto para explorar. A história vai te fazer pensar, te deixar curioso e, em alguns momentos, te provocar, questionando se o que chamamos de utopia não é apenas uma ilusão.
A Atlus conseguiu criar algo que não apenas se destaca no meio de tantos RPGs, mas que também faz você se sentir parte de uma aventura épica. E quando você finalmente chega ao fim, percebe que, assim como o protagonista, sua jornada foi transformadora. Metaphor: ReFantazio é o tipo de jogo que vai ficar marcado na minha mente por muito tempo.
E se você está buscando um RPG que ofereça algo além do óbvio, que misture profundidade, emoção e diversão, este é o jogo que você precisa experimentar. A verdadeira fantasia está em como o jogo te faz sentir parte daquele mundo – e, talvez, te faça questionar o seu próprio.