Uma história de esperança e selos sagrados
Um jovem tenta a todo custo proteger a sua irmã Yona de perigos que podem feri-la. Além de uma grave doença que o leva ao extremo em busca de romper selos de chefes poderosos para conseguir a cura para sua irmã, algumas respostas sobre o misterioso universo criado por Yoko Taro sejam serão obtidas.
Logo no início o jogo já introduz seus comandos básicos e utiliza do recurso de mudar a linha temporal, para dar aquela sensação de ambientar o jogador antes do caos total e uma provável tragédia logo no prólogo.
Para superar esse tornado de acontecimentos, a ajuda de um antigo livro com poderes mágicos será vital para decidir o que será do futuro de um mundo à beira do domínio de poderes sombrios através dos selos sagrados.
É impressionante o quão carismáticos são os personagens tanto principais, como também, os secundários em NieR Replicant. Cada linha de diálogo é bem pensada e não há muito desperdício de tempo de jogo em conversas fúteis.
Até mesmo, quando se deparar com um comerciante da aldeia, antes mesmo de conferir sua seleção de ofertas, ele faz algumas considerações bem peculiares sobre algo que está ocorrendo nas redondezas, ou até mesmo, dando dicas para o jogador sobre o paradeiro de determinados NPCs.
A estética dos personagens é simples, porém encantadora em situações, como ouvir uma canção em frente a um chafariz localizado bem no centro de uma planície bem gramada. Essas ocasiões descansam a mente, um verdadeiro spa mental, equivalentes ao momento da respirada profunda e aliviada de um nadador após uma árdua competição.
Mundo intrigante e autoral de Yoko Taro
É curioso a forma em que o mundo de NieR foi construído. A cada nova aventura por suas entranhas é um mergulho cada vez mais profundo em um oceano rico em espécies únicas a serem descobertas. Ao mesmo tempo que repleto de vida e caos, ainda existe um silêncio e vazio por algumas de suas planícies.
Aquela pressa quase inevitável nos jogos de mundo aberto que enchem o mapa de coisas desnecessárias não acontece em NieR, tão pouco a sensação de urgência para a exploração de mundo deste game. É tudo bem estruturado, e bem espalhado por diversos biomas.
Para os amantes da natureza, a floresta misteriosa pode ser um belo momento de apreciação e encanto, mesmo curta como a maioria das localidades principais, o verde se mistura as cores do deserto e de uma aldeia cercada por um mar, onde é possível fazer coisas simples, apenas se aproximar e pescar por exemplo.
Relaxar e atentar-se a uma grande variedade de peixes, podendo pescá-los inúmeras vezes. Além disso, caso queira comer alimentos da terra, é possível plantar sementes em sua própria fazendinha. Na dose certa, essas atividades preenchem o vácuo entre missões de campanha e da intensidade dos acontecimentos nesse fascinante universo.
Quando o assunto obras autorais vem à tona é bom valorizar o quão distinto e único é esse elemento em uma criação. Por mais que jogos de mundo aberto não sejam mais novidade para ninguém, quando o autor coloca o seu imaginário profundo e sincero dentro de um jogo eletrônico ele se torna muito mais que um entretenimento.
É como se ele estivesse conversando com o jogador através de seu próprio mundo. Aliás, é possível encontrar a representação do próprio dentro do game, como de costume na série NieR. Utilizando uma cabeça abundante e bem chamativa, marcando sua presença com frases de impacto, uma inocente brincadeira ou uma insinuação de algo relevante na história do jogo.
Sistema de missões envelhecido e pouco recompensador
Não tem como esquecer que o NieR Replicant original foi lançado em 2010, sendo assim, alguns elementos um tanto quanto ultrapassados ainda estão presentes neste remaster. A dinâmica de missões, especialmente nas missões secundárias é bem cansativo. Como citei, os diálogos do jogo como um todo são ótimos, mas a maneira que o jogador deve fazer o que lhe é proposto nas missões é o cerne do problema.
O corriqueiro leva e traz de itens está muito presente por aqui. Infelizmente, de uma forma bem irritante. Já que, em algumas ocasiões, um NPC faz um pedido de item que está localizado bem distante da aldeia principal. A jornada até lá é extensa, e tudo isso para resolver o conflito em menos de um minuto, em seguida retornar para a aldeia novamente.
Esses requests poderiam ser mais bem implementados, tendo em vista a difícil e esquisita utilização de viagem rápida no game. As jornadas poderiam ser mais valorizadas recompensando o esforço das missões com equipamentos ou habilidades. E não apenas um punhado de gold e mais nada.
Os problemas nas missões de história são bem reduzidos. Quase todas levam um certo tempo e compensam o jogador com novas habilidades ou descobertas sobre o plot principal. As cinemáticas estão muito bem desenvolvidas dando um gosto de quero mais a cada nova cena. A ambientação é muito bem enquadrada tanto nas partes da ação, como em momentos mais dramáticos, podendo arrancar lágrimas dos olhos de jogadores bem imersos na história.
