Desde que os jogos de plataforma surgiram, muitos títulos se destacaram ao longo dos anos por sua jogabilidade viciante, personagens carismáticos e mundos criativos. Nikoderiko: The Magical World é mais um desses jogos que promete resgatar a magia dos clássicos da infância enquanto adiciona toques modernos que fazem com que ele se destaque no cenário atual.
Desenvolvido pela VEA Games e publicado pela Knights Peak Interactive, o título se inspira em grandes franquias como Donkey Kong e Crash Bandicoot, mas tem uma “certa” identidade própria, com mecânicas inovadoras e um estilo visual que faz jus aos grandes títulos de plataforma. Como alguém que ama os jogos de plataforma mais antigos, decidi mergulhar de cabeça nesta aventura. E posso dizer que, em muitos aspectos, Nikoderiko me divertiu bastante.
A História é Simples, Mas Charmosa
A história de Nikoderiko é simples, como é esperado de muitos jogos desse estilo. O enredo segue Niko e Luna, dois mangustos aventureiros, que partem em uma missão para recuperar o “Amuleto de Luminária”, um artefato mágico que foi roubado por Grimbald, um vilão clássico que se destaca por seus planos cômicos e exagerados. Embora não seja a história mais complexa ou cheia de reviravoltas, ela cumpre bem o seu papel, servindo como um pano de fundo divertido e leve para a ação frenética do jogo.
Os diálogos, por sua vez, são repletos de humor e charme, ajudando a criar uma conexão imediata com os personagens. Niko é o típico herói determinado, sempre pronto para enfrentar desafios em nome do bem, enquanto Luna traz uma personalidade irreverente e divertida. O contraste entre os dois é um dos pontos mais fortes da história, proporcionando momentos cômicos e interações genuínas que fazem o jogador sorrir durante a jornada.
Grimbald, o vilão da história, é outro exemplo de como a simplicidade funciona bem em Nikoderiko. Ele é exagerado e cativante, com uma série de truques que, apesar de previsíveis, são executados de forma tão divertida que conseguem prender a atenção. Embora a história não traga grandes surpresas ou elementos profundos, ela serve muito bem para o tipo de jogo que Nikoderiko é, e isso é o que importa.
Um Mundo Colorido
O mundo de Nikoderiko é visualmente muito bonito, e a variedade de cenários que explorei ao longo da jornada eu achei bastante interessante. Cada um dos sete mundos que compõem o jogo é único e oferece uma experiência visual bonita. Comecei minha aventura em uma floresta tropical, onde cascatas cristalinas caíam das montanhas e árvores gigantescas balançavam suavemente ao ritmo da música. Esse primeiro mundo é apenas o começo, e logo percebi que a diversidade visual seria um dos maiores atrativos do jogo.
Conforme fui avançando, explorei cavernas de cristais com reflexos deslumbrantes que pareciam cintilar ao meu redor, um deserto com dunas que se moviam com o vento e até uma cidade submersa onde a iluminação dançava nas paredes aquáticas, criando um ambiente etéreo e misterioso. O design de cada nível não é apenas estético, mas também funcional. As cores vibrantes, os detalhes do cenário e a iluminação são usados de maneira inteligente para guiar o jogador e tornar a navegação mais intuitiva.
Um dos momentos que mais me marcou foi quando cheguei a uma fase localizada em uma vila abandonada nas montanhas geladas. O som do vento cortante, combinado com o ranger das pontes de madeira suspensas, me fez sentir o frio e a altitude daquele ambiente de forma visceral.
A Combinação Perfeita de Estilos Clássicos e Modernos
A jogabilidade de Nikoderiko é, sem dúvida, um dos seus maiores destaques. O jogo mistura elementos de plataformas 2D e 3D de maneira inteligente, criando uma experiência fluida e diversificada. Em algumas fases, joguei em uma perspectiva 2D clássica, enquanto em outras a câmera se ajustava para uma visão 3D, dando uma sensação satisfatórias, não sei responder o porquê. Esse equilíbrio entre os dois estilos de gameplay foi uma das surpresas agradáveis que encontrei em Nikoderiko.
