GÊNESIS
No começo de tudo não só havia luz, mas também Liu Kang, novo deus estabelecido desde que Mortal Kombat teve seu retorno triunfante em Mortal Kombat (9). O deus do fogo e trovão recriou a vida de todas as coisas, e cada uma têm seus próprios direitos de seguirem os seus caminhos e em comum a oportunidade de terem paz. Acontece que alguns querem essa paz através de um véu de tirania, portanto, nem todos os rios de vida vão percorrer o caminho que se gostaria, e isso era esperado. Basicamente, este é o mote para Mortal Kombat 1.
Quando a paz é perturbada para além de um torneio, escambando para tramas políticas bem fáceis de se compreender, temos mais uma vez a chance de viver um jogo de luta cheio de ação de fazer inveja a grandes filmes de kung fu.
NOOBS x SAIBOTS
Dentro do espectro de jogos de luta acessíveis, eu considero que Mortal Kombat está no meio. Fácil em impressionar o novato com poucos botões pressionados, mas trabalhoso em acertar as mecânicas mais profundas, como o parry.
Normalmente jogos de luta muito técnicos são mais crus em termos de conteúdo, pois estão mais interessados em promover a pancadaria cara a cara, e criar uma comunidade com torneios, isso se notava facilmente nos Street Fighter anteriores ao 6. Felizmente, Mortal Kombat moderno é sempre um prato cheio para todos os públicos que o procuram. E desta vez, estou aqui para abordar um dos vários grandes aspectos em relação ao conteúdo deste calhamaço de conteúdo: o modo história.
TÃO SÉRIO QUANTO ELE NÃO QUER SER
Uma característica muito engraçada que eu sempre achei, foi de que desde que Mortal Kombat assumiu esse formato com narrativa extensa, a necessidade de se fazer a maratona toda rolar fazia com que tudo parecesse um grande cartoon violento de mais uma manhã de sábado no SBT.
E não me leve a mal nisso: eu me divertia muito com Mortal Kombat 9, X e 11, mas chega o momento de sair dessa zona de conforto e dar para a franquia cuja Warner tem nas mãos, um orçamento ainda maior. Isso se converte em um valor de produção altíssimo, com fotografia cada vez mais emulando melhor filmes de Hollywood e qualidade gráfica assombrosa.
A barra aumentou tanto que eu ouso dizer que já ultrapassamos o requinte Naughty Dog de ser. Claro, na narrativa ainda não temos o que a Rockstar traz com seus diálogos despojados e críveis, mas sinto que em Mortal Kombat 1, há um tempo melhor de qualidade em tela para cada personagem, mesmo que estejamos em meio de vários nomes de pessoas e terras estranhas jogados na mesa. Esses personagens têm tempo para expressarem seus dramas e objetivos, de uma forma mais convincente, com o mínimo de agência do “professor enredo”.
Dentre eles, temos o Johnny Cage, que conseguiu renascer ainda como um babaca que todos amam, mas sinceramente as incessantes piadas com filmes dos quais ele gravou ou outras obras como Alien e O Predador, no meio de uma conversas com personagens de Outworld, fica chato com o passar da curta campanha, que pode durar cerca de 6 ou 7 horas. Mas de fato, o clima na história de Mortal Kombat 1 não precisa de Johnny Cage para ter momentos leves, que elevam o carisma de muitos nas alturas.
ARGUMENTOS, ARGUMENTOS
Qualquer pessoa podia notar que nos jogos anteriores, o roteiro estava muito procurando qualquer motivo para se ter um conflito, e essa curva aqui no novo jogo é muito mais suave e coerente. Vocês está realmente torcendo para as motivações e fazendo o possível para que vença as batalhas e não saia do script, como acontece toda vez que você perde em Uncharted, pelo menos.
Dito isso, eu recomendaria fortemente que o jogador já familiarizado com a franquia começasse a história num nível acima do normal, pois apesar de eu me esforçar, não fui capaz de perder rounds durante a minha jornada.
Depois que a história começa a engrenar de verdade, e que as problemáticas estão armadas plenamente, eu sinto que voltamos a um roteiro um pouquinho mais corrido, e isso se agrava quanto mais o jogo avança, mas de toda forma, você já estará investido em tudo por causa do agradável embalo que as primeiras horas de jogo oferecem.
Nota-se que uma grande mão de obra foi aplicada aqui, pois por exemplo, alguns personagens ainda crus no início de história podem ter move sets abandonados uma vez que evoluem e isso somado a coreografia estonteante torna o jogo algo muito especial de se assistir, logo, fica aí o recado especial para os pais que sempre gostaram de assistir seus filhos jogarem alguns joguinhos de porradaria. Some isso com uma história interessante e bem escrita dentro do que se propõe, Mortal Kombat 1 dá um banho em qualquer iteração de live action desde o debut em 1995.
Por fim, a história de Mortal Kombat 1 serve como um tutorial prático, que vai fazer você testar e considerar todos os personagens (ao menos os mocinhos), além de aquece o jogador para suas mecânicas e nuances.
Fique ligado que a nossa jornada por Mortal Kombat 1 está sendo relatada em partes e hoje abordamos apenas o lado de campanha principal.