Finalmente, após uma espera ansiosa desde o seu anúncio em 2017 e seis adiamentos que testaram a paciência de muitos, e eu que diga, Skull and Bones chegou até nós. Desenvolvido e distribuído pela Ubisoft, este RPG de piratas, que era no início uma expansão de Assassin’s Creed IV Black Flag, e no fim se se tornou um novo jogo que obviamente não se passa no mesmo universo da franquia, prometendo transportar os jogadores para um mundo aberto gigantesco, repleto de aventuras marítimas e emocionantes confrontos em alto mar.

Embarcando em navios piratas, enfrentaremos não apenas desafios controlados por inteligência artificial, mas também tive a oportunidade de saquear e competir contra outros jogadores, mergulhando de cabeça em uma experiência pirata única.

Quando Pilhamos, Rende Muito

A trama de Skull and Bones desenrola-se ao longo da costa africana, onde o Clã Fara, nativo da região, encontra-se em conflito com a Compagnie Royale, um “pais” estrangeiro que invadiu essas terras. Nesse cenário de disputas, os piratas enxergam uma oportunidade lucrativa para vender armas e recursos para ambas as facções, buscando ganhar dinheiro no caos que se instaura. No entanto, como é típico em histórias desse tipo, as coisas não seguem conforme o planejado.

É aqui que nosso personagem entra na história, como um elemento crucial para resolver os desafios que se apresentam. Sinceramente, devo admitir que a narrativa não conseguiu prender minha atenção em momento algum. Por diversas vezes, tive a sensação de que o foco do jogo é a jogabilidade e não a trama, que parece ser bastante superficial. A história, embora envolva intrigas e conflitos, não apresenta camadas profundas o suficiente para criar um vínculo emocional significativo com os personagens ou para despertar um interesse genuíno na sua resolução.

A jogabilidade de Skull and Bones apresenta uma abordagem relativamente simples, porém, em alguns momentos, consegue proporcionar momentos divertidos. Vamos começar falando sobre a coleta de recursos, uma parte crucial para a produção de novos itens, como canhões, munição, morteiros, diferentes tipos de navios e até mesmo melhorias na blindagem da embarcação. Embora a mecânica em si seja fundamental para o progresso no jogo, minha experiência com essa parte específica foi um tanto decepcionante, especialmente ao abordar a coleta de recursos.

Ao navegar pelas águas, seja entre ilhas ou ao seu redor, é possível encontrar recursos como madeira, cobre e outros materiais essenciais para a melhoria do navio. Contudo, a abordagem adotada para coletar esses recursos é bastante simplista e, para ser honesto, desapontante. Ao avistar esses recursos, basta olhar para eles e pressionar um botão, sem qualquer animação envolvente. A mecânica se resume a acertar o timing correto em um mini-game para coletar os recursos, deixando uma sensação de falta de profundidade e envolvimento nessa parte específica do jogo. Essa simplicidade na coleta de recursos contribui para uma experiência menos imersiva do que eu esperava.

Além da coleta manual de recursos, descobri que há uma opção muito mais divertida e, sinceramente, mais prática e rápida: atacar navios inimigos, sejam eles controlados pela inteligência artificial ou por outros jogadores. Essa abordagem muitas vezes se revelou uma solução eficaz, eliminando a necessidade de me preocupar em procurar recursos de forma mais tradicional.

E com esses recursos coletados, temos a oportunidade de aprimorar significativamente o armamento do nosso navio. A variedade de opções disponíveis é simplesmente impressionante. É incrível ver a quantidade de canhões e suas diferentes variações que podemos adquirir e implementar. Vale ressaltar que essas não são apenas modificações cosméticas, mas sim variações que têm um impacto significativo no desempenho da embarcação.

Explorando as opções, fiquei surpreso com a diversidade de canhões disponíveis. Cada variação não apenas modifica a aparência, mas também melhora aspectos cruciais, como dano, tempo de recarga da bala e a distância que a bala pode percorrer. O que mais me animou foi a amplitude de escolhas, desde canhões de longo alcance até morteiros especializados em dano em área. Até mesmo um canhão com características de uma espingarda, que se destacava por aplicar um dano considerável, despertou minha curiosidade.

A possibilidade de personalizar o arsenal do meu navio de acordo com meu estilo de jogo, adaptando-me a diferentes situações, adicionou uma camada estratégica empolgante à experiência. A diversidade de armamentos não só enriquece o aspecto tático do jogo, mas também contribui para manter a jogabilidade dinâmica e cativante.