A movimentação dos personagens é precisa e responsiva, o que é crucial para um jogo de plataforma. No entanto, notei que em algumas fases mais avançadas, os controles exigiam um pouco mais de precisão, especialmente em saltos delicados. Esse desafio adicional não é exatamente estressante, mas vai exigir paciência até que o jogador se acostume. Felizmente, o jogo mantém um bom equilíbrio de dificuldade, oferecendo checkpoints bastante generosos, o que ajuda a manter o ritmo sem sacrificar a sensação de desafio.
Um dos aspectos que mais me encantaram foram as montarias, que aparecem em várias fases ao longo do jogo. Em uma das fases aquáticas, por exemplo, eu usei um cavalo-marinho para atravessar correntes submarinas e explorar cavernas submersas. Em outra, montei um dragão e fui capaz de voar pelos cenários, cuspindo fogo para derrotar hordas de inimigos. Essas montarias não só adicionam diversidade à jogabilidade, mas também criam momentos de pura diversão e sensação de liberdade.
As batalhas contra chefes são outro ponto positivo do jogo. Cada uma delas é criativa e oferece uma experiência única. Ao longo da minha jornada, enfrentei chefes que não eram apenas poderosos, mas também astutos, com padrões de ataque que exigiam estratégia e paciência para serem derrotados.
Mecânicas Inovadoras e Desafios Criativos
Embora Nikoderiko não busque revolucionar o gênero de plataforma, ele se destaca pela maneira como mistura elementos clássicos com mecânicas inovadoras. Uma das mecânicas mais interessantes foi a integração da música com a jogabilidade. Em algumas fases, precisei sincronizar meus movimentos com a batida da trilha sonora para ativar plataformas ou abrir portas. Isso adicionou um toque de originalidade e desafiou minha habilidade de perceber o ritmo do jogo enquanto me concentrava na ação.
Os colecionáveis também são um aspecto importante do jogo. Não são apenas itens de pontuação; muitos deles desbloqueiam fases secretas e acessórios para personalizar os personagens. Adorei poder colocar chapéus e máscaras nos protagonistas, o que, embora não afete a jogabilidade, dá um toque de diversão extra. No entanto, posso entender que para alguns jogadores, o foco em colecionáveis possa parecer repetitivo, especialmente se o objetivo for alcançar 100% de conclusão. Apesar disso, eu gostei da rejogabilidade que isso oferece, já que me senti motivado a revisitar os níveis em busca dos itens restantes.
A Atmosfera Perfeita
A trilha sonora de Nikoderiko, composta por David Wise (conhecido por seu trabalho em Donkey Kong Country). A música é não só um pano de fundo, mas uma parte fundamental da experiência. Cada fase tem uma identidade sonora própria, com músicas calmas que acompanham cenários mais tranquilos e músicas aceleradas que criam uma sensação de urgência nas perseguições e batalhas. Uma das faixas que mais me marcou foi a da caverna de cristais, onde tons etéreos se misturavam com uma melodia pulsante, como se o brilho das pedras estivesse em sintonia com a música.
Os efeitos sonoros também são excelentes. O som do vento nas montanhas, o estalo das plataformas de madeira e até os barulhos cômicos dos inimigos contribuem para a imersão no jogo.
Desempenho
Em termos técnicos, Nikoderiko se sai muito bem. Durante as minhas horas de jogo, não encontrei nenhum problema significativo de desempenho ou bugs. O jogo roda de forma suave, com taxas de quadros em torno de 153fps em grande parte das situações. Isso é algo que eu realmente apreciei, eu joguei em um sistema com Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM.
Um Jogo de Plataforma que Vai Ficar na Memória
Nikoderiko: The Magical World é, sem dúvida, uma grande surpresa. Ele combina o charme dos jogos de plataforma clássicos com mecânicas inovadoras e um estilo visual deslumbrante. Embora não seja uma revolução no gênero, ele faz tudo o que se propõe de forma extremamente competente e divertida.