A ciência e todos os seus avanços, trouxeram coisas maravilhosas para a humanidade, mas outras coisas surgiram com todo esse conhecimento, entre elas, as armas, umas capazes de tirar uma vida por vez, outras, de milhares.

Os dias 6 e 9 de agosto de 1945 jamais serão apagados da história, tais dias marcam atrocidades feitas pelo ser humano, que por mais que tenham números terríveis, não terão jamais como calcular o nível dessa mancha histórica.

Hiroshima e Nagasaki foram riscadas do mapa, cidades destruídas em um piscar de olhos, algo que só de pensar, deixa um gosto amargo e provoca horror.

E é ainda mais assustador, pensar que essas atitudes não foram frutos do acaso, mas sim de escolhas humanas, a medição de poder desenfreada, a busca por um domínio ignorante, mesmo que isso custe milhares de vidas inocentes.

Julius Robert Oppenheimer, ficaria conhecido como pai da bomba atômica, e como o filme bem diz, ao ajudar na construção de tal dispositivo, se tornava a morte, o destruidor de mundos.

Prometeu e o fogo

Oppenheimer, filme dirigido pelo polêmico (mas talentoso) Cristopher Nolan, irá narrar parte da vida do físico teórico americano, Robert Oppenheimer, mais precisamente sua participação no projeto Manhattan.

Durante os anúncios que envolveram o filme, foi-se criando uma expectativa pela obra, fruto do diretor de um dos melhores filmes do Batman, que por mais que tenha deslizes em sua carreira, ainda assim ostenta uma invejável lista de filmes.

Rapidamente a produção se tornou um dos filmes mais aguardados do ano, junto com outro que viria fazer um contraste surreal com ele, mas isso fica para outra conversa.

A começa impactante, e pode se dizer que o tom épico do filme é mostrado tanto na poderosa abertura, quanto no texto que a acompanha, falando sobe como Prometeu ousou roubar o fogo, contrariando os deuses, e entregar de presenta para a humanidade.

Com isso, fora castigado a ser torturado por toda a eternidade, o paralelo é uma ligação mais do que explicita com Oppenheimer, que desafiou as leis (divinas ou não) e deu para os humanos algo com proporções destrutivas inimagináveis.

Assim como a figura mitológica, o físico teria que conviver com seu remorso, constantemente machucando-o de dentro para fora, em uma tortura sem fim.

Para quem já viu os filmes do Nolan, sabe que o diretor gosta de abusar em cenas contemplativas, e para contar essa história, isso não poderia ser diferente, toda a magnitude dos feitos de Oppenheimer (que apesar de serem catastróficos, ainda assim são gigantes) ele escolhe por mesclar uma trilha sonora potente, em cenas que expressam as coisas mais fortes do universo.

O filme é dividido em diferentes linhas temporais, e as cenas intercalam de uma maneira tão fluida, que impressiona tamanha é a naturalidade, em nenhum momento é estranho ou confuso entender o pequeno quebra cabeça que vai se montando diante de nossos olhos.

Com uma fotografia estonteante, a obra nos conduz em uma história impactante, que apesar de ser conhecida por todos, trará as entrelinhas e como funciona a negociação de vidas.

As divergências de pensamentos sendo postas acima de qualquer outra coisa

Nolan escolheu bem todo seu elenco, que entregam atuações perfeitas, algumas beiram o assustador (no melhor dos sentidos), como é o caso de Robert Downey Jr, que interpreta Lewis Strauss, o papel do ator é potente, e convence o público mais atento, alternando entre sarcasmo, apreensão, frustração etc. Um papel grandioso para o ator que viveu o Homem de Ferro.

E de fato até mesmo o personagem que tem menos tempo de tela, está fantástico, mas obviamente que Cillian Murphy vai deixar o menos cinéfilo de cabelo em pé.

Não há como dizer algo abaixo de sublime, para o que Murphy entrega em tela, junto do maravilhoso trabalho de produção, o ator encarna com maestria a pelo de Oppenheimer, chega ser inacreditável a forma que ele parece se tornar outra pessoa.

As vestimentas, o modo de falar, as expressões corporais, tudo se conecta com as cenas e deixam Murphy próximo de começar a aparecer em listas de indicações, mesmo que estejamos em julho de 2023.

Comparando algumas fotos, com as cenas do filme, fico ainda mais impressionado com o ator. O que elevou os olhos para este filme, foi o fato de Nolan ter comentado, como se fosse um feito pequeno, que iria simular a explosão da bomba atômica sem efeitos especiais, um feito completamente insano de imaginar.

E claro que você deve imaginar que a cena do teste é uma das mais aguardadas do filme, mas se você leu até aqui, saiba que nada, absolutamente nada pode ter preparado para o que é a construção de tensão para a grande cena, facilmente é uma das cenas mais lindas que eu já vi em um filme, daquelas que tiram nosso fôlego.

Oppenheimer é um dos melhores filmes que vi esse ano, é grandioso em tantos níveis, que certamente verei novamente no cinema, Nolan entrega uma obra prima que vai permanecer na mente daqueles que assistirem por muitos dias.

Nota
Geral
10.0
oppenheimerNão é só um filme, Oppenheimer é uma experiência sensorial, vale cada segundo.