Existem alguns caminhos que sequencias de filmes costumam tomar. O mais comum, utilizar de uma mesma formula de roteiro, mudando apenas o contexto, para dar continuidade (um grande exemplo é a franquia Toy Story que utiliza em todo filme a premissa de brinquedos perdidos tentando chegar em casa e/ou ao seu dono, e apesar da repetição, funciona, por mudar temática ou a forma que a jornada se desenrola).
Outra saída, é a de engrandecer ainda mais a história, os acontecimentos, deixando tudo mais épico e maior. E por fim, quando uma sequência é lançada muitos anos após o original, o mais comum é a obra apelar para a nostalgia, utilizando de referências e elementos que vão trazer ao publico certa familiaridade e resgate do que ja se era cultuado. Normalmente esses três tipos de abordagem são formas seguras de continuar a história, mas que acabam fazendo que ela não seja tão boa quanto o original, ou então sendo “mais do mesmo” e perda da originalidade e criatividade.
Gladiador 2, acaba que utilizando não apenas um desses elementos narrativos, mas sim os três: repetição de fórmula de roteiro, amplificação do escopo e utilização de nostalgia; para contar sua narrativa.
Mas sera que a utilização desses recursos, aplicados pela mão de um diretor renomado, e que é a cabeça por trás do original, consegue tornar a experiência válida e menos pedante em comparação a outros exemplos que fazem o mesmo? Felizmente, a resposta é sim. A experiente e singela visão do diretor Ridley Scott, que nos anos 2000, levou diversas indicações, incluindo o prêmio ganho de Oscar de Melhor filme para Gladiador; agora retorna para fazer a sequência do renomado longa, e consegue, apesar dos artifícios formulaicos, trazer um frescor para a franquia e um épico de ação histórico bem satisfatório.
A direção de Ridley Scott, consegue trazer cenas de ação ainda mais envolventes e estonteantes, alem de uma criatividade ainda maior para as batalhas de arena, alem de elas estarem em maior quantidade em relação ao antecessor. Esses momentos preenchem com maestria, e tornam a obra um verdadeiro espetáculo épico de ação e violência.
O enredo, apesar de repetir muitas batidas de roteiro presentes no original, consegue ser envolvente e interessante, trazendo a jornada de Lucius Verus II (Paul Mescal), que após os eventos do primeiro filme, se exila, por questões de perseguição política, e acaba crescendo distante de Roma. Cresce, se casa, e vira um soldado de guerra, ate que um dia é surpreendido por um ataque de romanos, liderado por Marcus Acacius (Pedro Pascal), na qual acaba perdendo sua esposa (também soldado) para a morte, e acaba se tornando um escravo nas mãos de Macrinus (Denzel Washington) que o torna um gladiador, a fins de conquistar a graça e confiança dos novos imperadores gêmeos de Roma.
Geta e Caracalla (Joseph Quinn e Fred Hechinger), vilões do filme que substituem a presença de Commudus; Lucius jura vingança à Acacius, pela morte de sua esposa, tudo isso enquanto ele e Lucilla (Connnie Nielsen) conspiram contra o Império, junto ao Senado, para estabelecer a República, tão sonhada por Marcus Aurellius.
Vale lembrar, que Russel Crowe, levou o Oscar de Melhor Ator pelo papel de Maximus em Gladiador (2000). O segundo longa não fica muito para trás em questão de atuação, uma vez que temos um elenco de peso e com excelentes interpretações. Entretanto, não da para dizer que existe um grande destaque de nível Oscar aqui, tal qual foi antes.
As questões políticas debatidas no filme original, aqui se mantém, não tendo nenhuma novidade temática em comparação.