Jogos de estratégia em tempo real já não são tão comuns hoje em dia. Quando aparece um novo título nesse estilo, ele precisa carregar não só um legado, mas também a difícil missão de se manter relevante. Tempest Rising abraça essa responsabilidade com orgulho. Ele não esconde suas raízes — pelo contrário, exibe com firmeza tudo o que aprendeu com clássicos como Command & Conquer, entregando um RTS intenso, tático e com visual atualizado.
Depois de algumas horas de jogatina, posso dizer: é divertido, tem alma, e me deixou com vontade de continuar jogando. Mas, claro, tem tropeços pelo caminho.
Um começo nada amigável
Logo de cara, Tempest Rising entrega um tutorial que deveria facilitar a vida do jogador… mas não é bem o que acontece. Em vez de guiar, ele complica. As instruções não são tão claras quanto deveriam ser, e me vi perdido tentando encontrar funções que o próprio jogo me pedia para executar. Precisei explorar os menus com calma e testar na tentativa e erro até entender o que fazer.
Depois de passar por esse obstáculo, o jogo começa a fluir bem melhor. Mas a curva de aprendizado inicial pode desanimar quem não está acostumado com o gênero — ou quem não tem paciência.
História competente, mas esquecível
A narrativa de Tempest Rising gira em torno de uma Terra devastada por guerra, onde um recurso raro chamado “Tempest” se torna o centro de disputa entre grandes potências. É aquele tipo de história que serve para justificar o conflito, com personagens que tentam dar alguma profundidade, mas que raramente passam do básico.
Ela funciona bem para criar contexto, mas não traz nenhuma grande virada ou momento marcante. É uma narrativa que acompanha, sem roubar a cena.
Facções que mudam tudo
O jogo permite que você escolha entre duas facções: Global Defense Forces (GDF) e Tempest Dynasty. Cada uma delas tem uma identidade própria e exige abordagens totalmente diferentes, o que aumenta bastante o fator replay.
GDF – Força bruta e tática tradicional
A GDF representa a ordem, a disciplina e a força militar convencional. Com tanques pesados, estruturas sólidas e um ritmo mais controlado, essa facção é ideal para quem prefere um estilo mais clássico de RTS — construir uma base robusta, proteger bem os flancos e avançar com poder de fogo.
Eles têm unidades bem balanceadas, tecnologias familiares e uma curva de aprendizado suave. Não é difícil se adaptar ao estilo da GDF, o que a torna uma boa escolha para iniciantes ou para quem gosta de estratégias mais diretas.
Tempest Dynasty – Agilidade, furtividade e risco
Do outro lado está a Tempest Dynasty, uma facção com visual mais exótico e gameplay muito mais ousado. Eles usam tecnologias baseadas no próprio recurso Tempest, possuem construções diferentes e unidades com habilidades únicas. São menos resistentes, mas muito mais versáteis.
Jogar com eles exige agilidade mental: é preciso pensar fora da caixa, usar o terreno a seu favor e surpreender o inimigo com estratégias inesperadas. É uma facção feita pra quem gosta de desafios e quer dominar o jogo em um nível mais avançado.
Visual moderno, sem trair as raízes
Se tem algo que me surpreendeu em Tempest Rising, foi a parte gráfica. O jogo é bonito — não no sentido cinematográfico de grandes blockbusters, mas no cuidado com os detalhes e no respeito ao estilo visual dos RTS clássicos.
As unidades são bem modeladas, as explosões têm peso, o terreno tem variações interessantes e os efeitos de partículas dão vida ao campo de batalha. É o tipo de beleza funcional: tudo é claro, limpo e agradável aos olhos, mesmo no calor do combate.
Trilha sonora eficiente, mas discreta
A música de Tempest Rising cumpre seu papel. Com batidas industriais e um tom mais sombrio, ela ajuda a reforçar a tensão do combate e combina bem com o universo do jogo. Não chega a ser memorável, mas é competente. Os efeitos sonoros, por outro lado, são mais marcantes — o barulho das explosões, das construções e das unidades em movimento cria uma imersão forte e constante.
Desempenho
Rodei o jogo com um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, em 1080p nativo, tudo no máximo. A performance foi excelente: média de 94 FPS, sem bugs, travamentos ou qualquer tipo de artefato. E o detalhe curioso — até o momento, não encontrei suporte a DLSS, o que mostra que o jogo está bem otimizado mesmo sem precisar de tecnologias adicionais.
Estratégia com sabor clássico — e potencial pra crescer
Tempest Rising não tenta reinventar o gênero, e isso é ótimo. Ele respeita as bases que construíram o RTS como conhecemos, entrega uma experiência sólida e divertida, e ainda encontra espaço para inovações discretas que tornam a jogabilidade mais interessante.
Ele pode até escorregar no tutorial confuso e na narrativa esquecível, mas compensa com boas mecânicas, facções bem construídas, visual caprichado e uma performance técnica impressionante.
Se você sente falta de um bom RTS, daqueles que exigem cérebro e reflexo ao mesmo tempo, Tempest Rising merece sua atenção. E mais do que isso — merece ser jogado com calma, explorado e dominado. Porque ele tem o que poucos jogos hoje têm: alma.