Desde que Homem-Aranha no Aranhaverso lançou, e especialmente após o mesmo ganhar como Melhor Animação no Oscar, os estúdios tem apostado em animações que utilizem o mesmo estilo do filme do Teioso, uma vez que não apenas foi uma inovação, mas a pegada que mistura 3D com 2D também traz um ar muito mais conceitual e diferenciado.
Nisso, não apenas tivemos a continuação, Homem-Aranha Através do Aranhaverso, mas também outros filmes que utilizassem uma abordagem de estilo semelhante, sendo eles “Família Mitchell vs As Máquinas(2021)”,”Bad Guys(2022)”, “Entergalactic(2022)” e o mais recente e relevante de todos “Gato de Botas 2(2022)” que troca a tradicional animação 3D do primeiro longa e substitui pela tendência, só que ao invés de simular o visual dos quadrinhos como faz Aranhaverso, resolve focar em uma idealização de ilustrações de livros infantis de contos de fada.
Agora, a nova empreitada dos Estúdios Paramount e Nickelodeon Movies, é mais uma vez adaptar as famosas e queridas Tartarugas super-heróis, se utilizando desse novo estilo moda. Este não é o primeiro longa que adapta os personagens para as telonas, inclusive não é a primeira animação cinematográfica. Nos anos 90 tivemos uma trilogia de filmes live-action, na qual as Tartarugas eram feitos de bonecos animatronicos.
Nos anos 2010, mais dois live actions foram realizados, com direção de Michael Bay, e tartarugas feitas por CGI. Já nas animações, tivemos “As Tartarugas Ninja: O Retorno (2007)” feita em 3D e o filme direto para streaming “O Despertar das Tartarugas Ninha (2022)”, completamente em 2D. Já “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante (2023)” explora a nova abordagem, o que traz um novo vigor para a franquia, com um visual belíssimo, que remete a pinturas (o que é uma boa sacada já que os heróis possuem nomes de grandes pintores) e cativa qualquer tipo de público.
Mas, com todas as outras animações que seguiram essa tendência, tiveram um roteiro primoroso para além de seu visual, dá para dizer que Caos Mutante segue o mesmo caminho? Na real, por mais que a animação tenha seus méritos e destaques, ela em nada difere das demais adaptações das tartarugas, seja em live action ou em animação, seja filme ou série. O novo Tartarugas Ninja acaba que tendo um tom muito similar a série animada clássica, ou até mesmo da mais recente da Nickelodeon.
Com piadas bastante infantis, inclusive escatológicas, que acabam desperdiçando o grande potencial que esse filme tinha para se destacar. Fora isso, o excesso de referências a cultura pop incomoda, e mais parece um grande apelo para forçar uma risada no público, seja criança ou adulto, e mascarar um humor frágil e apelativo. Não que tudo não funcione, claro que existem ali piadas certeiras, mas em sua maioria, fracas e forçadas.
Já a trama, resolve mais uma vez recontar a origem das Tartarugas Ninja, o que faz sentido já que se trata de mais um reboot, mas que já tem fraco apelo dado o número de vezes em que esta história já foi adaptada. Ainda assim, conseguem recontar tudo de uma maneira que consegue ser inovadora e trazer sentido nessa aposta. Incluindo novas motivações para Donatello, Michelangelo, Raphael e Leonardo, o acerto aqui se da pelo fato de abordar a maldade inerente do ser-humano para o diferente, o que é um ótimo elemento que une heróis e vilões. Isso também toma a relação dos protagonistas com o Mestre Splinter muito mais interessante e bem trabalhada. Pena que ela não aprofunda tanto quanto poderia.