É dito que o PSVR é o óculos indicado como entrada para quem quer mergulhar pela primeira vez no VR, e isso é bastante verdade, já que ele já está inserido em uma das plataformas de maior sucesso e popularidade da última década.

O PSVR2 chega para dobrar a aposta tecnicamente, e tirar fora todos os erros incômodos do anterior. Vamos observar até onde a Sony teve sucesso nisto?

Para quem ainda não teve o prazer de experimentar um mundo em realidade virtual, é preciso muitas vezes explicar que ao colocar um desses capacetes, não é como estar numa tela circular, com o jogador no meio, num grande cinemão lhe abraçando, não. Todas as coisas possuem profundidade com força impressionante de convencimento ao nosso cérebro.

Isso pode causar momentos emocionantes e medonhos (em qualquer sentido), ao cair de grandes alturas ou estar cara a cara com aquele inimigo assustador que você sempre olhou em uma tela plana. A sensação de estar de cara com um lobisomem em Resident Evil Village em VR, é, digamos, no mínimo, inquietante.

Melhorias

O primeiro PSVR obteve um número interessante de vendas, e talvez um dono desse primeiro aparelho esteja procurando motivos para dar um upgrade e partir para o segundo aparelho. Então, vamos falar sobre melhorias técnicas (note que o PSVR2 é um aparelho exclusivo ao PlayStation 5 desta vez).

Enquanto o primeiro óculos tem 1080 linhas de resolução por olho, o PSVR2 possui o dobro, com 2040 linhas; A taxa de atualização é a mesma: 90hz e 120hz. Isso determina a sensação de movimento do jogo e os framerates constantes; No PSVR você tem 100º de campo de visão, e o PSVR possui 10º de bônus. Isso determina o quão para os lados você consegue enxergar.

PS VR vs PS VR2

Quanto maior o campo de visão, menos sensação de estar espiando tudo de um escafandro terá; O PSVR2 possui 4 câmeras embutidas, mais duas internas em infra vermelho, enquanto o PSVR não possui câmeras: ele se sustenta na PS Camera do PlayStation 4. Você não precisa de câmeras na TV ou outros acessórios para operar o PSVR2. Muitas pessoas reclamam do peso do primeiro VR, o PSVR2 é um pouquinho mais leve, com 560g, contra 600g do antigo;

Praticidade

A maior questão do primeiro PSVR, de longe, é ter ânimo para montar a verdadeira zona de guerra para que o aparelho funcione. Uma salada de cabos, que ainda necessitava de uma caixa de força adicional, parecida com um mini PS4.

Fonte: Rômulo Paixão

Para mim, de longe, a maior alegria de se ter um PSVR2 é o fato de que você só precisará de conectar a sua pequena USB-C na frente do PS5 e mais nada. Sem caixa adicional, sem fontes adicionais. Através desse único cabo, vai a imagem, vai o tracking e vai até força suficiente para acionar o sistema de vibração do óculos. A sensação de vibração, aliás, parece vir da presilha que se descansa em sua testa, e foi possível sentir impactos de vibração durante as batidas em Gran Turismo 7.

Calibragem

O sistema de calibragem é interessante e garante que a precisão seja muito maior, porém estar fora da área de jogo pode acionar uma tela de calibragem, onde será necessário que o jogador passeie o olhar por sua sala afim de preencher as paredes e chão, assim como objetos, para o sistema saber o limite espacial. Depois disso, ele estabelece uma área safa, como uma gaiola, que é onde você deverá jogar, sem ultrapassar. É exatamente ultrapassar esse grid que aciona o processo de calibragem – algo que quebra totalmente a imersão do jogo com a bruta interrupção de qualquer jogo que seja.

Extras

Se faltam jogos na biblioteca, você pode utilizar o PSVR2 como um grande, um enorme telão flat para jogar quaisquer jogos padrões de PS5 ou PS4, ou até ver filmes, dando uma sensação de cinema. Uma pena que o aplicativo Youtube ainda não oferece suportes ao PSVR2, então vídeos 360º ainda só serão possíveis no óculos anterior.

