Prince of Persia: The Lost Crown é o retorno da franquia de sucesso após quase 14 anos ausente, retomando às raízes da série em um metroidavia 2.5D, cuja ambientação adota o estilo plataforma side scrolling (rolagem lateral).

A Ubisoft, empresa responsável pelo desenvolvimento e publicação do título, promete diversão por horas e um título acessível para todos os níveis de jogadores. Acima de tudo, descubra em nossa análise se o legado de Prince of Persia continua em seu auge ou a nova aposta deveria permanecer perdida em alguma “anomalia temporal”, decididamente predestinada ao esquecimento…

Um grande legado

Em primeiro lugar, o legado de Prince of Persia remonta os anos 80, surgindo através de Jordan Mechner, designer de jogos, pela primeira vez em um Apple II em 1989. Bem como, minhas eventuais lembranças do universo de Prince of Persia remontam dessa época, impressionando visualmente e desafiador em sua mecânica de jogabilidade. Do mesmo modo, não havia observado um padrão similar em jogos que pudessem ser comparados com o título, mantendo características ímpares no estilo plataforma e de combate corpo a corpo.

Com o tempo, a evolução natural chegou, jogos novos da franquia foram lançados, alguns relevantes, outros, nem tanto. O estilo 3D foi um deles, belamente observado em Prince of Persia: The Sands of Time (2003). Em outras palavras, o impacto na indústria de jogos foi estabelecido, fãs ao redor do mundo sempre ávidos por novas aventuras. Finalmente, Prince of Persia retorna após mais de uma década, demonstrando que, apesar de ausente, sua força e história merecem um lugar de destaque entre os lançamentos desse ano de 2024. 

O destino em Prince of Persia: The Lost Crown

Prince of Persia: The Lost Crown é um jogo de plataforma, repleto de ação e aventura, apresentando uma história vibrante dentro do reino Persa. Como todo reino, o mesmo possui seus protetores, um grupo de elite chamado Sete Imortais.  Liderados por Vahram, unem-se sob o comando de Thomyris, a Rainha da Pérsia, mantendo o reino sob controle. No entanto, seu filho Ghassam, acaba sequestrado, momento o qual o grupo de guerreiros parte em uma missão de resgate, trilhando um caminho rumo ao Monte Qaf, terra misteriosa e antiga.

O local também é lar de Simurgh, Deus do Tempo e do Conhecimento, protetor do povo Persa. Porém, Simurgh permanece ausente há 30 anos e o tempo não está equilibrado no local como deveria, causando anomalias temporais e afetando seres vivos, agora amaldiçoados. Nosso protagonista, é Sargon, jovem cheio de energia, possuidor de habilidades únicas e amplo talento em combate. Ele é o único capaz de adquirir as habilidades sobrenaturais no Monte Qaf. Nesse momento, Prince of Persia: The Lost Crown começa entregando uma aventura cujo objetivo é salvar o Príncipe e restaurar o equilíbrio temporal.

Gameplay sólida e envolvente

Prince of Persia: The Lost Crown é um metroidvania, possuidor de diversas características do gênero, cujo sistema de gameplay certamente será familiar, auxiliado pela ajuda de recursos importantes e um nível de dificuldade acessível. Ao passo que, enquanto progredimos entre os diversos cenários e plataformas, descobrindo locais ainda inacessíveis, observamos que o jogo implementa a possibilidade do retrocesso em áreas antes não acessíveis, associadas ao ganho de novas habilidades.

Existem muitas portas secretas, repletas de itens extras e a progressão é essencialmente interligada a aquisição de novas habilidades. Não somente para o acesso nas áreas ocultas ou inacessíveis, mas na resolução de puzzles, também  parte do processo. Nesse meio tempo, em se tratando do combate, o sistema de parry é eficiente, implementando um ritmo, cuja cadência pode soar uma simplicidade de ações por parte do jogador e esta, realmente, é a base do combate e da gameplay. 

A mecânica de jogabilidade envolve pular, pular mais alto, deslizar, atacar, ataque carregado, pular através de plataformas, aparar o ataque do inimigo, correr, além de um sistema especial de aparo, associado ao contra-ataque vingativo. Nesse sistema contamos com um indicador amarelo que indica a execução de aparo contra um inimigo, liberando uma animação especial para o personagem.

Recursos auxiliares

O uso das espadas duplas de Sargon é espetacular, liberando combos repletos de estilo em performances acrobáticas. O uso do arco e do Chakram são ótimos para inimigos que infringem danos a distância. Simultaneamente, o arco possui disparo limitado, já o Chakram é livre para o uso.

Ao longo da gameplay em Prince of Persia: The Lost Crown, obtemos itens que auxiliam no combate, liberando curas e ações adicionais. Além de nossa barra de vida, outra barra é o “Brilho do Athra”. Do mesmo modo, ataques de Sargon geram a Athra, atingindo o máximo desse medidor, Sargon libera uma “Onda de Athra”, golpe potente e especial associado a habilidades diferentes. Por analogia, tais habilidades consumem quantidades diferentes de Athra.

