Lançado pela Petit Fabrik e distribuído pela GameMill Entertainment, Miraculous: Paris Under Siege nos leva ao coração de uma Paris ameaçada, onde Ladybug e Cat Noir precisam mais uma vez salvar o dia. Não vou negar, eu tive uma expectativa de explorar essa adaptação da amada série infantil Miraculous: As Aventuras de Ladybug, que prometia uma aventura que misturaria ação, plataforma e o charme inconfundível dos heróis.

No entanto, a jornada prova ser um misto de momentos inspiradores e tropeços que se repetem, resultando em uma experiência que se esforça para brilhar, mas muitas vezes se perde pelo caminho.

O Brilho Inicial do Combate

Controlar Ladybug e Cat Noir oferece uma primeira impressão positiva. A variedade de ataques — golpes rápidos, ofensivas de longo alcance, movimentos carregados para causar dano em área e avanços táticos — oferece uma base sólida para o combate. Em seus melhores momentos, montar combinações enquanto se esquiva dos inimigos cria uma sensação de domínio bastante interessante. Juntar combos com fluidez e usar as habilidades especiais dos ajudantes, como Vesperia e Viperion, traz um vislumbre do trabalho em equipe que os fãs da série adoram. É divertido, visualmente me animou e inicialmente satisfatório.

Contudo, como um mal dançarino que começa bem e depois tropeça, o sistema de combate de Miraculous: Paris Under Siege não sustenta seu brilho inicial. O jogo aposta em batalhas repetitivas, exigindo que os jogadores derrotem hordas de inimigos com poucas variações. A repetição constante é o inimigo silencioso que se instala, drenando a empolgação de cada encontro. Além disso, o sistema tem falhas evidentes, como a incapacidade de interromper ataques em andamento, quebrando combos e deixando o jogador vulnerável. É frustrante, e a falta de variedade entre os inimigos só agrava o problema, fazendo com que cada batalha se torne mais uma tarefa do que um desafio empolgante

A Plataforma Que Decepciona

Além do combate, Miraculous: Paris Under Siege se aventura em momentos de jogos em plataforma, prometendo uma pausa das batalhas e uma chance de explorar Paris. Com habilidades como pulo duplo, avanços aéreos, saltos de parede e ganchos para se agarrar (que não sei explicar, mas me incomodou de alguma forma), as mecânicas de movimento parecem interessantes. E, em certos momentos, como ao deslizar no gelo ou pular em bolhas, há uma sensação genuína de diversão infantil. No entanto, esses momentos são ofuscados por uma câmera que frequentemente me traiu diversas vezes, girando em momentos críticos ou criando perspectivas pseudo-2D que complicam os saltos e principalmente o combate, com inimigos tapando a tela inteira.

Reutilização e Repetição

A variedade de inimigos em Miraculous é limitada, e isso se reflete em cada nova área explorada. O cemitério, por exemplo, é povoado por fantasmas e zumbis de diferentes tamanhos, enquanto outros cenários apresentam lacaios que controlam movimento e usam ataques de área. Embora inspirados na série, os vilões se tornam previsíveis rapidamente. Os chefes, que deveriam ser momentos épicos, são muitas vezes apenas “esponjas de dano”, sem mecânicas únicas ou estágios dinâmicos. Poucos encontros se destacam, como o mini-chefe robô que exige destruir geradores de escudo antes de atacar. A maioria, porém, parece apenas uma repetição sem brilho de lutas já vistas antes.

Os ajudantes são uma adição que tenta trazer mais profundidade ao combate, mas nem sempre são eficazes. Carapace, que lança inimigos para longe, frequentemente complica as coisas, enquanto Rena Rouge praticamente não faz nada notável. Os upgrades também não oferecem grandes vantagens. Com exceção de melhorias em vida, dano e velocidade, muitos deles são desnecessários, como o “ganho de assistência” que se torna inútil devido à recarga comum entre os ajudantes. Isso cria uma sensação de que as minhas escolham não vai impactar da forma que eu jogar.

Uma Paris Sem Alma

Talvez o maior problema de Paris Under Siege seja a falta de química entre os personagens. A série Miraculous é conhecida por suas relações dinâmicas, olhares significativos e diálogos cheios de emoção. No jogo, essas interações são reduzidas a diálogos rasos e poucas cenas que tentam, sem sucesso, capturar a essência de Ladybug e Cat Noir. Não há profundidade, nem conexão emocional. Paris, que deveria ser vibrante, parece um cenário estático, sem a vida e a energia que se espera de uma adaptação desse calibre.

Desempenho

Para quem gosta de fluidez, Miraculous é estável porém com limitações. Jogando em um PC com Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, o desempenho manteve-se sólido a 60 FPS, o que é o limite do jogo. Não houve quedas, mesmo nas áreas mais caóticas. No entanto, houve um bug que realmente me incomodou: ao derrotar inimigos, algumas moedas dropadas ficaram presas em objetos do cenário, tornando impossível coletá-las. Pequenos detalhes como esse, embora pareçam mínimos, afetam a experiência como um todo e minam a recompensa de cada batalha vencida, o que foi um ponto que me deixou bastante triste.

Um Potencial Não Realizado

Miraculous: Paris Under Siege é um exemplo clássico de potencial desperdiçado. Ele entrega momentos de brilho, mas se perde em um loop repetitivo de combate, mecânicas inconsistentes e uma narrativa rasa. Para os fãs mais jovens, pode ser uma distração breve e divertida. Para quem esperava uma jornada épica e memorável ao lado de Ladybug e Cat Noir, a sensação é de que Paris merecia mais.

Nota
Geral
7.0
miraculous-paris-under-siegeMiraculous: Paris Under Siege tenta capturar o espírito dos heróis e de Paris, mas tropeça em sua execução. Com momentos de combate empolgantes que logo se tornam repetitivos, problemas técnicos e uma narrativa que não entrega a química da série, o jogo deixa a sensação de potencial desperdiçado. É uma aventura com lampejos de brilho, mas que carece de polimento e coração.