Combate delicioso e instigante
A marcante característica da franquia que serve como um bom cartão de visitas para quem nunca a jogou é seu combate. O primor das formas de combate propostas pelo game é admirável. O dinamismo de um hack and slash viciante repleto de animações bem condensadas e um áudio de ótima mixagem. Quando falei de formas de combater os inimigos não foi um devaneio da minha parte.
Definir em um único tipo o formato do game não é suficiente. Em um momento é um isométrico cheio de puzzles de ambiente, em outro é um game de visão lateral 2D e preenchido por desafios de plataforma. Até em um RPG de texto o game se transforma.
A cada novo mapa é uma surpresa que nem sempre pode ser a melhor, porém, uma coisa é certa, tédio não é um sentimento que o jogador deve sentir durante sua jogatina em NieR Replicant. E tem mais, as partes em shooter 3D mostram como é possível ser criativo combinando uma porção de gêneros bem estabelecidos na indústria dos jogos para inovar e proporcionar uma experiência única.
As armas utilizadas são basicamente variações de espadas bem prazerosas e diferentes em peso, adicionando atributos mágicos ao protagonista. A magia é lançada através do livro ajudante, adquirido logo no começo da campanha. Os poderes bem variados podem ser conquistados conforme as batalhas são vencidas.
Há magias de controle de terreno, de curta distância ou de defesa. Oferecendo uma nova gameplay a cada combinação entre uma e outra, criando combos muito divertidos. Inclusive o aumento das barras de hp e mp acontecem naturalmente após vencer batalhas.
Em pouco tempo o combate é absorvido pelo jogador de forma intuitiva e faz com que ele feche os olhos para pormenores como inimigos de alto nível soltos no mapa que quando confrontados e, após uma longa luta, não concedem muitos pontos de experiência. Causando um pouco de frustração.
O nível de dificuldade do jogo é bem tranquilo. Mesmo os chefes não necessitam de muita insistência para serem derrotados. As batalhas são mais estratégicas e dispostas em fases. Normalmente, decepando as criaturas gigantescas aos poucos.
Após um certo número de hits, um tipo de relógio amarelo aparece em uma parte do corpo do chefe, sendo necessário acertar e eliminar as palavras do círculo antes que o ponteiro do relógio complete uma volta inteira.
Caso não consiga, a mesma fase da batalha é repetida até que um diferente desfecho ocorra. Os designs diferem muito e possuem um brilho diferenciado dos demais inimigos do game. Dá vontade de nunca mais sair da luta contra o chefe, tamanha satisfação por ela proporcionada.
Um remaster com R maiúsculo
Uma cartilha não oficial é meio que obrigatória ao se fazer um remaster, sem que o consumidor seja lesado. Para começar é necessário aprimorar de fato as texturas e gráficos em geral. Isso acontece de forma muito competente em NieR Replicant.
Os bugs visuais quase inexistem, sendo avistados apenas em alguns flicks na tela, mas que não atrapalham em nada na jogatina. Os tempos de loading estão bem aceitáveis em média de 15 segundos.
Outra questão importante é o conteúdo adicional em um remaster justo. Um arco novo foi acrescentado além de uma dungeon opcional aumentando ainda mais o tempo de jogo. Caso o foco esteja na história principal é possível finalizar o game em umas 20 horas.
Se quiser explorar em detalhes as missões opcionais o jogador levará umas 35 horas. Os diversos finais já existentes na versão original ganham mais uma alternativa, o final E, elevando o fator replay, característica registrada da franquia.
O estilo artístico diferenciado impressiona e talvez mude o nível de exigência de alguns para jogos mais rasos e sem capricho na originalidade visual. Tudo por aqui é repleto de personalidade. Esse remaster vale muito a pena já que, renovam o visual de uma pérola que muitos vão ter a oportunidade de conhecer ou relembrar.
Um musical no Oriente
De longe é a melhor trilha sonora em um jogo eletrônico do ano. O compositor Keiichi Okabe já veterano da franquia estendeu as trilhas originais do game de origem, acrescentando novos arranjos simplesmente espetaculares. Desde quando comecei a jogar NieR Replicant não consigo deixar de ouvir algumas das músicas antes de uma boa noite de sono.
Elas por vezes emocionam e, despertam um sorriso adormecido na face, fator ainda mais importante, em tempos tão sombrios em que a humanidade se encontra. A paz e uma sensação de conforto estão presentes nas músicas que embalam o aventureiro neste artigo raro em forma de jogo.
Desenvolvimento e publicação
NieR Replicant Remaster foi desenvolvido pela Toylogic e publicado pela Square Enix com data de lançamento em 23 de abril de 2021. Disponível para PS4, PC e Xbox One.