Biblioteca arrancada

Agora vamos falar do ponto baixo de PSVR2. Se Horizon Call of the Mountain exerce o esforço de tornar a biblioteca deste aparelho, e se o tempo dirá se a magra biblioteca de outros “heavy hitters” irá aumentar, só o tempo dirá. A falta mais grave cometida aqui é de não termos retrocompatibilidade com o primeiro óculos, sendo assim um movimento inaceitável por parte desse lançamento. Todos os títulos previamente comprados no PSVR não estarão jogáveis aqui, e se existe uma versão para PSVR2, é quase certo que é preciso comprar novamente o título em questão.

Na minha experiência, apenas o Beat Saber estava disponível para mim como um jogo que era do primeiro PSVR. Talvez essa característica venha da dificuldade de se adaptar o esquema de câmera externa para o sistema de câmeras internas e vindas do lado oposto- algo que requereria provavelmente patches pesados por parte de cada estúdio em cada jogo.

Com o PSVR2 eu de novo estava visitando uma sensação retrô, de quando tínhamos um ou dois cartuchos apenas para o nosso console e o acesso a mais deles estava barrado por algum evento frustrante.

Controle pra que te quero

Os PSVR 2 Sense são uma espécie de Dual Sense repartidos, metade para cada mão, envoltos de uma orb a la ícone Sony Erikson (e não estou nem brincando). Eles te dão um poder de expressão que a realidade virtual pede, e isso aumenta a experiência em níveis colossais, porém, em vezes, a gente desejaria alguns títulos que usam somente o Dual Sense mesmo, – e é isso que ocorre às vezes.

O PSVR2 Sense é o culpado maior pelos deslizes do jogador saindo do campo estabelecido pelo sistema, mas por outro lado é através dele que você não será apenas um avatar que faz coisas ao seu comando ao apertar um botão. Aqui, se faz necessária a movimentação que quer acender uma tocha na parede ou girar uma manivela.

É importante salientar que essa tecnologia já existia em outros aparelhos de realidade virtual, porém é a primeira vez que esse nível de expressão chega no PlayStation, já que antes, no máximo, usávamos o PS Move, no primeiro PSVR – um acessório reaproveitado de PlayStation 3!

Talvez você queira dar uma lida em minha análise de Horizon Call of the Mountain, o jogo que vem na caixa com o PSVR2 no momento, e boa parte da liberdade de expressão corporal será explicada lá.

Olhos atentos

Outra funcionalidade impressionante é do tracking de olhos, onde só com o olhar, você pode dizer em qual opção do menu deseja estar, e a precisão disso é impressionante. Mas mais impressionante ainda é como o sistema gerencia recursos, ao deixar a resolução muito pior em áreas em que você não esteja olhando. Oras, se ignorância é uma bênção, o PSVR2 aproveita esse lema ao máximo.

Isso tudo vai significar que o jogo possa fornecer em primeiro lugar uma fidelidade gráfica muito semelhante ao que vemos em jogos de PS4 dos mais poderosos, mas numa framerate 3x ou mais alta.

Conclusão

Em meus 30 dias que pude desfrutar da tecnologia afinada, como um dono do antigo PSVR, a experiência fora impressionante, principalmente por causa da praticidade de instalação. Basta ter vontade de jogar em VR e num estalo você estará dentro de mundos.

Uma grande pena é que a biblioteca antiga será perdida, e a gente continua aguardando o crescimento do novo hoster de jogos. Isso tudo fez com que a variedade de jogos tenha sido limitada, mas também não posso parar de pensar no valor de investimento atual, quando, estamos no escuro sem saber o nível de investimento da Sony no aparelho, tendo observado de forma negativa os donos do PS Vita por exemplo, ficarem desamparados.

Agradeçemos a PlayStation Brasil, por ceder o PS VR2 para produção deste review.