O uso do mapa se faz obrigatório na jornada, auxiliado pelo “olho do viajante” , habilitando o mapeamento do Monte Qaf. Além disso, o mapa é um excelente auxiliar , revelando áreas ainda envolta em sombras , símbolo de uma ausência de exploração e permite o uso de marcador, além da indicação de quantos colecionáveis e itens foram obtidos no processo.

Os fragmentos da memória, também é outro recurso essencial: captura imagens específicas de itens importantes, por exemplo, como um baú. Afinal, em um jogo repleto de exploração, diversas passagens e tesouros estão inacessíveis inicialmente, sendo importante o registro desses locais. Nesse meio tempo, efetuando a ação, a imagem capturada é salva em nosso mapa.

Amuletos especiais

O sistema de amuletos é uma excelente personalização, concedendo o uso de bônus passivos, alterando o estilo de jogo de Sargon. São diversos poderes, desde mais flechas, aumento de dano de ataque, aumento de Athra, alguns com propriedades curativas que fornecem a regeneração da saúde e outros sinalizadores, como a sinalização de baús ou o status de vida de um inimigo.

Da mesma forma, todos são coletados ao longo da jornada, encontrados em diversos baús (missões paralelas) ou comprados. No total, Sargon possui 12 slots de amuletos e 38 amuletos no total, recebendo melhorias através de um ferreiro chamado Kaheva. Em síntese, durante minha exploração, notei que era importante escolher qual amuleto utilizar, encorajando a nós, jogadores, a exploração dos recursos e a melhor forma de adaptá-los ao nosso estilo de gameplay.

Combate diversificado

Em se tratando dos riscos envoltos na exploração, alguns cenários estão repletos de inimigos que infligem dano sem dó e o estoque de itens de cura é limitado. Sua fonte de cura, as árvores, estão espalhadas pelo mundo e esse sistema faz com que inimigos reapareçam quando utilizado. Funciona? Sim e não, dependendo da dificuldade. The Lost Crown pode ser desafiador. O recurso de cura, permitindo que jogadores respirem entre níveis desafiadores e evitando aquela potencial sensação de frustação constante.

O combate…bem, esse, sinceramente, é o elemento chave e a alma do jogo e sinceramente, é merecedor de elogios. Em suma, efetuamos uma série de ataques em diversas direções, associados aos combos superiores e inferiores, demonstrando o potencial de design no jogo. Lembre-se que este é um jogo que requer a memorização de ataques do inimigo, evitando eventuais ataques devastadores ou punitivos em Sargon.

De antemão, relato os vários chefes possuem escopo e dificuldades variadas. Ocasionalmente, ao falhar no confronto com um deles, aprendemos seus padrões e evitamos erros na próxima tentativa e certamente, Jahandra, foi o Boss mais desafiador. Sobretudo, assistimos movimentos diversificados, várias estratégias de ataque, uma verdadeira “dança” e incrivelmente recompensador no momento da vitória.

O deslumbrante estilo Persa de Prince of Persia: The Lost Crown

No quesito gráfico e de performance, o teste no PlayStation 5 demonstrou fluidez, responsivo e apresentou apenas pequenos “travamentos” eventuais em cutscenes. Outros elementos problemáticos observados é o timing de sincronismo labial quando o personagem decide falar e também eventuais itens do cenário, como a grama alta que insiste em “voar” acima do solo. Ou seja, nada que realmente afete a experiência de gameplay. O design de nível, iluminação, a riqueza de detalhes visuais em cenários, as animações, a fluidez de movimentação cujas ações emitiam elementos visuais gritantes em tela, tudo colorido de acordo com o bioma, ampliando ainda mais a sensação de imersão, limitada na abordagem 2.5D.

Definitivamente, apesar da ausência de uma dublagem em português, existem um excelente trabalho desenvolvido, empregando personalidade aos personagens de características já distintas. Bem como, os sons de combate, a trilha sonora, elementos pensados e ritmizados para o universo de Prince of Persia e seus momentos de ação alucinantes.

Vale a Pena jogar Prince of Persia: The Lost Crown?

Acima de tudo, Prince of Persia: The Lost Crown é um retorno triunfante da série icônica, cuja ramificação adotada no sistema de exploração aumenta ainda mais a imersão dentro do universo conhecido, fornecendo algo incrível que vai muito além da superfície. Como resultado, a mistura de elementos já clássicos,no escopo de metroidvania moderno, vale a pena cada segundo jogado.

É uma jornada do já conhecido em uma experiência nova, repleta de frescor, em estilo de arte fantástico e animações deslumbrantes. Dessa forma, a tradição perpetua , sem o impacto da lacuna de tempo até sua chegada, realmente necessário e precisa, cujo resultado aumentou o encanto de universo por si só. “Manipule” seu tempo e passe por essa jornada, recompensadora em cada minuto.

Uma key foi concedida pela Ubisoft para o teste do jogo no PS5.

Nota
Geral
9.0
prince-of-persia-the-lost-crownPrince of Persia: The Lost Crown é um misto do moderno e familiar, colidindo em um mundo cujo escopo foi deliciosamente planejado para jogadores das mais variadas habilidades, sem perder a essência de um legado primoroso. É o exemplo perfeito do potencial de um metroidvania.