Até o momento, Skull and Bones proporciona uma experiência naval diversificada com uma seleção de 10 navios distintos, variando de embarcações de porte pequeno a médio. Tenho a forte sensação de que ao longo das futuras temporadas, podemos esperar novidades de novos navios, expandindo ainda mais as opções disponíveis para os jogadores. Isso cria uma expectativa empolgante, considerando a possibilidade de novas adições que podem trazer características únicas e estratégias diferentes para as batalhas marítimas.

Para os entusiastas da personalização, Skull and Bones oferece uma ampla gama de opções para deixar tanto o seu navio quanto o seu pirata verdadeiramente único. A variedade de cascos, velas, cores e até mesmo vestimentas para o seu personagem permite uma expressão criativa impressionante. Um aspecto que achei particularmente interessante é a flexibilidade de mudar a aparência e o gênero do meu pirata a qualquer momento, bastando visitar uma loja de roupas.

Casco Duro de Roer

Agora que já exploramos como funciona a coleta de recursos para a produção de novos armamentos, vamos falar sobre o combate em Skull and Bones. Infelizmente, para aqueles que esperavam por confrontos corpo a corpo, a notícia é desanimadora. A movimentação do personagem é limitada, restrita a andar pelas ilhas com diversas telas de loading entre os entrepostos.

A sensação de exploração muitas vezes fica comprometida, pois, além da beleza visual, a ausência de recompensas que façam sentido na exploração do local ou de elementos envolventes nas ilhas pode tornar a exploração menos cativante. Lembrando, que a quantidade de ilhas ou locais exploráveis é muito baixa.

No entanto, o ponto alto do jogo reside no combate naval, que constitui 100% das batalhas em Skull and Bones. Utilizando os armamentos fabricados, embarcamos em intensas confrontações contra navios, sejam eles controlados pela inteligência artificial ou por outros jogadores. O sistema de combate, quase como um RPG, exige precisão nos ataques, mira e disparo das balas de canhão.

A possibilidade de lançar molotovs ou atracar nos navios inimigos para saquear adiciona camadas estratégicas interessantes, embora o processo muitas vezes pareça mais uma tela de carregamento. Muitas vezes quando eu estava quase afundando, eu pude usar kit de reparo para restaurar toda minha vida, e claro, reparar visualmente o navio, que fica todo destruído.

Além de afundar navios inimigos, a experiência naval se estende a invasões de vilarejos e fortes inimigos, prometendo grandes recompensas, mas com desafios à altura. Nesses momentos, enfrentamos não apenas outros navios, mas também estruturas terrestres, tornando o combate mais diversificado e desafiador. Fiquei particularmente animado com a intensidade e a dinâmica do combate naval, que, na minha opinião, se destaca como o ponto mais forte e envolvente do jogo.

Falando sobre o PvP, Skull and Bones apresenta áreas seguras onde não podemos iniciar combates contra outros jogadores, nem mesmo contra a IA. No entanto, durante minhas navegações, percebi uma situação recorrente: ao procurar recursos, muitas vezes outros jogadores já haviam coletado tudo antes de mim. Ficava frustrado por não conseguir colher o que precisava, e foi aí que a dinâmica do PvP se tornou mais evidente.

Ao me deparar com um jogador que havia coletado recursos antes de mim, tive a opção de tomar uma atitude mais agressiva. A possibilidade de atacar, afundar o navio do oponente e, assim, adquirir todos os recursos que ele havia coletado para mim mesmo, trouxe uma nova dimensão ao jogo. Essa mecânica cria uma dinâmica de competição entre jogadores, onde a estratégia e a escolha do momento certo para o ataque se tornam fundamentais.

Uma dica que eu gostaria de compartilhar é que, sempre que atracar em um entreposto, é prudente guardar todos os itens que não são essenciais para o combate. Isso evita a perda de recursos valiosos em caso de confronto com outros jogadores. A gestão cuidadosa dos itens no seu navio pode ser a chave para sobreviver e prosperar nas águas traiçoeiras de Skull and Bones, onde cada encontro pode se transformar em uma batalha estratégica pela posse dos recursos escassos.

A vida Pirata não é fácil

Uma coisa é inegável: visualmente, Skull and Bones é exuberante. Sinceramente, muitas vezes, enquanto explorava os diversos locais do jogo, eu simplesmente ficava parado admirando os detalhes e o nível gráfico que impressiona. É absurdamente bonito. Os ambientes são meticulosamente construídos, cada ilha, o céu vasto e o oceano profundo são obras de arte digitais que capturam a essência de um mundo pirata.

Algo que realmente merece destaque é a trilha sonora. Navegar por esse universo visualmente deslumbrante ao som de músicas piratas, acompanhadas pelos cantos da tripulação, me transporta para uma sensação de nostalgia profunda, reminiscente de momentos épicos vivenciados em Assassin’s Creed IV: Black Flag. A combinação entre a qualidade visual e sonora cria uma atmosfera envolvente e imersiva, adicionando camadas de profundidade à experiência do jogo.

