Como um fã de jogos narrativos que mistura elementos de misticismo e ação, entrei em Unknown 9: Awakening com altas expectativas. A premissa do jogo, em torno de sociedades secretas, poderes ocultos e um protagonista com um passado trágico e misterioso, promete uma experiência imersiva e profunda. No entanto, à medida que o jogo se desenrola, fica claro que, embora ele tenha ótimos momentos, é também um exemplo de como ideias inovadoras podem ser prejudicadas por uma execução técnica inconsistente e repetitividade.
Uma História Carregada de Misticismo e Conspirações
O enredo de Unknown 9 é certamente um de seus pontos mais fortes. Você joga como Haroona, uma jovem nascida nas ruas de Calcutá, que descobre ser capaz de acessar uma dimensão oculta chamada Umbral. Esse poder a permite manipular a realidade de maneiras que outras pessoas não conseguem ver. A história é um mistério cheio de reviravoltas, onde o conhecimento de Umbral e as sociedades secretas que o cercam são gradualmente revelados. O jogo tenta explorar temas de autoconhecimento, o trauma do passado de Haroona, e a busca por respostas sobre seu papel nesse mundo maior e mais complexo.
Desde o começo, o jogo cria uma atmosfera intrigante. Haroona, enquanto aprende a usar seus poderes, enfrenta tanto inimigos físicos quanto dilemas internos, o que adiciona uma profundidade interessante à narrativa. A trama, que envolve sociedades secretas, conspirações ancestrais e um conhecimento oculto, é fascinante para os fãs de histórias estilo O Código Da Vinci ou Assassin’s Creed. Você se sente parte de algo muito maior, e as peças do quebra-cabeça são reveladas de maneira instigante.
Entretanto, o ritmo da história nem sempre é consistente. Há momentos em que a narrativa tenta ser grandiosa, mas não consegue criar o impacto emocional necessário. As cutscenes, apesar de bem feitas visualmente, por vezes perdem a chance de explorar melhor o desenvolvimento emocional da protagonista. Muitas dessas cenas parecem apressadas, o que faz com que os momentos que deveriam ser de maior carga emocional passem sem o peso dramático que mereciam.
Jogabilidade: Divertida, Mas Repetitiva
Na jogabilidade, Unknown 9: Awakening apresenta uma combinação de combate corpo a corpo, stealth e o uso dos poderes de manipulação de Umbral. Quando comecei a explorar a dimensão do Umbral, fiquei impressionado com as possibilidades que esse poder trazia. Manipular objetos, revelar passagens escondidas e usar essas habilidades para enganar ou derrotar inimigos foi interessante no começo. No entanto, logo ficou claro que o jogo não aproveita completamente essa mecânica. O uso do Umbral se torna repetitivo com o tempo, sem muita evolução ou novas formas de aplicação à medida que a história avança.
O combate, por sua vez, é básico. Há pouca variação no sistema de luta, que se resume a atacar, defender e desviar dos golpes dos inimigos. A integração dos poderes sobrenaturais no combate traz alguma inovação, mas mesmo isso perde o frescor conforme o jogo repete as mesmas fórmulas de interação. Senti que, mesmo em momentos de maior desafio, os inimigos não exigiam táticas muito elaboradas, e a inteligência artificial parecia estagnada em algumas situações. Puxar e empurrar objetos com a Umbral era uma mecânica interessante, mas pouco utilizada de forma criativa.
O stealth, apesar de funcional, também não se destaca. Utilizar o Umbral para enganar inimigos ou passar despercebido em alguns cenários adiciona uma camada de estratégia, mas acaba sendo forçado a um ponto em que o jogo, eventualmente, obriga confrontos diretos. E esses confrontos nem sempre fluem de forma natural, quebrando a imersão que o stealth, quando bem feito, poderia proporcionar. Além disso, a movimentação da Haroona me pareceu um tanto travada, dificultando um controle mais fluido nas áreas de exploração e combate.
Ambicioso, mas com Problemas Técnicos
Visualmente, Unknown 9 deveria ser um espetáculo, dado o uso da Unreal Engine 5, mas não é bem isso que acontece. Embora o jogo tenha cenários impressionantes, principalmente quando explora o contraste entre o mundo real e o Umbral ele sofre de problemas técnicos que prejudicam a experiência. Texturas de baixa resolução, personagens que ficam presos em partes do cenário e efeitos de iluminação que não exploram o potencial da engine são problemas recorrentes.
A falta de polimento visual é notável em muitos momentos. As texturas demoram para carregar, e o jogo tem problemas de pop-ins constantes. Esperava que a Unreal Engine 5 trouxesse mais realismo aos cenários urbanos, à interação dos personagens e aos efeitos de iluminação, mas a execução é inconsistente. Para um título que se propõe a ser imersivo, essas falhas técnicas prejudicam a experiência e dificultam o aproveitamento total da atmosfera do jogo.
Testei Unknown 9: Awakening em um PC com as seguintes especificações:
- Processador: Ryzen 5 3600
- Placa de vídeo: RTX 4060
- Memória: 16 GB de RAM
- Resolução: 1080p
- Configurações gráficas: Tudo no máximo
Com essas configurações, obtive uma média de 86 FPS, o que é relativamente estável, mas o jogo sofre com quedas ocasionais de FPS, principalmente em cenas mais detalhadas. Não há suporte para DLSS ou frame generation, tecnologias que poderiam ter ajudado a suavizar essas quedas e melhorar o desempenho geral. Embora a taxa de quadros seja alta, as quedas e o stuttering em momentos cruciais afetam a fluidez da experiência, especialmente em áreas com muitos efeitos visuais, e as vezes, ganhava um game over por conta do stuttering.
Conclusão
Unknown 9: Awakening é um jogo que tem uma premissa interessante e uma história intrigante, mas sua execução deixa a desejar em vários aspectos. A narrativa, embora fascinante em muitos momentos, falha em manter um ritmo consistente e em criar o impacto emocional que promete. A jogabilidade, especialmente o uso da Umbral, é inovadora, mas se torna repetitiva rapidamente, enquanto o combate e stealth carecem de profundidade.
No que diz respeito ao visual, o jogo sofre com problemas técnicos, e a Unreal Engine 5 não brilha tanto quanto deveria. Mesmo rodando em um sistema com uma RTX 4060 e um Ryzen 5 3600, o desempenho foi prejudicado por quedas de FPS e falta de suporte a tecnologias como DLSS. No geral, Unknown 9 tem potencial, mas precisa de mais polimento e otimização para se tornar a experiência inovadora que tenta ser. Fico na expectativa de que futuras atualizações ou DLCs possam corrigir esses problemas e levar o jogo ao seu verdadeiro potencial.