Em uma Inglaterra do ano de 1988, a jornada do filme parece muito mais com o mundo de 2023 do que gostaríamos, a escolha de retratar a obra no passado, traz essa sensação incomoda de que a mudança não chegou, não completamente.

Jean é uma professora de educação física que se vê perdida ao ter que enfrentar uma sociedade que decidiu tratar os homossexuais como inimigos, e apesar da trama ser essa, podemos enxergar críticas que tem como alvo a ironia daqueles que destilam preconceitos.

Apesar do longa ter essa narrativa bastante direta sobre o que ele quer mostrar, sobre qual grupo ele quer dar espaço, ele carece de uma melhor dinâmica com o telespectador que pode ir assistir filme sem muitas informações.

Digo isso com a intenção de avisar que possa ler este texto, pois o filme carrega uma mensagem poderosa, mas sem grandes reviravoltas ou grandes acontecimentos, mas isso não significa que ele não tenha boas cenas e excelentes atuações.

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O estilo do filme é feito todo para parecer um filme do final dos anos 80, e é uma bela estética, casando-se com todo o restante da produção, como figurino e cenários.

A cor azul, não está só no título do longa, mas ele irá acompanhar boa parte da história, e antes eu achava que estava apenas querendo ver demais, mas não é só o filtro escolhido, são vestimentas e objetos em sua maioria na cor azul.

O que não é uma escolha atoa, já que de acordo com pesquisas feitas, o azul pode ser utilizado para simbolizar a melancolia, tristeza ou solidão, lembrem-se que em Divertidamente, a tristeza é azul.

E claro que pode ser apenas coisa da minha cabeça, mas prefiro acreditar na primeira versão, Jean ainda não fala abertamente sobre sua sexualidade, e a sociedade aumenta a opressão em velocidade assustadora.

O filme faz questão de colocar cenas que nos causam desconforto, e justamente por acharmos um absurdo tamanho que aquilo seja feito com uma pessoa, como a vizinha que observa a protagonista com um olhar que exala julgamento.

Ou o pronunciamento que diz que tudo que diverge do que eles dizem ser o “normal” não pode ser dito ou discutido abertamente.

Mexendo no vespeiro

Blue Jean aborda um tema que ainda hoje incomoda e é motivo para que aqueles que só pensam em seu próprio umbigo se irritem, o que é lastimável, mas é necessário que outras obras mostrem esse tipo de visão e deem espaço para todos.

Como já mencionei, a narrativa do filme não conta com reviravoltas ou cenas de tensão, mas possui momentos chave que são muito bem-feitos, além de demonstrar todo o sentimento da protagonista, mesmo que eles seja tristeza e solidão profunda.

Mas há também espaço para uma libertação, e felicidade para os personagens, mas é quando o filme demonstra um crescimento em seu ritmo, é quando acaba, causando frustração, desperdiçando chances de poder marcar o telespectador.

Blue Jean é um bom filme, mas não irá marcar todo o público, conta com atuações muito boas, mas perde a oportunidade de ser ainda mais, pontos apresentados não levam a nada e no fim parecem que estavam lá apenas para nos prender até o fim.

Se colocarmos ele no meio de outras obras com o mesmo propósito, fica ainda mais claro que ele poderia ser melhor.

Nota
Geral
8.0
critica-blue-jeanBlue Jean é um bom filme, mas não irá marcar todo o público, conta com atuações muito boas, mas perde a oportunidade de ser ainda mais, pontos apresentados não levam a nada e no fim parecem que estavam lá apenas para nos prender até o fim.