Cada detalhe, desde a luz do sol refletindo nas ondas até os intricados designs dos navios, contribui para a construção de um mundo que não apenas cativa, mas também resgata sentimentos de aventura e liberdade. Skull and Bones é mais do que um jogo; é uma obra que celebra a estética pirata de uma forma que vai além das expectativas, proporcionando uma experiência visual e auditiva que ficou gravada na minha memória.

O mar pode ser pesado, porém as ilhas são pior

O desempenho em combate em Skull and Bones é verdadeiramente excepcional. Testando o jogo em uma GPU RX 6600, CPU Ryzen 5 3600 e 2×8 GB de RAM a 3200 MHz, tudo em um SSD NVME de 3,5Gb/s, a média de 60 FPS foi alcançada mesmo com todas as configurações no máximo. A fluidez do jogo, mesmo em configurações mais altas, proporcionou uma experiência visual envolvente e sem interrupções, mesmo com diversas explosão e efeitos contínuos nos combates.

Entusiasmado com o desempenho é impressionante, decidi ativar o frame generation, um recurso que estou adorando nas placas AMD. Os resultados foram notáveis, atingindo uma média de 120-130 FPS. A diferença na suavidade e responsividade do jogo foi imediatamente perceptível, elevando ainda mais a qualidade da experiência de combate.

No entanto, é importante mencionar que nas ilhas, o desempenho tende a ser decepcionante, com uma perda significativa de FPS, variando entre 50-80%. Essa disparidade de desempenho entre os ambientes marítimos e terrestres pode ser um ponto de atenção, especialmente para aqueles que apreciam a exploração detalhada das ilhas. Apesar disso, a performance global em combate e nas águas abertas são notavelmente sólidas, proporcionando uma experiência de jogo fluida e visualmente impressionante.
Em conclusão, Skull and Bones finalmente chegou após uma longa espera desde seu anúncio em 2017, e, posso dizer, a jornada até aqui foi repleta de expectativas.

A narrativa, ambientada ao longo da costa africana, apresenta intrigas e conflitos entre o Clã Fara e a Compagnie Royale, com os piratas explorando oportunidades lucrativas em meio ao caos. No entanto, devo confessar que a história não conseguiu prender minha atenção, muitas vezes parecendo superficial e sendo insuficiente em profundidade emocional.

Quanto à jogabilidade, a coleta de recursos, embora fundamental, revelou-se simplista e menos imersiva do que esperava. A estratégia de atacar navios inimigos para obter recursos, por outro lado, mostrou-se mais divertida e prática, oferecendo uma alternativa ágil.

A customização do navio e do pirata é um ponto forte, proporcionando uma ampla gama de opções visuais. A variedade de canhões e armamentos disponíveis para aprimorar o navio é impressionante, oferecendo não apenas modificações estéticas, mas melhorias significativas no desempenho. O combate naval se destaca como o ponto mais forte do jogo, proporcionando batalhas intensas e dinâmicas. Enfrentar navios inimigos e invadir vilarejos ou fortes acrescenta uma dimensão estratégica, embora a ausência de combate corpo a corpo e a limitação na exploração das ilhas possam ser insuficientes.

No aspecto técnico, o desempenho em combate é excepcional, com altas taxas de quadros mesmo em configurações máximas. O recurso de frame generation contribui para uma experiência ainda mais suave, embora a queda de FPS nas ilhas seja decepcionante. Visualmente, Skull and Bones é uma obra-prima, cativando com seus detalhes impressionantes e sua trilha sonora envolvente. No entanto, a disparidade de desempenho entre os ambientes marítimos e terrestres pode ser um ponto a ser considerado.

Apesar de alguns pontos decepcionantes, a experiência naval, a customização e o combate em alto mar fazem de Skull and Bones uma jornada pirata intrigante, deixando-me ansioso para explorar mais dos mares vastos e perigosos que o jogo tem a oferecer.

Nota
Geral
7.0
skull-and-bonesSkull and Bones oferece uma experiência única e focada nas batalhas navais e estratégias de combate em alto mar. No entanto, para os jogadores que esperavam algo mais próximo de Assassin's Creed IV: Black Flag, a ausência de elementos de exploração em terra firme e a limitação na movimentação do personagem podem tornar a experiência menos diversificada. A narrativa, embora apresente conflitos intrigantes, pode não atingir o mesmo nível de complexidade emocional esperado. Recomendo ajustar as expectativas para aproveitar as características distintas de Skull and Bones.